Maria Nilcely Muxfeldt Gloss: carrega consigo o jeito de “Ser e Fazer Pequeno Príncipe”

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Maria Nilcely Muxfeldt Gloss: carrega consigo o jeito de “Ser e Fazer Pequeno Príncipe”

“Como diria Rubem Alves, eu encontrei no Hospital Pequeno Príncipe a escola que sempre sonhei e que nunca imaginei que pudesse existir.”
20/02/2020
Maria Nilcely Muxfeldt Gloss
A coordenadora do Núcleo de Humanização do Hospital, Maria Nilcely Muxfeldt Gloss, se dedica em prol de crianças e adolescentes.

Diariamente, a coordenadora do Núcleo de Humanização do Hospital Pequeno Príncipe, Maria Nilcely Muxfeldt Gloss, se dedica em prol de crianças e adolescentes. A profissional encontrou no maior hospital pediátrico do país a escola que sempre sonhou e tem um grande carinho, amor e gratidão em fazer parte de uma instituição centenária que é construída por muitas mãos.

“Como diria Rubem Alves, eu encontrei no Hospital Pequeno Príncipe a escola que sempre sonhei e que nunca imaginei que pudesse existir.”

Uma instituição que faz a diferença

“Eu já trabalhava na área da educação há muito tempo, e tinha uma pessoa que sempre me ouvia falar sobre isso, o Zé Pacheco. Ele comentava que eu precisava ver o que acontecia debaixo do meu nariz, porque eu morava a quatro quadras aqui do Hospital. Então, vim aqui para conhecer a instituição e na mesma hora senti muito afeto. Quando conversei com Ety, o Cláudio e conheci um pouco o setor de Educação e Cultura, eu não tive mais vontade de sair do Pequeno Príncipe. Neste dia, o Cláudio me convidou para integrar o meu trabalho ao do Hospital. Na época, o Educ já tinha sido criado e eu fiquei para continuar a sistematização desse lindo projeto. É incrível ver as coisas acontecendo aqui e essa criançada com vontade de aprender. Como diria Rubem Alves, eu encontrei no Hospital Pequeno Príncipe a escola que sempre sonhei e que nunca imaginei que pudesse existir.”

O Núcleo de Humanização

“Nós buscamos fazer o encontro de pessoas, processos e protocolos. Nestes meus 14 anos de Hospital Pequeno Príncipe, todas as pessoas que conheci querem fazer seu trabalho muito bem feito e fazem. Hoje, no Núcleo de Humanização, buscamos implantar ações que saíram das rodas, olhamos para as demandas que vêm de outros setores para conversas e treinamentos. Dentre eles, temos o projeto ‘Primeiríssima Infância’, o Serviço de Acolhimento ao Óbito e o Serviço de Acolhimento Espiritual e outras iniciativas.”

Pequenas atitudes que transformam

“Uma das histórias marcantes nesses 14 anos foi a do João. Ele é um paciente que veio de Rondônia e não conhecia o mar, então o levamos para conhecer uma partezinha do oceano. Chegando lá, ele colocou a água salgada em uma garrafinha e levou para sua casa para mostrar a todos que a água do mar é realmente salgada. Teve um outro paciente também, que eu dava aula na cardiologia, e ele era de uma comunidade que plantava fumo, era crescido no interior. Certo dia, fomos fazer uma atividade em frente ao prédio do César Pernetta – ele já estava há muito tempo internado – e, discretamente, tirou o seu chinelinho e ficou passando seu pezinho pela areia. No dia em que recebeu alta, esse paciente falou que aqui no Pequeno Príncipe descobriu que poderia ser o que ele quisesse. É lindo ver que o aprendizado não fica só aqui dentro, as pessoas levam essa experiência paro o mundo.”

O Serviço de Acolhimento ao Óbito

“A primeira criança com quem trabalhei aqui foi a Suelen. Ela era uma adolescente que foi cuidada a vida inteira pelo Pequeno Príncipe. Aos 17 anos, estava no processo de alfabetização e a professora que a acompanhava foi a profissional que eu acompanhei para poder entender como era o ‘fazer educativo’ dentro do Hospital. Quando a Suelen faleceu, por volta de 17h, a mãe havia acabado de sair da visita e ir para casa. E como avisar a mãe? O telefone tocava e ela não atendia. Eu lembro que eu liguei para todos os mecanismos sociais de Mandirituba, que era onde elas moravam, para tentar encontrar a mãe. Enfim, depois de várias tentativas, conseguimos contato. Falei sobre isso com a direção e assim, em 2009, estruturamos o Serviço de Acolhimento ao Óbito.”

As Rodas de Humanização

“Já faziam três anos que eu trabalhava aqui e andava por todos os lugares da instituição. Como sempre gostei de ouvir as pessoas, fiz uma proposta de rodas de conversa e, em 2009, começamos com as Rodas de Humanização. Todos os meses conversávamos 1h com cada setor para entender os seus processos. Fizemos 76 encontros e, em seguida, iniciamos uma nova rodada de conversas. A partir deste trabalho surgiram ações e propostas para melhorar cada vez mais os ambientes de trabalho. Depois disso, focamos em sensibilizar as lideranças para a importância da humanização, que foi quando nasceu o projeto ‘Acordar-te’ e o Núcleo de Humanização começou a ganhar ainda mais forma. Um tempo depois surgiu o ‘Café com Histórias’, que era uma vontade dos colaboradores de um espaço mais informal de encontro e compartilhamento. E, assim, muitos outros projetos foram nascendo como o de ‘Valorização por Tempo de Trabalho’, o ‘Primeiríssima Infância’ e o ‘Código de Conduta’.”

O jeito de ‘ser e fazer Pequeno Príncipe’

“O Hospital é daqueles lugares que esquentam o coração. É um trabalho de muitas pessoas. É o SUS que é fantástico, mas que aqui dentro ele é espetacular. Ouvimos depoimentos que a gente para e fala: ‘é pra isso que eu deixo minha filha em casa e venho trabalhar’. Aqui as pessoas se colocam no lugar do cuidado de si e do outro. O Pequeno Príncipe não é parede, é pessoa, pode tirar o prédio que ele vai continuar existindo e fazendo a diferença na vida de tantas pessoas. Independentemente do dia e horário que você vier na instituição, você encontra coisas incríveis acontecendo. O trabalho de todos faz o Pequeno Príncipe ser o que é.”

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