Jantar do Bem: edição especial

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Jantar do Bem celebra atuação dos serviços de Onco-Hematologia e TMO

Edição especial do evento reuniu apoiadores do serviço em noite cheia de emoção
28/10/2022
Cerca de cem convidados estiveram presentes na edição especial do Jantar do Bem

 

Na véspera do seu 103.º aniversário, celebrado nesse 26 de outubro, o Hospital Pequeno Príncipe realizou mais uma edição especial do Jantar do Bem, que reuniu apoiadores dos serviços de Onco-Hematologia e Transplante de Medula Óssea da instituição. O evento foi realizado na terça-feira (25), no Buffet Nuvem de Coco, em Curitiba.

Em uma noite cheia de emoção, os cerca de cem convidados acompanharam a apresentação dos resultados do trabalho desenvolvido nos últimos dois anos de pandemia de COVID-19 e presenciaram uma homenagem ao médico Eurípides Ferreira, um dos grandes nomes da história da oncologia e do transplante de medula óssea (TMO) no país. O jantar também abriu espaço para as comemorações do aniversário do Pequeno Príncipe, que pela segunda vez consecutiva foi eleito um dos melhores hospitais pediátricos do mundo em um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.

Em seu discurso de abertura, o diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro, enfatizou a importância de apoiadores e colaboradores para que Hospital figurasse entre os melhores hospitais do mundo em um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek. A instituição subiu 25 posições em relação ao ano passado, ficando em 87.º lugar no cenário mundial e em quarto no nacional, sendo a única exclusivamente pediátrica da América Latina.

O reconhecimento é fruto do voto de profissionais e especialistas de todo o mundo. “Agradecemos profundamente a comunidade que nos apoia e nossos colaboradores. Esse reconhecimento de terceiros é uma maneira de mostrarmos, de maneira imparcial, o que a gente faz. E por isso celebramos de maneira muito especial nessa noite”, disse Carneiro.

Resultados apresentados 

O primeiro balanço das atividades apresentado foi o do Serviço de Onco-Hematologia, que, criado em 1968, tornou-se um dos maiores e mais importantes do país no atendimento a crianças e adolescentes com câncer e doenças do sangue. Hoje, aproximadamente 80% dos atendimentos são realizados pelo SUS e beneficiam pacientes de todo o país.

A oncologista Gabriela Canali foi a responsável por apresentar os resultados do Serviço de Onco-Hematologia

“Mesmo com a pandemia, mantivemos a média de cem casos atendidos anualmente nos últimos dois anos. Continuamos recebendo pacientes do Brasil inteiro. Este ano, até agora, já atendemos 91 crianças”, relatou a oncologista Gabriela Canali, do Pequeno Príncipe. A especialista ressaltou ainda o índice de sobrevida dos pacientes oncológicos atendidos pela instituição. A taxa de 74% de cura dos casos tratados no Pequeno Príncipe está acima do indicador mundial que é de 70%.

A médica ressaltou que para alcançar esse sucesso a melhoria no diagnóstico da doença foi essencial. E, nesse sentido, também destacou a importância do Centro de Diagnóstico Avançado Pequeno Príncipe – Laboratório Genômico, onde os exames moleculares são realizados, permitindo um diagnóstico mais preciso que auxilia na escolha de terapias mais adequadas e personalizadas. “E atuando em conjunto com a unidade de transplantes, também conseguimos encaminhar mais precocemente os pacientes, o que faz uma diferença enorme na sobrevida”, completou.

O Serviço de Transplante de Medula Óssea do Pequeno Príncipe é referência no país

Os bons resultados do Serviço de Transplante de Medula Óssea foram apresentados pela chefe do serviço, Carmem Bonfim. Implantado há mais de uma década, esse passou por uma ampliação em 2016 e com dez leitos se consolidou como um dos maiores do Brasil. Ano passado, por exemplo, foi responsável por 12% de todos os transplantes de medula óssea pediátricos realizados no país.

Durante 11 anos, mais de 400 crianças e adolescentes tiveram a vida transformada por meio de um transplante de medula óssea realizado no Pequeno Príncipe. Só em 2021, foram 73 procedimentos. “Uma característica especial do nosso serviço é que 40% das nossas crianças têm menos de 3 anos de idade. Poucos países da América Latina e até mesmo do mundo conseguem realizar esses transplantes. E nós só conseguimos isso porque existem todas essas especialidades dentro do Pequeno Príncipe. Isso nos colocou como referência dentro e fora do Brasil”, enfatizou a chefe do Serviço de TMO.

Fundamentais

O casal Many e Dinho Elache – padrinhos do projeto desde 2009

Idealizador do Jantar do Bem há cerca de uma década, o casal Marjorie e Danilo Hauser comemorou o retorno do evento presencial. “Tivemos que segurar um pouquinho durante a pandemia, mas agora vamos retomando aos poucos, mas com força total, porque é a coisa mais gratificante do mundo escutar o que escutamos hoje aqui e fazer parte desse projeto. É o que vale a vida”, disse Marjorie.

Além deles, outras pessoas contribuíram para o sucesso do evento, como o casal Many e Dinho Elache, grandes incentivadores e padrinhos do projeto desde 2009. A apoiadora Denise de Paola, que lutou bravamente pela vida e deixou um legado de força e de valorização da cultura de doação, também foi lembrada com muito carinho durante o evento. Em uma homenagem póstuma, Denise foi citada como um exemplo que inspirou sua família, que lindamente transformou um momento difícil em um ato de amor ao realizar uma doação para o Pequeno Príncipe.

“Nós sabemos da necessidade e da dificuldade das pessoas que não têm condições de ter um convênio para fazer exames ou ser atendido por um médico, e quando a gente vê um hospital que é referência e atende pacientes do SUS entendemos a importância de empresas como a Master Cargas se unirem para ajudar”, salientou Tania Lopes Anselmo, diretora da Master Cargas Brasil.

A diretora-executiva do Pequeno Príncipe, Ety Cristina Forte Carneiro, encerrou o cerimonial com um agradecimento. “Eu só tenho a agradecer e honrar todas as pessoas que fizeram, fazem e farão a história do Pequeno Príncipe. São pessoas que têm coragem, criatividade e alegria de viver e que querem para os filhos do Brasil o que cada um de nós quer para os nossos filhos. É uma honra fazer parte dessa equipe e uma honra ter a confiança e o apoio de cada um de vocês”, reforçou.

História de amor, esperança e transformação

Gael e sua mãe, Vanessa, fizeram um relato emocionante durante o Jantar

Um dos momentos mais emocionantes do Jantar do Bem foi o depoimento de Vanessa Marques, mãe de Gael Marques, de 5 anos, que passou por cirurgias para ressecção de um tumor durante este ano. Natural do Recife, a família mora hoje em Lucas do Rio Verde (MT). Em setembro de 2021, após uma tomografia para tentar identificar o motivo de uma forte dor abdominal, o menino foi encaminhado para o Hospital do Câncer de Cuiabá, na capital do estado. A suspeita era de um neuroblastoma – câncer infantil que cresce em partes do sistema nervoso ou nas glândulas adrenais. Depois de quatro meses, todos os exames apontavam para um ganglioneuroma – tumor raro e benigno pertencente ao grupo dos tumores neurogênicos. De acordo com a mãe, a única alternativa de tratamento apresentada pelos médicos foi uma ressecção cirúrgica, considerando que por ser benigno o tumor não responderia à quimioterapia.

Por ser um procedimento cirúrgico, Gael precisou ser transferido para um hospital de São Paulo, já que em Mato Grosso não havia um centro de alta complexidade. Mas como o diagnóstico ainda não estava completo, a família precisou voltar para Cuiabá. Vanessa contou que a partir daí a família buscou médicos pelo país inteiro. “Passamos por Recife [PE], Fortaleza [CE], Juiz de Fora [MG], Rio de Janeiro [RJ], São Paulo [SP], e ninguém queria pegar o caso dele. Em Recife, consultamos com todos os cirurgiões pediátricos da cidade e em uma dessas consultas nos jogaram um balde de água fria: falaram que no Brasil a gente não conseguiria realizar a cirurgia que ele precisava”, lembrou. A mãe, então, começou a busca pela internet, até que indicaram o Pequeno Príncipe.

“Depois de meses de desespero, decepção e frustração, o médico do Pequeno Príncipe nos liga e fala para virmos para cá porque alguma coisa seria feita pelo meu filho”, relembrou. Desde então, família e equipe médica se uniram à procura de uma cura para Gael. Em 10 de junho deste ano, a criança passou pela segunda tentativa de ressecção do tumor no Pequeno Príncipe. O procedimento foi bem-sucedido, e ele agora segue em tratamento, acompanhado pelo Setor de Oncologia.

“Já nos sentimos vitoriosos. Eu vivi dias em que eu não sabia se eu ia ter meu filho comigo no dia seguinte, e hoje ele está aí, atrapalhando o jantar. No Pequeno Príncipe, os médicos, todo mundo tem o pensamento de não desistir enquanto se tem esperança. A cirurgia impossível dele foi possível”, salientou a mãe, que chamou o filho ao palco para que ele finalizasse seu depoimento. “Muito obrigado, Pequeno Príncipe”, disse Gael no microfone.

60 anos de dedicação e inspiração

O médico Eurípides Ferreira foi o homenageado especial do Jantar

Outro momento de forte emoção foi a homenagem ao médico Eurípides Ferreira, principal responsável pela implantação dos serviços de Onco-Hematologia e Transplante de Medula Óssea no Hospital Pequeno Príncipe.

Responsável pela realização do primeiro transplante de medula óssea no Brasil, o especialista ousou sonhar com o combate à leucemia em uma época em que a doença representava um diagnóstico fatal e em um país sem estrutura adequada para implantação do tratamento. Mais do que um desafio, o sonho se tornou uma missão que – com amor, conhecimento, dedicação e excelência – o médico cumpriu com maestria.

Ao longo de sua extensa carreira, Ferreira trabalhou no Instituto de Genética Médica na Itália e na Duke University, nos Estados Unidos. Publicou 60 artigos científicos em revistas indexadas, 360 comunicações em congressos científicos e 25 capítulos em livros de hematologia e imunologia.

O homenageado prestou a sua homenagem a Ety da Conceição Gonçalves Forte, que há 56 anos preside a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro – mantenedora da instituição centenária. “Este ano completo 60 anos de vínculo com o Pequeno Príncipe e hoje eu olho para como era o Hospital e vejo como o sonho da Ety tornou-se uma realidade importante. Foi o exemplo das crianças que atendia o que me incentivou a continuar diante das dificuldades”, revelou.

Eurípides é o principal responsável pela implantação dos serviços de Onco-Hematologia e TMO na instituição

Para o diretor-técnico da instituição, o médico Donizetti Dimer Giamberardino Filho, Ferreira vive mostrando o melhor da vida às pessoas. “A medicina é uma profissão, um dever do ofício, mas ela é também é um estilo de vida. E foi isso o que o doutor Eurípides sempre passou para nós, que quem tem a vocação e se dedica à medicina tem que ter a ciência, mas também precisa ter a compaixão, a solidariedade, e colocar sempre o foco no outro. Obrigado por tudo o que você representou e ainda representa, doutor”, celebrou.

A oncologista Flora Watanabe, atual chefe do Serviço de Oncologia do Hospital, trabalhou 45 anos ao lado de Eurípides no Pequeno Príncipe e falou da influência do médico em sua atuação. “Foi um aprendizado de vida, com uma troca muito grande, não só de conhecimento teórico e técnico, mas de humanidade e de amor ao próximo. Ele nos ajudou a sonhar com ele, e todos nós que trabalhamos atualmente nos serviços lutamos todos os dias para tentar realizar o sonho dele”, recordou.

Chefe do Serviço de TMO do Hospital, a médica Carmem Bonfim também reforçou a importância do trabalho do especialista homenageado. “Não haveria TMO no Pequeno Príncipe sem o doutor Eurípides. Sem a paixão, competência e capacidade de mobilizar uma sociedade toda para construir esse serviço. E mais uma coisa que é bem importante lembrar é que o doutor Eurípides não foi só importante para o Brasil, ele foi pioneiro em toda a América Latina, trazendo esse procedimento, em 1979, para o nosso país”, elogiou.

A diretora-executiva do Hospital também prestou homenagem ao médico

A diretora-executiva da instituição, Ety Cristina Forte Carneiro, também falou em nome de sua mãe, Ety, a quem Eurípides se referiu mais cedo. “É uma alegria compartilhar a vida e a construção de um projeto tão importante para a comunidade com o senhor. O senhor é um visionário e trouxe uma enorme inovação com sua coragem e talento, com seu pioneirismo no transplante de medula óssea e para nós do Pequeno Príncipe. Além de tudo isso, o doutor Eurípides é uma pessoa extraordinária, um ser humano que se entrega totalmente para as outras pessoas, suas equipes, para as crianças e suas famílias. É uma honra e um orgulho compartilhar e celebrar essa história de 103 anos com o senhor fazendo parte dela.”

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