Médicos alertam para a Hipertensão em crianças
No último sábado (26), comemorou-se o Dia Mundial de Combate à Hipertensão Arterial. Apesar de predominante no público adulto, a doença afeta um grande número de crianças. Estima-se que cerca de 25% da população brasileira adulta sofra de pressão arterial alta, o que faz do Brasil um dos países com a maior taxa de pacientes hipertensos. Em crianças e adolescentes, o índice varia entre 5% e 8%.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Lancet, revista de pesquisa médica, quase três quartos da população mundial com hipertensão (639 milhões de pessoas) vivem em países em desenvolvimento. O alto custo de remédios, infraestrutura precária, acesso limitado a serviços de saúde e falta de conhecimento sobre a prevenção são os principais motivos para o alto índice de hipertensos.
Na maioria dos casos, a hipertensão em crianças é hereditária, mas também pode ser provocada por fatores ambientais. O aumento no número de crianças e adolescentes hipertensos pode ser atribuído aos maus hábitos alimentares, como o consumo de fast food e de comidas com altos níveis de sódio e gorduras saturadas. Junto com isso, a falta da prática de exercícios físicos e o sedentarismo também contribuem para a pressão alta em crianças.
Considerada uma “doença silenciosa”, um dos grandes perigos é a ausência de sintomas, que muitas vezes só se manifestam quando a hipertensão já se encontra em um estado muito avançado. Quando não diagnosticada e não tratada em crianças, pode causar sérias lesões em órgãos-alvo – como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca e perda de funções renais.
Segundo a nefrologista Lucymary de Castro Sylvestre, a melhor forma de prevenir a hipertensão e as demais doenças crônicas que ela pode causar em crianças e adolescentes é por meio do diagnóstico. “A maioria dos pediatras não tem o costume de medir a pressão arterial de crianças muito pequenas”, conta.
Desde 2005, o Hospital Pequeno Príncipe já tratou mais de 400 pacientes hipertensos. Um de seus pacientes, Felipe Kuchla, teve um AVC com 11 anos porque não sabia que sofria de hipertensão e nunca tinha tido sua pressão arterial medida. Apesar de ter se recuperado, Felipe ainda vive com algumas sequelas do AVC, que poderia ter sido evitado se o menino tivesse tido a hipertensão diagnosticada mais cedo.
Para evitar casos graves como esse, é recomendado que crianças tenham a pressão verificada por pediatras a partir dos 3 anos de idade e depois disso pelo menos uma vez por ano. Além dessas medidas preventivas, campanhas de conscientização sobre a doença e as formas de tratamento e prevenção também se mostram eficazes no combate à hipertensão em países em desenvolvimento.
Manter uma dieta saudável, praticar exercícios físicos regularmente e controlar o consumo de sal na dieta ajudam na prevenção da hipertensão e no seu tratamento. Porém a nefrologista Lucymary ressalta que a melhor forma de controlar a pressão é verificando-a regularmente. A especialista também adverte que o paciente hipertenso deve sempre fazer o acompanhamento da doença e seguir o tratamento indicado por seu médico.