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Donizetti Dimer Giamberardino Filho: de estagiário a diretor-técnico do Hospital
Com o propósito de ajudar ao próximo e contribuir com a sociedade, o diretor técnico do Hospital, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, escolheu se dedicar à Medicina ainda em sua juventude. Antes mesmo de finalizar a graduação, sua vida cruzou com a do Pequeno Príncipe quando surgiu uma vaga de estagiário do Laboratório de Análises Clínicas. Após finalizar a residência em Pediatria, se uniu aos demais pediatras da instituição na missão de transformar vidas. Em 1984, especializou-se em Nefrologia e deu início ao serviço, que hoje é o único exclusivamente pediátrico do Paraná. O médico é grato por ter construído uma carreira sólida em uma organização como o Pequeno Príncipe.
O início como estagiário no Hospital
“Não tinha médicos na família, mas decidi cursar Medicina e ingressei na Universidade Federal do Paraná (UFPR). No terceiro ano da faculdade, em 1974, conheci a Dona Ety. Em um dos nossos encontros, ela me ofereceu uma vaga de estágio no Laboratório de Análises Clínicas do Pequeno Príncipe. Fiquei nessa vaga até o quinto ano e também acompanhava as visitas clínicas dos pediatras que na época atuavam aqui, o Dr. Gastão Pereira Cordeiro, Dr. Waldecir Vedoato, Dr. Antonio Lacerda Santos e Dr. Sergio Piazzetta. Me formei em 1977 e fiz residência em Pediatria no Hospital de Clínicas e, em 1980, retornei para o Pequeno Príncipe como pediatra de pacientes internados e também para fazer plantões no pronto atendimento. As especialidades presentes eram a Ortopedia, Cirurgia Pediátrica, Otorrinolaringologia, Oncologia e Cardiologia.”
Aprendizado constante
“Considero um grande privilégio ter uma profissão na qual cuido de pessoas, particularmente, de crianças. Quando você tem a mente aberta para enxergar os valores do outro como importantes, a vida passa a ser um aprendizado constante e uma oportunidade de melhorar como pessoa. Aprendemos muito com a sabedoria das famílias. Em vários momentos, no afã de tentar salvar vidas, fui interrompido por mães, pais, ou avós com a seguinte frase: ‘doutor, o senhor já fez tudo, não precisa fazer mais’. Isso é muito forte. Para ter uma ideia de como marca, na época em que eu era residente, um médico aplicava o quimioterápico e a paciente me disse: ‘tio, não adianta mais fazer isso, vou passar mal, vomitar e não vou melhorar, não faça’, mas eu tinha que fazer. No dia seguinte, ela faleceu. Estava escrito na medicina para eu fazer, mas a sabedoria era para não fazer. Esse aprendizado constante acontece se você estiver aberto para aprender. Você só aprende se olhar para a pessoa e se enxergar. Outro ponto forte é aprender com o olhar das crianças, que têm um olhar especial. É mágico.”
Acesso à saúde com equidade e direitos garantidos
“O primeiro fato notório foi a Constituição de 1988. A saúde com equidade passou a ser um direito de todos e um dever do Estado. E eu acompanhei essa mudança, pois já era médico há 11 anos, quando as pessoas mais pobres tinham menos direitos do que as outras. Em 1984, por exemplo, o acesso à hemodiálise era muito difícil. Havia uma regra do governo que o indivíduo só teria direito se soubesse ler, escrever, não ter mais do que 65 anos e nem ser portador de doenças como cânceres e diabetes. O segundo fato que me marcou foi a compreensão da importância do familiar no cuidado do paciente durante a internação. E o terceiro ponto foi quando o Pequeno Príncipe investiu em cursos de graduação a partir da Enfermagem. Já éramos um hospital-escola por meio dos programas de residência médica e campos de estágio na área de clínicas pediátricas na década de 1970. Mas com a decisão de fundar a Faculdades Pequeno Príncipe a instituição formalizou o seu papel na educação perante a sociedade. Imediatamente, após isso, veio a iniciativa também de ter um braço na pesquisa por meio da inauguração do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, para o qual a instituição definiu um plano estratégico para garantir sua sustentabilidade, que envolveu a sociedade sensibilizando-a a colaborar. A manutenção dos objetivos propostos pelo Hospital nos trouxe uma resposta positiva. Hoje nós vivemos um momento de sustentabilidade com possibilidade de investimento tecnológico e de recursos humanos, ancorado nesse apoio.”
A estruturação do Serviço de Nefrologia
“Em 1984, fiz uma especialização em Nefrologia no Hospital de Clínicas e comecei a montar o Serviço de Nefrologia em 1985 no Pequeno Príncipe. Antes, fazíamos o atendimento apenas pela cirurgia pediátrica. Por exemplo, as crianças que tinham malformações urinárias eram analisadas pelo cirurgião pediátrico. Foi muito difícil. A nossa primeira unidade de terapia intensiva era onde é hoje o Departamento de Tecnologia da Informação (DTI). Anos mais tarde, conseguimos uma UTI de 10 leitos. Haviam muitas limitações tecnológicas. Mas o serviço foi crescendo, entrando novos médicos e iniciamos também a residência médica nesta especialidade. Dentre os fatos marcantes, destaco o início da terapia renal substitutiva em 1988, que seria a diálise peritoneal e hemodiálise, e o primeiro transplante renal em 1989. Hoje, temos um ambulatório de nefrologia pediátrica, internação específica, transplante renal, ou seja, um serviço completo e que é o único exclusivamente pediátrico do Paraná.”
“O sentimento que eu tenho pelo Pequeno Príncipe é muito mais do que um trabalho. Esse Hospital é minha vida. E se eu consegui chegar nesses patamares de organização médica, foi porque eu aprendi aqui.”
Reconhecimento e gratidão
“A minha trajetória é uma história longa, de 46 anos. É uma vida. Além de inaugurar o Serviço de Nefrologia, no qual sou chefe, em 1991, fui o coordenador da Emergência SUS. No ano de 1992, fui eleito representante do corpo médico. Em maio de 1995, fui nomeado como diretor técnico e estou nesse cargo até hoje. Fui presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), de 2003 a 2005, da Sociedade Paranaense de Pediatria, de 2000 a 2001, e diretor do Departamento Científico de Cuidados Hospitalares da Sociedade Paranaense de Pediatria, de 1998 a 2000. E no Conselho Federal de Medicina (CFM) sou conselheiro desde 2013, representando o Paraná, e nessa segunda gestão também sou o primeiro vice-presidente. Mas digo que, se eu consegui chegar nesses patamares de organização médica, foi porque eu aprendi aqui. O sentimento que eu tenho pelo Pequeno Príncipe é muito mais do que um trabalho. Esse Hospital é minha vida.”