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Dayane Córdova: dos ringues à batalha pela saúde de pacientes
A trajetória de Dayane Córdova até o Hospital Pequeno Príncipe foi marcada pelo acaso, como se o destino tivesse guiado seus passos para a missão de cuidar de crianças e adolescentes. A Day – como é carinhosamente chamada pelos pacientes, familiares e colegas – é uma lutadora tanto na vida pessoal quanto profissional. De um lado, ela treina e se dedica ao kickboxing. Do outro, enfrenta uma batalha constante pela vida dos meninos e meninas que atende no Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO). Desde que iniciou sua jornada na instituição, em 2011, a técnica de enfermagem cuida com amor, dedicação e diversão, e também encontra inspiração em cada pequena vitória e desafio superado.
O destino
“Não tinha muita noção de que carreira seguir até que minha filha nasceu prematura e precisou ficar internada por uns dias em um hospital de Curitiba. Olhar em volta e perceber todo o cuidado me despertou interesse pela área de enfermagem. Então, fui fazer um curso técnico em enfermagem e, ao finalizar, fui atrás de oportunidades em agências de emprego. O que eu não imaginava é que o destino me levaria até o Hospital Pequeno Príncipe. Um lugar que eu já tinha passado quando tinha uns 5 anos, e minha irmã, que também nasceu prematura, foi atendida – e, infelizmente, faleceu. Foi aqui o primeiro lugar que me encaminharam e minha primeira vaga de emprego na área. Quando cheguei, pensei ‘era tudo que eu queria, um hospital de crianças’. Cheguei em 13 de agosto de 2011 e estou aqui desde então!”
Amor à primeira vista
“Comecei minha jornada no Posto 21, mas fiquei uma semaninha apenas e já fui para o Posto 52, no qual fiquei por cinco anos. Até que precisei cobrir férias no Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) e foi amor à primeira vista. Descobri que queria ficar lá. Fiquei um ano nessa transição até que mudei totalmente para o TMO. As enfermeiras, médicas e demais profissionais ali são uma verdadeira inspiração para mim. São várias pessoas que passaram pela minha trajetória e me ensinaram tanto. E o amor que temos pelas crianças, que ficam muito tempo com a gente, faz com que nos apeguemos. Todo mundo se ajuda e está sempre em comunicação. E esse trabalho em conjunto, assim, faz também diferença. É algo que inspira muito.”
Marca registrada
“Tem uma história muito especial, que marcou e se tornou minha marca registrada, de certa forma. Entrei no quarto de um paciente, do Serviço de Oncologia e Hematologia, que pediu para eu pintar o meu cabelo de rosa. E pintei! Desde então, sempre tenho cabelo colorido. Além disso, sou a cabeleireira oficial e corto os cabelos das crianças. Temos todo um processo, fazemos o moicano antes – quando querem deixar igual ao meu – para registrarmos esse momento juntos e, na sequência, cortamos tudo. E as crianças já falam ‘quero pintar o cabeço igual o seu, tia Day’. Hoje vejo que é algo que as pessoas comentam até na integração de colaboradores, pois me usam como referência em alguns momentos, por ter cabelo colorido, tatuagem, e ser aceita e respeitada da forma que sou. A diversidade é algo que considero como evolução.”
Momentos especiais
“Várias histórias me inspiram muito. Em 2023, fui ao show do Coldplay com duas pacientes que cuidei no TMO – a Elô e a Lara, que, infelizmente, faleceu esse ano. Mas estar com elas naquele momento, que estavam tão bem e felizes, foi muito marcante. E ficará para sempre marcado no meu coração. Não tem como não se apegar, de certa forma, a essas histórias que cruzam com a nossa. Tem pessoas que conheci e tenho contato até hoje, pois fazem parte da nossa vida.”
Sinceridade da infância
“É muito especial e diferente trabalhar com crianças, pois elas são muito sinceras. E quando entro no quarto, e elas falam que não estão bem, eu penso em fazer alguma coisa para melhorar isso. Seja chamar a psicologia ou alguma professora, ou então fazer algum tipo de brincadeira com elas. Teve um dia que fizemos máscaras com personagens infantis para deixar o João Gustavo mais feliz. Nesse sentido, vemos as particularidades de cada criança. Outro caso recente foi a Sylvia. No início, ela não falava muito com a equipe, e respeitamos isso. Até que descobri que ela também praticava esportes, como eu, e puxei assunto e já criou um vínculo. No dia da alta, dançamos com ela a música do Bruno Mars e foi muito especial.”
Para além do hospital
“Não consigo fazer só uma coisa. Eu gosto de trabalhar com as crianças e eu gosto de treinar. Sou atleta de kickboxing, que é um tipo de luta semelhante ao muay thai, porém não usa o cotovelo, somente soco e chute. Então, minha rotina é basicamente um dia no Pequeno Príncipe e outro com treinos três vezes ao dia. É bem intenso, mas eu amo! E sempre busco levar a questão de ser doador de medula óssea e de sangue para as competições que participo. Divulgo essa causa fora do Hospital!”
“Estar aqui é uma realização na minha vida. É saber que estou em um lugar que simplesmente era para eu estar. É como se fosse o meu destino!”
Batalha pela vida
“A maior gratidão é conseguir cuidar dos pacientes e ver eles saírem bem, mas quando eles não saem você pensa ‘fiz o meu melhor e eu deixei essa marca no coração deles’. Acho que é isso que me inspira a continuar, sabe? De certa forma, estou fazendo a diferença na vida de alguém. Estar aqui é uma realização na minha vida. É saber que estou em um lugar que simplesmente era para eu estar. É como se fosse o meu destino!”
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