Ana Paula Kuczynski Pedro Bom: uma jornada de amor na oncologia pediátrica

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Ana Paula Kuczynski Pedro Bom: uma jornada de amor na oncologia pediátrica

"Considero o Serviço de Oncologia e Hematologia o real significado do amor verdadeiro. Sinto isso por meio do carinho que eu recebo todos os dias."
27/11/2023
Ana Paula Pedro Bom
Ana Paula Kuczynski Pedro Bom foi uma das primeiras médicas a integrar o pioneiro Serviço de Oncologia e Hematologia do Hospital Pequeno Príncipe.

A oncologista pediátrica Ana Paula Kuczynski Pedro Bom escolheu a medicina inspirada pelo desejo intrínseco de ajudar as pessoas. Originária de Canoinhas, Santa Catarina, ela se mudou para Curitiba aos 5 anos. Por meio de uma bolsa de estudos, ingressou na Medicina e foi em um estágio no Hospital Pequeno Príncipe que sua paixão pela pediatria floresceu. Ana Paula foi uma das primeiras médicas a integrar o pioneiro Serviço de Oncologia e Hematologia, que considera um “amor verdadeiro” e ao qual se dedica há 36 anos. Ao longo de sua trajetória, a médica testemunhou não apenas os desafios e avanços da oncologia pediátrica, mas também os inúmeros casos de superação, cura e, principalmente, cuidado integral de milhares de crianças e adolescentes. Na rotina diária, leva consigo o lema “fé, coragem e quimioterapia”.

A escolha da medicina

“Nasci em Santa Catarina, Canoinhas, e vim para Curitiba quando eu tinha 5 anos. Com 17 anos prestei vestibular para Medicina e passei na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com uma bolsa de estudos. Ainda no primeiro ano, um professor me perguntou: ‘Por que você resolveu fazer medicina?’. Respondi para ele: ‘Porque é uma maneira de eu poder ajudar as pessoas.’ Hoje vejo que nem sempre conseguimos curar um paciente, mas sempre podemos acolher, ajudar e proporcionar conforto – e isso é extremamente importante.”

A chegada ao Pequeno Príncipe

“Por ser aluna da PUCPR, tinha algumas aulas teóricas no então Hospital César Pernetta, com o médico Plínio, um pediatra muito renomado, e foi aí que surgiu meu interesse maior pela pediatria. No último ano da faculdade, além do internato, comecei a fazer estágio no Hospital Pequeno Príncipe uma vez por semana. No meu primeiro plantão, o cardiologista renomado Julian falou: ‘Vem cá, eu vou te ensinar a reanimar uma criança.’ Eu falei: ‘Nossa, já no meu primeiro plantão?’ Foi inesquecível. Ser tão bem acolhida e já ter um aprendizado desse foi muito importante para mim e me marcou. Decidi, então, fazer a residência em pediatria aqui no Hospital mesmo, em 1986.”

A trajetória na oncologia pediátrica

“Sou uma pessoa muito privilegiada, porque quando eu comecei no Pequeno Príncipe aprendi com grandes e renomados especialistas da área de hemato-oncologia, como o hematologista Eurípides e a oncologista Flora, que me acolheram tão bem no Serviço de Oncologia e Hematologia. Na época que entrei pensei: ‘Será que eu vou dar conta?’ Mas sempre tive o apoio deles, que acreditaram muito em mim. E, a cada novo dia, me encantei mais com as crianças. Ao decorrer dos anos, pude ver a evolução dos tratamentos. As leucemias, por exemplo, que são os tipos de cânceres mais comuns, tinham em torno de 50% a 55% de cura. Hoje, quase 80%.”

O amor pela pediatria

“São muitos fatos marcantes, muitas histórias, muitas crianças. Para mim, o mais especial nas crianças é que transmitem muito amor, um amor verdadeiro. Além disso, elas são muito especiais, têm muita força e determinação. São muitas histórias de crianças que venceram o câncer, que ficaram curadas e, felizmente, posso ver tendo filhos e conquistando sonhos. E há crianças também que marcam pelo sofrimento, mas que ensinam muito. Quando os casos são graves, fazemos tudo o que for possível para que essa criança fique curada. Para isso, estudamos e buscamos muito aperfeiçoamento.”

As histórias de coragem e fé

“Tem uma história que me marcou muito, considero um milagre. Há sete anos, uma criança chegou com uma lesão que não parecia ser muito grave. Porém, o quadro evoluiu para vários locais – ossos, fígado, baço, pâncreas. Ela teve inúmeras paradas cardiorrespiratórias, e tivemos o diagnóstico de um câncer raríssimo, que foi o primeiro caso no Hospital; chama-se histiocitose maligna. Resumindo, ela ficou nove meses na UTI e, ao final do tratamento, todas as lesões desapareceram. Achávamos que ela ficaria com sequelas, porém, hoje, aos 7 anos, ela está linda e sem nenhuma sequela – tem o cognitivo normal, frequenta escola, faz balé, canta, enfim, um milagre mesmo. A família também é espetacular, sempre presente e envolvida com o tratamento. Isso me faz lembrar de uma frase que sempre falo para os residentes, profissionais e famílias: ‘Fé, coragem e quimioterapia.’ A gente tem que sempre ir em frente, ter muita fé e coragem também, juntamente com os nossos pacientes, porque eles nos dão também esse suporte.”

“Considero o Serviço de Oncologia e Hematologia o real significado do amor verdadeiro. Sinto isso por meio do carinho que eu recebo todos os dias.”

A alegria em pertencer

“Considero o Pequeno Príncipe uma segunda casa, ou talvez paralela até a nossa casa – e das crianças também. Ontem mesmo teve uma paciente, com 12 anos, que me chamou muito a atenção, pois comentou que o Hospital agora é o shopping dela. Isso porque ela não vai poder frequentar muitos locais em função do tratamento. Então, vemos como esse é um ambiente bastante acolhedor mesmo. Considero o Serviço de Oncologia e Hematologia o real significado do amor verdadeiro. Sinto isso por meio do carinho que eu recebo todos os dias. Já me perguntaram: ‘Ana, você não faz terapia? Porque essa é uma especialidade difícil, né?’ E, no decorrer dos anos, eu refleti muito e cheguei à conclusão que a minha terapia é o contato com as crianças.”

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