Nutrição pediátrica em consultório é destaque do Pequeno Príncipe Conhecimento
Se para os pais, o universo da nutrição infantil é recheado de desafios, para os profissionais de saúde não é diferente. Por isso, o Pequeno Príncipe promoveu encontros on-line para que colaboradores e médicos que atendem na instituição tivessem a oportunidade de se atualizar com o que há de mais moderno e comprovado cientificamente para auxiliar o tratamento dos pacientes e também orientar pais ou responsáveis pelas crianças atendidas no Hospital.
Por meio do Pequeno Príncipe Conhecimento, nos meses de setembro e outubro, foram realizadas cinco aulas on-line sobre temas que abrangeram desde os cuidados com a alimentação na primeira infância, incluindo a importância do aleitamento materno, até os diferenciais da nutrição nas diversas patologias. Tudo isso baseado em uma perspectiva integral e humanizada.
Os primeiros anos de vida constituem a fase mais intensa para o desenvolvimento físico e mental de um ser humano e a alimentação é uma grande aliada nesta etapa. A nutrição correta tem um impacto profundo na capacidade de uma criança crescer, aprender e se desenvolver da forma ideal.
“A educação continuada é uma filosofia do Pequeno Príncipe que procuramos manter sempre para garantir a atualização frequente dos nossos profissionais”, destacou o vice-diretor técnico do Hospital, Victor Horário de Souza Costa Júnior. As aulas contaram com o apoio da Nestlé.
2.200 dias e as janelas de oportunidades para a vida do lactente
Nessa aula, a neonatologista Vanessa Liberalesso, que também é professora da Faculdades Pequeno Príncipe e do Departamento de Pediatria da PUC-PR, destacou janelas de oportunidades para uma nutrição saudável, a começar pelo período intrauterino – que tem uma fundamentação importante para o desenvolvimento – até 5 anos da criança. “Reduzir a mortalidade infantil é dar assistência ao pré-natal e ao recém-nascido. O incentivo à amamentação deve ser contínuo, mas quando a amamentação não é possível, é preciso dar apoio e informação às mães que necessitam usar substitutos ao leite humano. Todos precisam ter acesso à uma alimentação adequada e precisamos reduzir a insegurança alimentar a partir de políticas públicas”. A profissional também falou sobre o impacto da escassez de alimentos causado pela atual pandemia na nutrição de crianças e adolescentes.
A ciência como fio condutor impulsionando novas descobertas sobre o leite materno
A nutricionista Elaine Mosquera, mestranda pela Unifesp e pós-graduada em Nutrição Pediátrica pelas universidades de Boston, Austrália e LMU de Munique, apresentou comprovações científicas para a importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. “O leite materno é de uma composição única e dinâmica, que é moldável às necessidades do bebê. Muitos nutrientes têm valor calórico, outros não, outros vão ter papel para o desenvolvimento e outros para a imunidade. Muitos atuam individualmente e outros juntos. Por isso, é tão completo”, afirmou. “Quando o aleitamento materno não é possível, são recomendadas fórmulas. Leite de vaca não é uma opção no primeiro ano de vida, pela baixa concentração de ferro e sais minerais”, pontuou a profissional.
Importância da alimentação adequada na primeira infância
Nesse encontro, a nutricionista Natalia Perina, doutora em Tecnologia de Alimentos pela FCD/USP, falou sobre a importância da alimentação adequada na primeira infância, com ênfase na introdução alimentar até a fase pré-escolar. “Os primeiros 2.200 dias são importantíssimos para o desenvolvimento da imunidade das crianças. É nesse período que elas começam a desenvolver as próprias imunoglobulinas. Porém, estudos científicos demonstram a baixa quantidade de frutas, verduras e legumes consumidos, além de deficiências de cálcio, zinco, vitamina A, fibras, entre outros, em um período em que a criança precisa desses nutrientes para se desenvolver”, destacou. “Fórmulas infantis são desenvolvidas para atender as necessidades nutricionais de cada faixa etária. Apesar de não ser mandatório, há consenso das principais sociedades médicas de que elas podem ajudar nas deficiências nutricionais das crianças nos primeiros 2.200 dias. Porém, é o pediatra quem analisa caso a caso e faz a melhor recomendação”, pontuou.
Manejo nutricional assertivo na APLV
A nutricionista Daniella Galego, mestre em Nutrição do Nascimento à Adolescência pela UCSC SP e pós-graduada em nutrição pediátrica pela Universidade de Boston falou das condutas corretas em caso de alergia da proteína do leite de vaca. Destacou que o tratamento da APLV tem que ser elaborado de uma maneira pensando sempre no aleitamento materno como primeira opção para prevenção de alergias. “O aleitamento materno possui todos os componentes bioativos, células imunológicas e substâncias que são importantes para o amadurecimento do sistema gastrointestinal, imunológico e a microbiota desse bebê”, ressaltou. “Na impossibilidade do leite materno, as fórmulas infantis de proteínas parcialmente hidrolisadas podem ser utilizadas para redução de casos de dermatite atópica, em crianças de alto risco de alergia”, completou.
Desafios no manejo nutricional dos transtornos gastrointestinais funcionais
Por fim, a nutricionista Thais Thomé, mestranda pela UFRJ e especialista em Pesquisa Clínica pelo MS e Faculdade Oswaldo Cruz, falou sobre o manejo assertivo especialmente para regurgitação, cólica e constipação em crianças. “Apesar desses transtornos gastrointestinais funcionais serem comuns na prática clínica, são muito desafiadores, já que os sintomas não são explicados por nenhuma anormalidade estrutural ou bioquímica, mas recorrentes e relacionados à idade”, explicou. “Em todos os casos, o aleitamento materno exclusivo precisa ser a primeira opção de nutrição e deve ser mantido em todos os casos. Se for necessário uso de fórmula infantil, é importante utilizar fórmula especial”, orientou a profissional.