Acompanhe os conteúdos também nas redes sociais do Pequeno Príncipe e fique por dentro de informações de qualidade – Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e YouTube.
Evando Aguila Góis: quando o acaso se transforma em missão
A história de Evando Aguila Góis na medicina começou quando decidiu seguir os passos de familiares que haviam se destacado nessa profissão. Embora inicialmente tenha sido direcionado para outras áreas, sua carreira tomou um rumo inesperado durante a faculdade, quando foi selecionado por sorteio para fazer um estágio na ortopedia – uma especialidade que se revelou apaixonante para ele. Ao longo de 25 anos atuando no Hospital Pequeno Príncipe, o ortopedista pediátrico encontrou não apenas uma carreira, mas uma segunda casa. Seu orgulho em pertencer a uma equipe respeitada e admirada transcende as paredes da instituição, tornando-se parte integrante de sua identidade profissional e pessoal.
O destino na ortopedia
“Sou de uma cidadezinha no Oeste do estado do Paraná chamada Luanda. Naquela época, pensava em fazer agronomia, pois meu pai é pecuarista. Minha ideia era sempre voltar para o campo. Porém, o meu teste vocacional nunca dava para exatas, e sim humanas e biológicas. Como tenho alguns familiares médicos, no fim decidi fazer medicina e, em 1989, passei na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e me mudei para Curitiba. Tenho uma história interessante com a ortopedia. Ninguém queria passar pelo estágio na área, pois era uma das mais pesadas que existia, em termos de cobrança de trabalho, esforço físico e mental. Nesse momento, foi feito um sorteio para ver quem seriam os três alunos que passariam pela especialidade – e fui um dos sorteados. Até então eu pensava em fazer cirurgia geral, mas me encantei pela ortopedia. Fui tão acolhido pela turma que decidi seguir nesta profissão no décimo período, último ano da faculdade.”
Encantamento pela pediatria
“Passei na residência do Hospital das Clínicas, onde comecei a acompanhar vários profissionais de todas as áreas de atuação – coluna, quadril, perna e pé. E, desde o início, logo na primeira vez que eu passei pela ortopedia pediátrica, senti que era diferente. Acredito que a conduta dos profissionais ali é que fazia tudo ser mais especial, mais humanizado. Naquela época, falávamos muito em humanidade, mesmo antes de isso ser um objetivo a ser perseguido por todas as instituições que atuam com pessoas. Acredito que são duas fases que a gente tem mais necessidade de ser acolhido e ser cuidado – a infância e a velhice. E a vontade de atuar na pediatria vem dessa vontade de cuidar, de proteger… Assim como os idosos, as crianças estão sujeitas ao seu próprio cuidado. E, por isso, temos a tendência de acolher melhor nessas duas fases.”
A chegada ao Pequeno Príncipe
“Recordo que conheci alguns médicos que atuavam no Pequeno Príncipe durante a minha residência e aproveitei para ter um contato com o Hospital em 1995. Era sábado de manhã, e passávamos visitas em leitos de todos os pacientes que estivessem internados. Aprendi muito. Desde o início, o que mais me chamou a atenção foi a questão da humanização, e percebia que isso acontecia no Hospital como um todo. Assim, decidi que faria ortopedia pediátrica e, em 1998, comecei meu quarto ano de residência, o R4, no Pequeno Príncipe. Porém, fui convocado a servir nas Forças Armadas e retomei os estudos aqui apenas em 1999. Ao fim da residência no Pequeno Príncipe, fui convidado pelo responsável do Serviço de Ortopedia Pediátrica a permanecer e aceitar um desafio: atuar com traumas esportivos. Então me especializei em traumatologia desportiva em adultos. E, em 2001, fiz a mesma especialização só que na área pediátrica, em Atlanta. Desde então, atuo no Pequeno Príncipe como um ortopedista pediátrico, em doenças e traumas esportivos.”
Histórias inesperadas
“Na minha infância, meu pai era pecuarista, e durante a década de 70 houve um aumento significativo de terras do governo militar, com o objetivo de colorir o Norte do país. Muitas pessoas do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina migraram para o Norte para desbravar as florestas. Nossa família seguiu o mesmo caminho, deixando Luanda para viver em Rondônia. Cresci em uma fazenda de café isolada, longe do município. Uma das lembranças marcantes é a construção da ‘tula’, onde, aos 6 anos de idade, insisti em subir com os adultos para uma foto, mesmo estando apenas em um cavalete. Voltando aos meus atendimentos no Pequeno Príncipe, certa vez, uma mulher com uma criança chorando procurou ajuda ortopédica. Após examinar a criança, constatei uma luxação no quadril e realizei a cirurgia. Mais tarde, descobri que o pai da criança havia trabalhado para minha família em Rondônia, estabelecendo um vínculo inesperado. Essa história exemplifica as mudanças e conexões que ocorrem ao longo da vida, mesmo em uma distância de dois mil quilômetros.”
“O Hospital se tornou quase uma segunda casa para mim ao longo dos meus 53 anos de vida. Não é apenas um vínculo de trabalho, mas também afetivo. Conheci muitas pessoas aqui, vivi várias histórias e fases da vida.”
Orgulho e amor em pertencer
“Gosto das pessoas, de conversar e fazer amigos, algo que acontece frequentemente na minha profissão. O Hospital se tornou quase uma segunda casa para mim ao longo dos meus 53 anos de vida. Não é apenas um vínculo de trabalho, mas também afetivo. Conheci muitas pessoas aqui, vivi várias histórias e fases da vida. Minha esposa faz parte do corpo clínico de anestesiologia pediátrica e minha filha já foi atendida aqui mais de uma vez, o que fortalece ainda mais meu vínculo com este lugar. Às vezes, sinto que minha trajetória de vida se confunde um pouco com a própria história do Hospital. Em eventos e congressos, sou reconhecido como parte da equipe do Pequeno Príncipe. Sinto um grande orgulho em pertencer! Sei que é um grupo de profissionais muito bem conceituado e admirado em todo o Brasil e até mesmo fora do país.”
- Veja também – Mais histórias inspiradoras como a de Evando Aguila Góis