“A pandemia continua impactando-nos.”

Pensar e agir para a “proteção à infância” é um desafio e principalmente um caminho que precisa ser desenhado por muitas mãos, com toda a delicadeza e força que possamos ter, para depois ser possível percorrê-lo com a necessária determinação. É isso que fazemos no Complexo Pequeno Príncipe, há mais de 100 anos. No segundo ano da pandemia, o desafio foi ainda maior, mas as dificuldades não nos imobilizaram. Resolutividade e aconchego, responsabilidade e brincadeira, procedimentos e educação, remédios e cultura, exames e convivência familiar e comunitária, diálogo e valorização dos saberes. Tudo isso esteve presente no nosso dia a dia, no desejo e compromisso de oferecer a todos os meninos e meninas, e também a colaboradores e alunos, as melhores oportunidades de desenvolvimento, saúde e vida.

A partir disso, analisar o balanço patrimonial do Complexo Pequeno Príncipe de 2021 é muito assustador e excepcionalmente reconfortante, e, portanto, difícil e contraditório. Nestes dois anos, as consequências da pandemia na economia e na inflação promoveram uma explosão em nossos custos hospitalares, e os efeitos na produção assistencial foram devastadores, pois centenas de procedimentos foram cancelados ou adiados, trazendo redução da receita. E precisamos lembrar que o Sistema Único de Saúde (SUS) não corrige o valor dos procedimentos há muitos anos. No combinado desses fatores, a assistência hospitalar nos dois anos pandêmicos gerou um déficit histórico de R$ 83,7 milhões.

No ensino, a pandemia provocou consequências difíceis, principalmente com a redução do número de alunos nas graduações, exceto no curso de Medicina, mas também nas pós-graduações lato sensu. Como resultante, uma diminuição na geração de caixa, o que também ocorreu em nosso Centro de Vacinas.

Se tivemos esse conjunto de fatores que apontam para um ambiente externo excepcionalmente difícil e desafiador, também tivemos como contraponto um ótimo desempenho na captação de recursos e na boa e eficaz utilização das verbas obtidas. Com isso, superamos o déficit e apresentamos um resultado positivo. Nos dois anos, a soma da utilização dos recursos captados foi de R$ 98,7 milhões, o que nos proporcionou um resultado positivo de R$ 15 milhões.

Somos profundamente gratos à comunidade pelo apoio. Sem esses aportes seria impossível prosseguir com nossa missão.

Historicamente, estamos comprometidos com a sustentabilidade e, em 2021, demos importantes passos nas nossas contribuições com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e com a agenda ESG. Nossas iniciativas fazem parte de um conjunto de compromissos de curto, médio e longo prazos, que se refletem na nossa relação com o meio ambiente, com as questões sociais que envolvem nossos pacientes, com as ações que envolvem alunos da graduação e com a nossa governança.

Nosso esforço na pandemia foi reconhecido de muitas formas, e uma delas foi o ranking da revista norte-americana Newsweek, que elegeu os 150 melhores hospitais pediátricos do mundo. Estamos em primeiro lugar como hospital exclusivamente pediátrico na América do Sul. Dedicamos essa importante conquista a todos os nossos apoiadores, médicos, colaboradores e pacientes. Temos um novo ponto de partida. Um marco!

Foi esse apoio da comunidade, por pessoas físicas e jurídicas, que nos permitiu manter e qualificar os serviços que prestamos e investir em novas tecnologias e produção de conhecimento. Esse suporte vindo da sociedade, e também de representantes do Ministério Público e do Poder Legislativo, energiza-nos para fazermos mais e melhor.

Somos conscientes das dificuldades na assistência, que não vêm de hoje. O SUS, cujos valores estão extremamente defasados, e a saúde suplementar, com imposições cada vez mais restritivas, aliam-se com as consequências e o rescaldo da pandemia para dificultar a percepção de futuro e, por decorrência, de nosso planejamento. Para nos ajudar para um novo ciclo no Complexo, pensando no longo prazo, contratamos a empresa Falconi, cujos trabalhos já começaram pelo Hospital e em seguida irão para a Faculdades e o Instituto de Pesquisa, articulando convergência para o Complexo. Para essa revisão do planejamento estratégico, já sabemos que a interação entre as atividades e sua sinergia é o que trará garantia de sustentabilidade.

Mas vamos, a seguir, a alguns importantes detalhes.

Alcançamos relevantes avanços na assistência, especialmente na alta complexidade, em 2021. Depois de muito planejamento e treinamento, iniciamos a terapia de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), que substitui as funções do coração e do pulmão. Um importante marco na evolução dos tratamentos que oferecemos.

Nos transplantes, chegamos a uma marca histórica, com 284 procedimentos realizados no ano, maior número já registrado até aqui. O Serviço de Transplante Hepático consolidou-se como um dos principais do Brasil, com cirurgias feitas em crianças abaixo de 3 anos de idade. Também foram destaques os transplantes de medula óssea, com 74 procedimentos.

Inauguramos o Laboratório Computadorizado de Marcha e a Sala de Reabilitação Virtual. O Laboratório de Marcha é o único em funcionamento no Paraná destinado a avaliações clínicas de pacientes com distúrbios da marcha.

Ampliamos nossa atuação na telemedicina, implantando o Serviço de Telessaúde, que oferece consultas remotas com diferentes especialistas. O novo serviço foi iniciado pelos pacientes do SUS, facilitando assim o acesso dessa importante parcela da população especialmente à continuidade de seus tratamentos, que foram tão afetados pela pandemia.

Reformamos o Pronto-Atendimento dedicado a pacientes do Sistema Único de Saúde, o Setor de Endoscopia, o consultório oftalmológico, a UTI Cirúrgica e a lavanderia. Adequamos os ambulatórios de especialidades e revitalizamos áreas de internação e os auditórios. Foram diversas obras visando à melhoria de fluxos, que se traduzem em qualidade de atendimento.

Na Faculdades, concluímos o Bloco 6, que concentra os ambulatórios para as práticas médicas, as salas onde exercitamos as metodologias ativas e o espaço para trabalharmos o ensino a distância com métodos, equipamentos e estrutura de ponta.

Outro passo importante foi no nosso cuidado com o meio ambiente. Fomos o primeiro hospital exclusivamente pediátrico do Brasil a compensar nossas emissões de carbono. Tomamos essa iniciativa porque acreditamos que a saúde das pessoas está intimamente ligada com a saúde do planeta. Nossos médicos, colaboradores, pacientes e, principalmente, alunos estão em paz quanto a suas responsabilidades perante as alterações do clima.

No Instituto de Pesquisa, são 100 projetos em andamento, 13 deles voltados à COVID-19. Na Faculdades, mais de 1,4 mil alunos concluíram uma formação de alta qualificação técnica e humanizada.

Com a união de esforços dessa grande rede que luta pelo direito dos nossos meninos e meninas à saúde e à vida, estamos impactando e transformando a sociedade. É uma grande honra contar com a sua confiança e apoio.

Muito obrigado a você que está conosco nessa jornada!

José Álvaro da Silva Carneiro

Diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe