Dia Mundial de Prevenção do Suicídio: pandemia exige atenção ainda maior à saúde mental das crianças e adolescentes - Hospital Pequeno Príncipe

Notícias

    Dia Mundial de Prevenção do Suicídio: pandemia exige atenção ainda maior à saúde mental das crianças e adolescentes

    Neste 10 de setembro, fica o alerta do Hospital Pequeno Príncipe, referência em atendimentos dessa natureza, ao problema, que é a segunda causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no planeta, de acordo com a OMS
    10/09/2020

    Neste 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, vale um alerta à necessidade de cuidados com a saúde mental de crianças e adolescentes no período de pandemia. O Hospital Pequeno Príncipe, referência em atendimentos dessa natureza, lembra que a prevenção é a melhor forma de combater o problema.

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, nove em cada dez suicídios poderiam ser evitados. A OMS lembra ainda que essa é a segunda causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no planeta, ou seja, é um tema urgente e que precisa ser discutido em casa, na escola e em todas as áreas de convívio social.

    Por conta da COVID-19, o isolamento social, a crise econômica e as incertezas sobre o futuro podem facilitar o surgimento de quadros depressivos e de ansiedade com o consequente agravamento dos mesmos. A médica psiquiatra Maria Carolina Oliveira Serafim, coordenadora do setor de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital Pequeno Príncipe, lembra que neste momento é necessário um olhar mais sensível de toda sociedade para essa questão.

    A especialista salienta que, atualmente, as crianças e os adolescentes estão mais em seus lares e convivendo quase que exclusivamente apenas com os cuidadores. Por ser uma fase de restrições, surgem inúmeros complicadores. “Afastados de suas atividades escolares e convívio social, sentem-se entristecidos e saudosos de suas rotinas, dos seus amigos, professores, dos avós, já que muitos precisam manter o distanciamento”, completou.

    No Pequeno Príncipe, de janeiro a agosto de 2020, já foram atendidos 12 casos divididos entre tentativa de suicídio, de ideação suicida e autoagressão contra 8 ocorrências registradas durante o mesmo período do ano passado, ou seja, um aumento de 50%. As maiores incidências foram verificadas nos meses de abril e agosto.Aos profissionais de saúde, reforça a médica, fica o desafio de buscar os sinais da insuportabilidade e dos quadros depressivos. “É importante falar com as crianças, com os adolescentes e seus familiares. Muitos pais, além dos impactos dos distanciamentos sociais, vivem mudanças grandes nas suas organizações de trabalho e sustento da família, com perdas de emprego e problemas decorrentes disso, que refletem nas suas relações com seus filhos, dificultando a sustentação psíquica necessária”, reiterou.

    A médica psiquiatra Maria Carolina Oliveira Serafim, coordenadora do setor de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Hospital Pequeno Príncipe, esclarece importantes questões sobre os cuidados com a saúde mental de crianças e adolescentes.

    Setembro Amarelo

    No Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio, fica o convite à reflexão. A médica psiquiatra Maria Carolina Oliveira Serafim lembra que muitos adolescentes vivem angústias terríveis e alguns podem expressar esses sentimentos pela autoagressão. “Consideramos como sinais cortes no corpo ou outras formas que intensificam esse sofrimento, uma tentativa desesperada de aplacar algo que sentem e que não conseguem, às vezes, nomear”, explicou.

    Prevenção

    Nesses casos, complementa a especialista, os profissionais procuram ajudá-los a falar sobre si mesmos, com uma escuta e acolhimento ao sofrimento. “Alguns chegam a manifestar a ideia de suicídio. É bom que possamos conversar com eles sobre esse desejo de morrer, convocando a pensar sobre o sentido da vida e da morte”, orientou.

    Se o assunto é prevenção do suicídio, é importante oferecer o espaço de acolhimento a quem vive esse problema. Dessa forma, sentem-se protegidos, podem falar e também se organizar com essa infinidade de sentimentos e pensamentos difíceis para elaborar/refletir sozinhos. “A escuta de alguém em que possam confiar constrói elos vitais para a ultrapassagem dessas travessias difíceis. Palavras que sejam verdadeiras e que possam trazer uma reorganização psíquica e uma estabilização. As crianças são menos suscetíveis para as ideações suicidas, embora tenham sofrimentos, como a manifestação de sintomas depressivos ou quadros de ansiedade”, falou.

    A médica lembra que os adolescentes são mais propensos ao problema. “Em geral, eles estão em períodos com grandes transformações em suas vidas por conta da puberdade, com alterações no corpo, insegurança social, expectativas quanto ao seu futuro, relações de amizade e amorosas. Muitos casos de bullying, discriminação, dificuldade sexual, separação ou afastamentos dos pais podem levar a quadro depressivos, que se cronificam ou se agravam na fase adulta”, ponderou.

    Fenômeno complexo exige cuidado com os sinais de risco

    De acordo com a coordenadora do Setor de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Angela Bley, o suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. “Mas crianças e adolescentes são ainda mais suscetíveis porque estão em processo de desenvolvimento emocional e, por isso, a escola, os pais, familiares, amigos e pessoas próximas devem estar atentas aos sinais de risco”, enumerou.

    A coordenadora do Setor de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Angela Bley, destaca atitudes que podem fazer a diferença na prevenção do suicídio entre crianças e adolescentes.

    A psicóloga do Pequeno Príncipe destaca oito atitudes que familiares e pessoas próximas podem adotar diante dos sinais de risco de suicídio na infância e adolescência:

    – Mostrar-se disposto a conversar e disponível a ouvir. A abordagem deve ser acolhedora e carinhosa, também é importante manter contato visual, prestar atenção e responder sempre em tom gentil.

    – Não fazer julgamentos prévios e preconceituosos, baseados em ideias como “quem ameaça, não se mata”.

    – Não fazer interpretações como “suicídio é um ato para chamar a atenção, manipular, de fraqueza, de covardia, de coragem, de falta de fé, de Deus e de amor”.

    – Incentivar o adolescente (ou familiar no caso de crianças) a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Esclarecer que ele não precisa sentir culpa ou ter vergonha de estar assim e que problemas emocionais podem ser tratados. Oferecer-se para acompanhá-lo a um atendimento.

    – Não deixar o adolescente sozinho, principalmente se perceber que há perigo iminente. Procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entrar em contato com alguém de confiança, de preferência indicado por ele.

    – Não comparar problemas ou sofrimentos dele com de outras pessoas: “tem gente em situação pior”, “veja o que seu irmão está passando”.

    – Nunca minimizar, desvalorizar, rotular, abandonar, incentivar ou desafiar.

    – Sempre levar a sério, escutar sem julgamento, oferecer ajuda e acompanhar.

    + Notícias

    02/12/2025

    Dia de Doar: quando a generosidade transforma futuros

    No Brasil, a data destaca a urgência de fortalecer organizações sociais que geram impacto na vida de milhares de meninos e meninas
    01/12/2025

    Pequeno Príncipe conquista Prêmio Humanizar a Saúde 2025

    Projeto Bem-Estar é reconhecido na votação popular na categoria Saúde Mental
    23/11/2025

    Câncer infantil: diagnóstico precoce aumenta chances de cura em até 80%

    Hospital pediátrico alerta para a importância de reconhecer sintomas que muitas vezes se confundem com os de doenças comuns da infância
    19/11/2025

    Play For a Cause leiloa medalhas que representam três gols do rei contra Senegal em apoio ao Instituto Pelé Pequeno Príncipe

    Itens de ouro, prata e bronze cunhados pela Casa da Moeda do Brasil celebram momento histórico de 1967 e terão renda destinada à pesquisa científica dedicada à saúde de crianças e adolescentes
    18/11/2025

    Quais são as consequências da distorção de imagem na adolescência?

    A busca por um “rosto perfeito” pode, na realidade, esconder sofrimento emocional
    12/11/2025

    Pequeno Príncipe Norte recebe equipe do Cindacta II para conversa sobre preservação e integração ambiental

    O encontro discutiu ações conjuntas para a manutenção das áreas verdes das instituições
    Ver mais