Erotização precoce traz danos às crianças
Apesar de ser uma festa popular e contemplar importantes elementos culturais da nossa sociedade, o carnaval também pode trazer riscos às crianças. Quando expostas a atitudes, roupas, músicas e danças impróprias para a idade, elas podem ser vítimas de traumas causados pela erotização precoce. As consequências podem ser graves e resultar até mesmo em abusos e violência.
É preciso respeitar a fase em que os meninos e meninas se encontram e não pular etapas. “Temos que prezar pelas condições psíquicas, competências intelectuais e pelo desenvolvimento físico próprio da infância. Expor as crianças a experiências que elas não estão preparadas pode gerar traumas”, explica a psicóloga do Hospital Pequeno Príncipe, Daniela Prestes.
De acordo com a profissional, a sexualidade faz parte do desenvolvimento do ser humano. O problema está na erotização precoce. “O que ocorre é uma banalização da sexualidade e uma vulgarização das relações humanas. Quando os meninos e meninas estão sujeitos a condições que não estão de acordo com a sua faixa etária, a sexualidade é desviada para uma objetificação dos corpos, para o sensual, para o que excita”, aponta.
A criança não tem consciência dessa condição, mas pode ser influenciada por ela quando adulta. “Isso pode refletir na construção das emoções, nas relações afetivas e no estabelecimento de papéis dentro de uma casa, por exemplo”, destaca a especialista.
O papel dos pais, dos cuidadores e de toda a sociedade, nesses casos, é proteger os meninos e meninas. “Não devemos exagerar e impedir que eles escutem músicas com letras impróprias ou vejam coisas com as quais não estão preparados para lidar. Isso é inevitável. Mas temos o dever de não alimentar essas ações e dialogar com eles sobre o que viram e ouviram”, disse a psicóloga.
Preservar a saúde da criança e guardar seus direitos é lei, o cuidado integral dos meninos e meninas é um direito fundamental previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. “Seguindo esses princípios, teremos adultos mais bem formados e aptos para construir uma sociedade melhor’, afirma Daniela.