Brasil começa a se destacar no cenário de publicações científicas
Os países conhecidos como Brics (Brasil, Rússia, Índia e China – alguns também gostam de acrescentar a Coréia do Sul à lista) estão em franca ascensão no cenário mundial de publicações científicas. Essa é conclusão da mesa redonda “Investimentos, incentivos e crescimento em publicações científicas: Brasil, Canadá, China, França, Índia, Itália e Estados Unidos” realizada hoje (19 de abril) no II Simpósio Internacional de Nanobiotecnologia, organizado pelo Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, em Curitiba.
Os Brics, na opinião dos pesquisadores, ainda não têm tanto papel de destaque (com exceção da China, que em pouco tempo deve ultrapassar os EUA em número de publicações), mas têm espaço para crescer e meios de melhorar sua infraestrutura. Por outro lado, países como os EUA, Canadá e países europeus já alcançaram níveis altos de produção e qualidade. Há pouco espaço para o crescimento e o melhoramento de uma estrutura que já é excelente. Embora estejam entre os melhores do mundo, estão estagnados.
A perspectiva futura é a de que a produção científica dos países mais desenvolvidos diminua. Os atuais problemas econômicos mundiais estão impactando os investimentos em pesquisas científicas, como ressaltado pelo doutor Roberto Rosati, médico italiano que desenvolve seu trabalho no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, em Curitiba.
Porém, os chamados países de primeiro mundo têm muito a ensinar. Desde o volume de investimento financeiro por parte do governo, das universidades e de instituições privadas até a preocupação com uma melhora qualitativa, não apenas quantitativa da produção científica. De acordo com o pesquisador canadense que trabalha no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Adam Smith, seu país de origem investe quase o dobro em pesquisa científica que o Brasil, apesar de uma população menor.
O médico e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e representante da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), João Pereira Leite, observa que o Brasil praticamente triplicou seu orçamento para a pesquisa científica nos últimos cinco anos, especialmente com o início do programa Ciências sem Fronteiras. Mesmo com o investimento, ainda está longe dos primeiros do mundo em influência, embora seja o 13º em número de publicações.
Na América Latina, o país é destaque e tem ainda um potencial incrível para crescer e melhorar. “Há 30 anos, o Brasil vem construindo um histórico em publicações científicas e agora realmente tem presença no cenário mundial”, finaliza o canadense Donald Samulack, que é presidente nos EUA da Cactus (empresa internacional que auxilia e orienta profissionais e pesquisadores em suas publicações).