Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha: a licença poética de ser criança na ortopedia pediátrica

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Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha: a licença poética de ser criança na ortopedia pediátrica

“Na pediatria, amo, principalmente, a pureza da vontade de ficar bom logo. A gente faz o tratamento, mas essa melhora clínica vem da vontade de voltar a brincar, essa pureza.”
16/12/2025
Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha
A ortopedista pediátrica Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha ingressou como residente. (Foto: Complexo Pequeno Príncipe/Luiza Yasumoto)

O Hospital Pequeno Príncipe faz parte da vida de Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha desde muito cedo. Ainda na infância, o hospital tornou-se um lugar familiar, muito antes de transformar-se em espaço de trabalho. Filha de ortopedista pediátrico, cresceu em contato com a prática médica, mas foi ao longo da própria trajetória que encontrou seu caminho na ortopedia pediátrica. Ingressou no Pequeno Príncipe em 2008, ainda como residente, e desde então consolidou sua atuação, marcada pelo amor à infância e por vínculos que se estendem ao longo da vida de crianças e famílias.

O hospital que se tornou lar

“O Hospital Pequeno Príncipe é o meu lar. Me sinto muito bem aqui. Tenho convivência com todo mundo. Chego e me sinto em casa mesmo, sério. Esse lugar me deixa muito feliz. Sempre quis ser médica. Durante a faculdade, até gostei de outras áreas — me interessei bastante na psiquiatria, na ginecologia —, mas quando passei pelo internato de ortopedia já sabia que queria ser ortopedista. E com certeza seria pediátrica. Me formei na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2004 e, em 2008, fiz a residência no Hospital Pequeno Príncipe. Depois, ingressei no corpo clínico.”

“O Hospital Pequeno Príncipe é meu lar. Chego e me sinto em casa.”

Entre exemplos que inspiram

“Claro, meu pai [Luiz Antonio Munhoz da Cunha] é meu ídolo. Acho ele o melhor ortopedista pediátrico do mundo. Mas a inspiração vem de toda a equipe, a gente se ajuda muito. A médica Dulce Helena Grimm me ensinou muita coisa. Eu a conheço desde pequena, ela trabalhava com o meu pai desde sempre, mas a maior convivência foi aqui.  É uma inspiração.  A Alana, paciente que está hoje no ambulatório, eu conheço desde que eu era R4. Ela era paciente da doutora Dulce, depois do meu pai. Agora é, também, minha paciente.”

A certeza da ortopedia pediátrica

“No começo, fazia bastante plantão. Muitos ambulatórios, triagem. Então, em 2010, fiz meu fellow nos Estados Unidos, fiquei um ano. Quando voltei, fiquei no ambulatório e no centro cirúrgico. Quarta-feira é, desde sempre, o ambulatório mais lotado, que era o dia do plantão do pai. Ele ainda vem de tarde, mas hoje em dia quem fica lá sou eu. Esses dias estava falando com meus amigos… Perguntaram se eu faria de novo medicina e seguiria a profissão. Vários falaram que não. Eu falei: ‘Ah, eu faria, com certeza.’ Adoro mesmo. Gosto do que faço, gosto de estar ali..”

Uma ponte entre gerações na ortopedia

“Me vejo, talvez, como uma ponte entre os ortopedistas mais novos e os mais velhos aqui. Tenho bastante contato com os residentes e também com os mais antigos, como estou aqui há bastante tempo. Aqui na ortopedia, escutamos uns aos outros, pedimos ajuda, conselhos. E a gente planeja muito junto. Esses dias, estava eu planejando a cirurgia no tablet, e meu pai, como antigamente, na tesoura, cortando o raio-X. Cada um na sua geração.”

Quando a maturidade encontra a vulnerabilidade

“No começo, você é meio insegura. Acho que com a maturidade, com a experiência, você conquista a confiança naquilo que você faz. Sendo filha de um ortopedista pediátrico como o meu pai, a comparação é muito alta. Sei que nunca vou ser igual a ele, também não quero ser igual. Temos vantagens, desvantagens, características diferentes. Depois dos 40, estou me descobrindo, com certeza. Acho que a maturidade ajuda a ter muito mais segurança, autoconfiança… permite confiar mesmo no próprio conhecimento, seguro de que você realmente é bom profissional, é bom no que faz.”

Histórias que crescem com os pacientes

“Na ortopedia, os pacientes vêm a vida toda. Então, já chego ali na quarta-feira, vou encontrando cada um, me sinto em casa mesmo. Tenho um carinho enorme por cada um. Uma história que me marcou e eu amo é do Lucas, que atendi desde bebê. Ele e o irmão eram gêmeos, mas só o Lucas tinha o pé torto e algumas alterações nos ossos. Quando os conheci, eles moravam em um lar. Nessa trajetória, o Lucas foi adotado por uma família muito legal. Meu filho tinha acabado de nascer, ele tem a mesma idade. Hoje, eles estão comigo no consultório. É muito especial. Ele é maravilhoso, e a família também.”

Maternidade como aprendizado

“Quem eu sou? Sou mãe de dois meninos que me deixam louca [risos]. E a maternidade me tornou uma ortopedista bem melhor para as crianças. Quando você é mãe, você entende não só as outras mães, mas também entende melhor as crianças. Então, eu acho que isso me tornou uma médica mais sensível, me deu muita paciência. Aprendi a lidar com as adversidades do mundo do plantão. Agora, com os meus filhos um pouco mais velhos, tenho praticado mais atividade física, até para estimular eles a fazer também.  Praticamos paddle, tenho feito ioga, que me ajuda a respirar com consciência. Em uma cirurgia, por exemplo, o respirar e o concentrar só naquilo me ajuda muito.”

“A maternidade me tornou uma médica bem melhor.”

A licença poética de ser criança

“Na pediatria, amo, principalmente, a pureza da vontade de ficar bom logo. Eles que fazem nosso trabalho, né? A gente faz o tratamento, mas essa melhora clínica vem dessa vontade de brincar logo, de ficar bem… Acho que é isso. Aqui no Pequeno Príncipe, a gente tem a licença poética de ser criança também e compartilhar dessa pureza. Gosto dessa coisa mais lúdica. Me sinto criança mesmo e acredito que isso faz de nós pessoas melhores.”

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