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Terceiro dia do Criança 2025 integra ciência, prática clínica e humanização

No terceiro dia, o Criança 2025 segue com uma imersão nos desafios e avanços da saúde da criança e do adolescente. A programação científica robusta inclui palestras, simpósios, conferências e mesas-redondas com especialistas de renome nacional e internacional. Tudo isso com um olhar atento à prática clínica, à atualização de condutas e à humanização do cuidado. Com mais de 3 mil participantes, o evento se consolida como um dos mais relevantes do país na área da saúde pediátrica.
“Para nós do Pequeno Príncipe, cuidado de excelência é um binômio que une rigor técnico-científico e solidariedade. Todas as questões de conhecimento, melhores práticas, comunicação assertiva e, sobretudo, a valorização de sentir o outro e perceber suas necessidades fazem parte desse olhar integral. Sempre trazemos a perspectiva de um humano cuidando de outro humano, para além do que a técnica exige”, afirmou a diretora-executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro.
A mestre em educação das ciências da saúde, Lia da Silveira, também expressou sua admiração pelo evento. “Fiquei profundamente impactada com o tamanho deste congresso e com a beleza deste encontro”, declarou a palestrante, que veio do Rio de Janeiro. Nesse sentido, o evento representa mais do que uma atualização científica. É a união de milhares de profissionais em torno do propósito de transformar o presente para garantir um futuro mais saudável aos meninos e meninas.
Veja alguns destaques do terceiro dia do Criança 2025
Humanização do atendimento
O módulo de bioética e humanização teve como tema principal a comunicação, reconhecida como base da medicina para a humanização do atendimento. A discussão priorizou a importância de ser ético e humanizar a relação médico-paciente, especialmente em um tempo em que a conexão humana se faz tão necessária. O cardiologista José Knopholz ressaltou que “a medicina é uma história de vozes. Se você não escutar o seu paciente que está sentado na cadeira à sua frente, você não vai ter nada”. O médico é um role model — em todas as suas ações, inspira — e isso permite que o paciente encontre no profissional um espaço de escuta e acolhimento.
Comunicação de notícias difíceis
A mesa “Apresentação de caso clínico via simulação realística: comunicação de notícias difíceis”, conduzida por Homero Luis de Aquino Palma, Luann Vianna e Jociane Casellas, proporcionou uma vivência imersiva e interdisciplinar. A atividade utilizou atores profissionais para simular a comunicação da morte de uma criança em cuidados paliativos, permitindo que os participantes experimentassem a complexidade emocional envolvida. Com metodologia ativa e debriefing coletivo, a proposta reforçou a importância da escuta, da empatia e da criação de um ambiente de confiança. “A simulação permite errar com segurança e aprender com humanidade”, destacou Vianna.
Perspectivas sobre gênero e diversidade
O atendimento à criança e ao adolescente e as diversidades também estiveram em destaque. Um tema muito importante em um momento de desafios contemporâneos, como as ofensivas às perspectivas de gênero e diversidade sexual. “A atenção à saúde precisa ser centrada na escuta, no acolhimento. Precisamos combater as fake news e promover a conscientização sobre esses temas”, pontuou o psiquiatra Camillo Miranda Lima. “Gênero não é uma questão médica. São pessoas que estão sofrendo. Se eu não souber o que fazer, posso ouvir, acolher e proporcionar um ambiente seguro para essas crianças e adolescentes”, acrescentou.
Direitos da criança e do adolescente
O tema da garantia de direitos da criança e do adolescente, que permeia a história centenária do Pequeno Príncipe, foi mediado pela diretora-executiva Ety Cristina. O momento reuniu duas palestrantes com reconhecida atuação na promoção da saúde e na defesa de políticas públicas voltadas à infância e juventude: Aline Albuquerque Oliveira, professora de Bioética na Universidade de Brasília, advogada da União e diretora do Instituto Brasileiro de Direito do Paciente, e Thelma Alves Oliveira, assessora da direção do Hospital Pequeno Príncipe e ex-secretária estadual da Criança e Juventude. O encontro reforçou a importância do compromisso social no enfrentamento das desigualdades que ainda impactam profundamente a vida de crianças e adolescentes no país.
Saúde mental na infância
A saúde mental foi um dos destaques da programação do submódulo de neurologia e doenças raras. As aulas abordaram o transtorno ansioso na infância, o transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade (TDAH) e o transtorno do espectro autista (TEA), com o que há de mais recente sobre esses assuntos e que se tornaram o “novo comum” na pediatria. O neurologista da infância e da adolescência Marco Antonio Arruda fez um panorama a respeito dos sinais de alerta do TEA na Primeira Infância. “O desafio é que não temos um marcador biológico ou um exame que nos dê um diagnóstico. Esse diagnóstico é feito por avaliação essencialmente clínica, sendo que não podemos considerar apenas um sinal isolado”, ponderou o membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Como melhorar o sono das crianças
Os benefícios do sono são diversos para as crianças, e também foram destaque no submódulo de neurologia e doenças raras. Um sono de qualidade contribui para o crescimento dos meninos e meninas, por exemplo. Já uma noite de sono ruim afeta o equilíbrio emocional (podendo deixar a criança irritada) e a memória. “O sono deveria ser um sinal vital pediátrico, como o peso e a altura. Precisamos enxergar as questões do sono de uma forma mais ampla, multidimensional, e usar isso durante a avaliação de cada caso”, ressaltou a neuropediatra e especialista em Medicina do Sono, Leticia Soster, que atua no Hospital Albert Einstein. Segundo a médica, até 40% das crianças apresentam distúrbios de sono.
Dificuldades de aprendizagem
Ainda no submódulo de neurologia e doenças raras, a neuropediatra Claudia Machado Siqueira abordou as diferenças entre dificuldades e transtornos de aprendizagem, destacando a importância do olhar clínico apurado no atendimento pediátrico. A especialista alertou para o impacto da pandemia na educação e a urgência de se considerar fatores sociais e históricos na avaliação do desempenho escolar. “É essencial não medicalizar o que é, muitas vezes, um reflexo de desigualdade e falta de acesso”, pontuou. A mesa foi coordenada pela neuropediatra Marilis Tissot Lara, do Hospital Pequeno Príncipe.
Dor de cabeça em crianças
A cefaleia na infância foi tema na mesa-redonda conduzida pela neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe, Elisabete Coelho Auersvald. Ela ressaltou a importância da capacitação do pediatra para atuar com resolutividade no diagnóstico e tratamento da condição. Segundo a médica, a dor de cabeça em crianças tem impacto direto no desempenho escolar, na qualidade de vida e no bem-estar emocional. Ela reforça que uma avaliação clínica cuidadosa é essencial, já que “aproximadamente 80% do diagnóstico é feito olhando ou conversando com o paciente”. Elisabete destacou ainda que a prevalência de cefaleia no consultório pediátrico é alta e que o primeiro diagnóstico geralmente é feito pelo pediatra. “O pediatra é o primeiro investigador da doença. Para isso, ele precisa estar habilitado, ter confiança e um alto nível resolutivo, além de estar atento aos sinais de alerta que indicam a necessidade de encaminhamento ao neurologista”, concluiu.
Inteligência artificial e inovação de coleta de genes
Avanços tecnológicos têm contribuído para o diagnóstico dos erros inatos da imunidade (EII), doenças raras e de difícil identificação. No submódulo de imunologia, a médica imunologista Carolina Cardoso de Mello Prando destacou o uso da inteligência artificial (IA) na análise de prontuários eletrônicos, permitindo que a IA identifique sinais de erros inatos da imunidade e alerte a equipe médica, agilizando o diagnóstico e favorecendo um tratamento mais rápido e eficaz. Outra inovação é a biblioteca de genomas do paciente, que coleta 20 mil genomas do DNA ribossômico. Isso permite ao especialista consultar essas informações quando necessário, compreendendo alterações genéticas sem submeter a criança a novos exames.
Deficiência de micronutrientes na infância
Durante a conferência “Deficiência de micronutrientes na infância”, a gastroenterologista Mônica Lisboa Chang Wayhs destacou a importância da vitamina B12 na infância, especialmente os riscos relacionados à deficiência do nutriente em bebês de mães vegetarianas que não fazem suplementação adequada. Segundo a médica, a carência de B12 pode causar manifestações hematológicas e neurológicas, variando de sintomas leves até atrasos graves no desenvolvimento neuropsicomotor. “Se a mãe não suplementa B12, o bebê poderá também ser carente — e pode ainda desenvolver sintomatologias severas”, alertou. Na prática clínica, ela reforçou a importância de uma avaliação individualizada e da suplementação infantil adequada, conforme o perfil de risco de cada paciente.
Pé torto congênito
A sessão sobre pé torto congênito, coordenada pela ortopedista Andrea Finatto, abordou o diagnóstico e o tratamento da condição. Edilson Forlin, ex-médico do Hospital Pequeno Príncipe e atualmente no Mediclinic Parkview Hospital, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), abriu a programação com a palestra “Métodos de Ponseti: até quando usar? Riscos?”, reforçando a importância de tratar o paciente e não apenas o exame. Alexandre Francisco de Lourenço falou sobre prevenção de recidivas, destacando o papel dos pais, da criança e dos exercícios domiciliares. Ana Laura Loyola Munhoz da Cunha mediou uma mesa de casos clínicos, que promoveu uma troca valiosa entre profissionais sobre condutas e desafios no manejo da condição.
Liderança na enfermagem
Durante o módulo de enfermagem, o gestor de negócios em saúde Laércio Neves abordou os principais desafios da gestão e da liderança na área da saúde. Em sua apresentação, destacou que entre 60% e 80% dos problemas enfrentados nos sistemas de saúde estão diretamente relacionados à gestão. Segundo ele, “as pessoas se preocupam em desenvolver o quociente de inteligência, mas não desenvolvem o quociente de adaptabilidade”. Neves ressaltou que essa realidade é especialmente visível na enfermagem, onde a formação gerencial muitas vezes não prepara os profissionais para exercerem uma liderança eficaz, comprometida com a equipe e adaptada às complexidades do ambiente hospitalar.
Avanços em suporte circulatório pediátrico
Os avanços em assistência circulatória pediátrica foram destaque nas palestras da sala de cirurgia cardíaca e cardiologia, moderadas por Cassio Fon Ben Sum, diretor-técnico do Hospital Pequeno Príncipe. A cardiologista Klebia Magalhães Castello Branco apresentou uma análise comparativa entre oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) e suporte mecânico circulatório (MSC) como ponte para transplante cardíaco em crianças. Na sequência, Leonardo Mulinari, chefe de cirurgia cardíaca pediátrica da Universidade de Miami, compartilhou estratégias e inovações no uso do MSC em pacientes pediátricos. “O Congresso é essencial para fortalecer a integração entre especialidades pediátricas, como a cirurgia cardíaca pediátrica, que depende diretamente da atuação conjunta de pediatras, neonatologistas e cardiologistas. Ter todos esses profissionais reunidos mostra a força do Hospital Pequeno Príncipe, reconhecido internacionalmente como o maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil e um dos mais importantes da América Latina”, afirmou Mulinari.
Assim, o terceiro dia do Criança 2025 não apenas compartilhou conhecimentos, mas fortaleceu conexões entre profissionais que compartilham o mesmo propósito: garantir que cada criança tenha acesso a uma saúde integral, humana e inovadora.