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Ana Carolina Pauleto: superação de desafios na ortopedia pediátrica
O desejo de superar desafios e provar que as mulheres também podem ser médicas impulsionou Ana Carolina Pauleto a seguir essa carreira na década de 1970. Ao longo de 37 anos de trajetória no Hospital Pequeno Príncipe, ela se tornou uma referência em ortopedia pediátrica, especialmente no tratamento de pacientes com mielomeningocele e paralisia cerebral. Sua dedicação ao Hospital e aos pacientes é notável, e seu trabalho se estende à formação de residentes e ao ensino na Faculdades Pequeno Príncipe.
Superação de desafios
“Ao longo da minha vida, meu pai sofreu alguns acidentes, e eu acompanhava ele nas consultas, geralmente na parte da ortopedia. E, inconscientemente, foi ele que me levou a escolher a medicina. Meu pai sempre falava que queria ter um filho médico – gostaria que fosse meu irmão, mas ele não queria isso. E eu quis mostrar que não era só homem que podia ser. Mulher também podia ser médica. Meu pai sempre deixou claro, tanto para mim como para meu irmão, que ele não teria condições de pagar uma faculdade particular. Então, eu estudei muito e, na segunda tentativa, passei em medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1977 – e foi aí que saí do interior de São Paulo para morar em Curitiba. Ao entrar na faculdade, percebi que gostava muito das questões práticas, e isso me levou à ortopedia.”
Pioneirismo na ortopedia
“Durante a faculdade, ouvia muito que “na ortopedia, mulher não entra”. Isso porque, na época, era uma especialidade majoritariamente masculina. Tanto que eu fui uma das primeiras, ao lado de outras duas médicas, a entrar na residência de ortopedia em Curitiba. O Dr. Cunha estava começando o Serviço de Ortopedia no Hospital Pequeno Príncipe, e eu assistia às reuniões clínicas, e isso me deu uma luz em atuar em duas áreas que sempre me interessei: ortopedia e pediatria. Hoje, vejo que o cenário mudou e que as mulheres estão mais presentes nessa especialidade, até porque os egressos da própria medicina mudaram. A perspectiva para o futuro é, inclusive, que teremos mais mulheres do que homens na medicina.”
Trajetória no Pequeno Príncipe
“Entrei no Hospital Pequeno Príncipe em 30 de junho de 1986. Tive a oportunidade de acompanhar toda a evolução da instituição e do crescimento do Serviço de Ortopedia como ele é hoje. Saímos de um processo todo manual para um processo todo digital. Além disso, o Hospital cresceu muito, é uma instituição completa, com inúmeras especialidades. E outra questão que gosto muito é da interação que existe principalmente entre os profissionais – para juntos proporcionarem o melhor atendimento aos pacientes. Os pacientes se sentem acolhidos de verdade, e isso para nós, médicos, não tem preço.”
Atuação na ortopedia
“Hoje posso dizer que consigo unir o útil ao agradável ao trabalhar com três áreas do meu interesse: ortopedia, pediatria e neurologia. Atuo mais na área neuromuscular, com ênfase em mielomeningocele e paralisia cerebral. Além da parte ambulatorial, também faço cirurgias e trato o paciente como um todo. Eu amo estar no Centro Cirúrgico, e o time todo que está lá é incrível – desde os anestesistas até as equipes de enfermagem, que fazem com que você se sinta segura em fazer o que precisa. Posso dizer, com toda a certeza, que não existe um hospital com colaboradores tão dedicados no Centro Cirúrgico como aqui. Toda semana também atuo no Centro de Convivência e Reabilitação Pequeno Príncipe, mais especificamente no Laboratório de Marcha. E lá me sinto extremamente em casa, o ambiente é agradável e é como se fosse uma família. Na parte dos exames, acompanho do início ao fim – desde a hora que o paciente entra até a hora que ele sai, ao lado do fisioterapeuta e do engenheiro que faz a captação.”
Conhecimento compartilhado
“Faço parte também do corpo docente do curso de Medicina da Faculdades Pequeno Príncipe, do primeiro período, desde 2016. E o que mais gosto é justamente conviver com os jovens, que nos estimulam a também aprender com eles. Ao mesmo tempo em que você transmite conhecimento, você também aprende. E isso é importante porque o conhecimento muda todos os dias. E a mesma coisa em relação aos residentes do Hospital. No Brasil, se você olhar, não tem nenhuma residência de ortopedia pediátrica que seja trabalhada como um todo, ela é segmentada – quadril, joelho, pé, coluna. Mas no Pequeno Príncipe não – aqui vemos o paciente de forma completa, proporcionamos uma noção global do paciente, um cuidado integral, e é um diferencial que não pode ser perdido.”
Histórias que marcam
“De maneira genérica, os pacientes que mais me marcaram até hoje são os que eu acompanho há muitos anos, que têm mielomeningocele. Uma história, em especial, é de dois pacientes que eu atendi na ortopedia e fui cupido. Apresentei eles, que começaram a conversar e, ainda, me chamaram para ser madrinha do casamento deles. Acho que já estão com 35 anos, seguem casados e muito felizes. Tem vários outros que marcam no sentido de serem verdadeiramente gratos a tudo que o Pequeno Príncipe proporcionou a eles. Ter a oportunidade de vê-los hoje como adultos é muito gratificante.”
“Adoro trabalhar aqui e me emociono sempre. Só tenho a agradecer de ter a oportunidade de pertencer ao corpo clínico deste Hospital. Se eu tivesse que recomeçar, eu faria tudo exatamente igual.”
Gratidão em pertencer
“O Hospital me ofereceu a oportunidade de atuar numa área que eu realmente amo, que é a ortopedia pediátrica. E a instituição, mesmo com todas as dificuldades que tem, consegue oferecer para o paciente um cuidado especial da mesma forma que dá segurança para nós, como médicos, de poder oferecer esse tratamento sem distinção – seja pelo SUS, convênio ou particular. Só tenho que agradecer por poder estar aqui, de trabalhar nesse Hospital, pelo qual, sem dúvida nenhuma, eu tenho um carinho enorme. Adoro trabalhar aqui e me emociono sempre. Só tenho a agradecer de ter a oportunidade de pertencer ao corpo clínico deste Hospital. Se eu tivesse que recomeçar, eu faria tudo exatamente igual.”