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Pérola Grupenmacher Iankilevich: a médica da família dos oftalmologistas
Vinda de uma família judaica, a médica Pérola Grupenmacher Iankilevich leva em seu nome uma homenagem à sua avó paterna. A sua história profissional também está totalmente relacionada com a família, já que seus pais eram oftalmologistas e foram sua grande influência para seguir a profissão e chegar ao Hospital Pequeno Príncipe – local no qual se dedica aos pacientes há 34 anos. A médica foi inspiração para suas filhas, que hoje também atuam no Serviço de Oftalmologia do maior hospital exclusivamente pediátrico do país.
A influência da família de oftalmologistas
“Vim de uma família de médicos e claro que isso foi uma grande influência para eu também seguir a medicina, que cursei na Universidade Federal do Paraná (UFPR). No decorrer do curso, percebi que a área que mais tinha conhecimento e que me encantava mais era a oftalmologia. E foi durante a minha residência que as crianças me escolheram. Então, decidi seguir a área da oftalmologia em pediatria. Meu pai atendia no então Hospital César Pernetta, numa época que ainda não tinham tantos oftalmologistas como vemos hoje. E acabei aprendendo muito com ele, que foi minha grande influência para iniciar minha trajetória no Hospital Pequeno Príncipe. Comecei a frequentar a instituição antes de terminar a residência, pois acompanhava meu pai e ajudava-o nas cirurgias. De lá para cá, já se passaram 34 anos.”
A alegria de trabalhar com crianças
“O mais importante da criança é que ela não tem malícia. É muito bacana conseguir conquistá-los para que interajam com você, é muito gostoso porque eles devolvem muito rápido isso. Hoje percebo que minha profissão foi a escolha certa – não tenho dúvidas. Consegui juntar duas coisas que realmente eu gostava: a oftalmologia e cuidar de crianças. Em todos esses anos, tem vários casos que me marcaram. Tem mães que eu operei quando eram nenéns e que trazem os filhos para acompanhar. E eu penso: ‘Nossa, passou tanto tempo assim e a gente nem percebeu.’ É muito legal ver que as crianças que voltaram a enxergar ou que a gente conseguiu tratar a visão. E às vezes tem aqueles pacientes que vêm agradecer: ‘Olha, doutora, você me operou quando eu era pequenininho de estrabismo e olha que eu estou bem até hoje.’ Esses casos são reconfortantes.”
Evolução no atendimento oftalmológico
“Ao longo desses anos, é muito bom ver a evolução do Pequeno Príncipe. No início, tínhamos uma sala assim, muito básica, e também tínhamos que trazer material para atender. Isso porque a instituição não tinha todo o investimento que tem hoje. Teve uma época que nem existia no Hospital equipamentos como tomografia, ressonância, essas coisas. E acabava que tínhamos uma dificuldade muito grande de ter certeza que era um tumor, como retinoblastoma, antes de fazer o tratamento. E isso mudou, hoje temos novas tecnologias que permitem diagnósticos mais assertivos.”
Um amor passado de geração em geração
“A gente tem uma brincadeira na família que diz assim: ‘Nasce mais um oftalmologista.’ A família inteira é de oftalmologistas: pai, mãe, irmão, filhos. Duas filhas atuam no Hospital Pequeno Príncipe – uma está na área da retina; a outra, na parte de glaucoma. E tem um outro irmão, o mais novo, que volta e meia está aqui também pela instituição. Confesso que não fazia questão que minhas filhas fossem médicas, mas lembro que uma delas, a mais velha, quando eu estava fazendo meu doutorado, já se interessava em ver operações de olhos. Então, ela nunca pensou seguir outra área que não fosse oftalmologia, porque é um assunto corriqueiro no dia a dia. A minha segunda filha, a mais nova, queria ser arquiteta. Porém, um dia ao vir aqui no Hospital comigo, ela se apaixonou pela pediatria e chegou dizendo que queria fazer diferença na vida de alguém. Achei que ela ia desistir, até porque tinha receio de ver sangue, mas ela fez e hoje é uma das pessoas mais realizadas que eu conheço na medicina.”
O desenvolvimento da oftalmologia
“A oftalmologia é uma das áreas que mais se desenvolve e mais muda de ano para ano. Então, os investimentos em aparelhagens, em exames complementares, em tecnologia são muito diferentes da minha época. As minhas filhas já estão numa tecnologia muito mais diferenciada do que eu. É um outro mundo. Tanto que muitas vezes eu não consigo acompanhar o que elas já conseguem. Por exemplo: antes, para fazer exames de fundo de olho, você tinha que fazer muitas injeções e dilatar muito a pupila. Hoje existem retinógrafos portáteis que você não precisa nem dilatar a pupila do paciente. A medicina mudou muito.”
Vínculo e amor pelo Hospital
“Eu morava aqui na esquina e tive minhas filhas quando já estava trabalhando no Hospital Pequeno Príncipe. Eu atendia e, quando precisava amamentar, já ia correndo. Todo mundo que é mais antigo aqui fala que aqui é a nossa casa! Nos criamos aqui. Temos um vínculo com o Hospital de amor mesmo, de vontade de atender. O Hospital, para nós, tem um significado muito grande. Temos o sentimento de pertencimento, é como se fosse algo nosso também. Até porque ajudamos a formar o que é hoje. Para quem está no início da faculdade, o conselho que eu dou é: independentemente do quanto você vai ganhar, você tem que gostar do que faz e fazer o seu melhor. Nem sempre o seu melhor é o suficiente, mas sempre tem que tentar fazer.”