Você sabia que mais de 50% das crianças de até cinco anos são consideradas fumantes passivas?
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que uma em cada quatro crianças brasileiras estão expostas aos efeitos nocivos do cigarro dentro de casa. O índice para a faixa etária de até cinco anos é ainda pior: 50% delas são consideradas fumantes passivas. Com o objetivo de conscientizar a população para essa realidade tão alarmante e outras questões, em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Engana-se quem pensa que o fumante passivo só é contaminado quando está próximo de alguém que está fumando. Para evitar o contágio, são necessários vários cuidados. “Não adianta, por exemplo, os pais fumarem nas varandas ou lavanderias. Eles vão trazer consigo, na própria respiração, a nicotina e outros derivados do cigarro que podem provocar câncer e expor uma criança a isso também”, esclarece o pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Nilton Kiesel Filho.
De acordo com o especialista, alguns móveis também ficam impregnados de nicotina, situação que pode prejudicar os meninos e meninas. “Já é comprovado cientificamente que a nicotina passa por transformações químicas e pode ser absorvida até mesmo pela pele da criança. Ou seja, elas não precisam nem levar as mãos à boca para serem contaminadas”, destaca. O ideal, reitera o médico, é que, ao fumar, a pessoa esteja a pelo menos 50 metros de casa, permaneça fora dela durante duas horas sem consumir cigarro e, ao voltar, tome um banho e troque de roupa.
Riscos
Os perigos do cigarro começam ainda na gravidez. A gestante que fuma tem 70% de chances a mais de ter um aborto espontâneo e o risco de dar a luz antes da hora é 40% maior. As chances de terem filhos com déficit de aprendizado e cognitivo também crescem significativamente. Além disso, aumenta o risco de morte súbita e a probabilidade dos filhos contraírem doenças respiratórias.
Outras consequências às crianças e adolescentes são a perda da capacidade auditiva, a tendência à agressividade e isolamento social, além do aumento da probabilidade de adquirir doenças do coração, diabetes, colesterol alto e hipertensão .
Adolescentes que fumam
O tabagismo é uma doença juvenil. A maioria dos fumantes iniciou o hábito na pré-adolescência ou adolescência. “Existem três fatores que contribuem para isso. O primeiro é, com certeza, a influência em casa, o estilo de vida das pessoas que cercam os adolescentes. O segundo é a necessidade de autoafirmação, muito presente nessa idade. Além disso, alguns jovens também sentem a necessidade de imitar pessoas famosas, por exemplo, e acabam adquirindo o hábito de fumar”, aponta o médico.