Para que serve o laboratório de marcha
O laboratório de marcha é um espaço que realiza a avaliação da marcha (o caminhar) do paciente. Essa análise é feita por meio da filmagem da pessoa, com a utilização de marcadores anatômicos, que são adesivos colados em pontos específicos do corpo. Sua função é fornecer parâmetros biodinâmicos que gerem a interpretação, o diagnóstico e dados para a intervenção da equipe médica com o objetivo de proporcionar melhora na qualidade de vida do paciente.
Hospital promove evento “Análise da Marcha: Paralisia Cerebral e Mielomeningocele”
O Hospital Pequeno Príncipe realizou na quarta-feira, dia 15, o evento científico “Análise da Marcha: Paralisia Cerebral e Mielomeningocele”. A iniciativa reuniu médicos ortopedistas e residentes visando demonstrar os benefícios da análise computadorizada de marcha em diversas patologias, e foi conduzida pelo médico Luiz Antonio Munhoz da Cunha, chefe do Serviço de Ortopedia da instituição.
Ao iniciar as palestras, o médico reforçou a referência do Pequeno Príncipe e a importância do Laboratório Computadorizado de Marcha no diagnóstico e tratamento dos pacientes. “Como um dos maiores serviços de ortopedia pediátrica do Brasil e referência em alta complexidade, é muito importante compartilharmos conhecimento e ampliarmos as oportunidades de diagnóstico diferencial. Por isso, a relevância do tema e de debater com outros profissionais, como estamos fazendo nessa ocasião, ao analisar os benefícios do laboratório de marcha no trabalho do ortopedista”, destacou.
Com o tema “Análise da marcha – da clínica ao laboratório”, o médico Alessandro Melanda, professor doutor da Universidade Estadual de Londrina no Serviço de Ortopedia Pediátrica e presidente da Sociedade Brasileira de Análise da Marcha e do Movimento Humano (SBACMMH, gestão 2019-2021), apresentou os avanços que a tecnologia do laboratório proporciona no tratamento de pacientes.
“Captar movimentos de forma adequada auxilia em um diagnóstico e tratamento completo. Ao possuir todos os recursos que um laboratório de marcha gera, é possível ter informações mais leais, gráficos que apresentam a rotação do quadril, grau de dobra do joelho, por exemplo. Tudo isso realiza uma condução terapêutica mais eficiente, assertiva e personalizada aos pacientes e suas famílias”, explicou Melanda.
O especialista Mauro Cesar de Morais Filho, ortopedista pediátrico da Clínica de Paralisia Cerebral e do Laboratório de Marcha da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo, e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP) e da Sociedade Latino-Americana de Ortopedia e Traumatologia (SLAOTI) (2021-2022) trouxe as vivências da AACD e o avanço na reabilitação de pacientes que fizeram uso do Laboratório de Marcha.
“Para chegarmos aos dados e casos de sucesso é necessária uma organização na qual existam pacientes, tratamento, especialistas, realização de procedimentos cirúrgicos, e de reabilitação, e todo o suporte tecnológico para análise e coleta de percepções de cada paciente. Consigo visualizar toda essa estrutura técnico-científica e complexa aqui no Hospital e o resultado que isso vai gerar na vida de pacientes”, observou.
Já Lauro Machado Neto, chefe do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Moinhos de Vento (de Porto Alegre, Rio Grande do Sul), apresentou estudos e exemplos de casos que tratam do uso da análise da marcha em indicação de rizotomia posterior seletiva – que consiste em interromper a função dos nervos sensitivos da dor, de modo definitivo ou temporário, reduzindo as sensações de dor e desconforto.
“Cada caso é muito específico. As análises com dados, como cinética, atividade cerebral e muscular que o laboratório proporciona, apresentam outros caminhos que auxiliam nossa prática clínica. Cada paciente é um paciente e nem todos os tratamentos são para todos”, frisou.
Para encerrar o encontro, a médica do Pequeno Príncipe e professora da Faculdades Pequeno Príncipe, Ana Carolina Pauleto, falou sobre análise da marcha na mielomeningocele. No Hospital, por meio do Programa de Apoio, Proteção e Assistência às Crianças e Adolescentes com Mielomeningocele (Appam), é disponibilizado atendimento a crianças e adolescentes, gerando assistência, inclusão social, desenvolvimento e garantia de direitos.
“A mielomeningocele é uma doença congênita que provoca uma má-formação na coluna vertebral. Com os tratamentos específicos e acompanhamento médico, as crianças e os adolescentes conseguem ter uma boa qualidade de vida. É o que oferecemos na Appam e vamos oferecer ainda mais com uma estrutura completa, fazendo toda a diferença para os pacientes”, finalizou a professora.
O evento antecedeu o lançamento do Laboratório Computadorizado de Marcha do Pequeno Príncipe, que irá tornar o atendimento do maior hospital exclusivamente pediátrico ainda mais completo.