Instituto: há 16 anos fazendo pesquisas

Unidade do Complexo Pequeno Príncipe busca novos métodos de tratamento e diagnóstico de doenças complexas para contribuir com a redução da mortalidade infantil

Teste com uma única gotinha de sangue para detectar precocemente um câncer infantil que apresenta altos índices de mortalidade, novo método para realização de exame com custo significativamente menor para o diagnóstico de leucemias, investigação sobre a predisposição genética à infecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2), desenvolvimento de um pulmão artificial 3D para teste de medicamentos para a COVID-19, análise da prevalência das imunodeficiências primárias em crianças internadas nas UTIs do Pequeno Príncipe, investigação e diagnóstico de transtornos de déficit de atenção e hiperatividade em crianças da rede municipal de educação de Curitiba (PR). Esses são alguns dos temas investigados pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, que há mais de 16 anos atua em prol da saúde de crianças e adolescentes.

“São mais de 16 anos de valorização da ciência. A criação do Instituto de Pesquisa foi mais um passo ousado da nossa organização: se propor a fazer pesquisa de base no Brasil, sem nenhum apoio financeiro, quando a ciência não recebia a atenção e a valorização trazida pela pandemia do coronavírus. Fomos visionários porque acreditamos na ciência, no potencial dos cientistas brasileiros e na inovação para enfrentar os desafios com os quais a medicina ainda se depara. E nesse sonho contamos com o apoio de Pelé, que encontrou uma oportunidade para definitivamente fazer ainda mais pelas crianças do mundo”, enfatiza a diretora-geral do Instituto, Ety Cristina Forte Carneiro.

Segundo ela, o desafio de fazer pesquisas científicas no Brasil é grande. Um dos fatores para isso é a falta de investimentos no campo da ciência. A média mundial de investimento em pesquisa e desenvolvimento como parte do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é de 2,22%. No Brasil, a média é de 1,26%. Para Ety, a pandemia da COVID-19 trouxe luz à importância dos estudos científicos. “Hoje, mais do que nunca, dependemos da ciência para encontrar uma saída para esta grande crise provocada pela pandemia”, destaca.

O Instituto atua a partir de sete linhas de pesquisa (veja box abaixo) e, em 2021, contou com 17 pesquisadores principais e 110 alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Essa grande equipe se dedicou a mais de cem projetos, com destaque para 13 pesquisas voltadas ao coronavírus.

Programa de mestrado e doutorado

Outra grande contribuição do Instituto de Pesquisa é com a formação de profissionais especializados em pediatria, por meio do Programa de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, desenvolvido em parceria com a Faculdades Pequeno Príncipe. Desde a sua implantação, o Instituto já formou 64 mestres e 42 doutores.

“Temos hoje no Brasil 13 cursos de mestrado e nove de doutorado na área de pediatria, o que representa um número inferior ao que havia no final da década de 1990. O número de cursos é pequeno para um país continental, com cerca de 60 milhões de pessoas abaixo de 18 anos, com grandes proporções e variações geográficas nos tipos e incidências das doenças da criança”, contextualiza o diretor-científico do Instituto, Bonald Cavalcante de Figueiredo.

Ele ressalta ainda que o Programa de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, ofertado a partir de 2007, é o único no Brasil com interface entre a biotecnologia e a pediatria. “Isto nos permite desenvolver ferramentas com inovações no diagnóstico e no tratamento, incluindo todas as áreas do conhecimento”, explica.

As sete linhas de pesquisa


  • Doenças complexas e oncogenética
  • Estudos epidemiológicos, clínicos e educacionais
  • Imaginologia, proteção radiológica e radioterapia
  • Medicina molecular e bioinformática
  • Microbiologia e doenças infecciosas
  • Neurociências
  • Terapia celular e farmacológica

Importantes incentivadores

Se hoje o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe colhe os frutos de um trabalho que beneficia milhares de crianças e adolescentes de todo o Brasil, é porque há mais de 16 anos o Complexo Pequeno Príncipe ousou em sonhar com fazer ciência no país. Para isso, a instituição contou com o apoio de grandes incentivadores. Como o médico Nilson Santos (em memória) e a pesquisadora Mara Lúcia Cordeiro – hoje diretora de Relações Institucionais da unidade de pesquisa –, responsáveis pela aproximação do Pequeno Príncipe com Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Ao emprestar seu nome ao Instituto de Pesquisa, Pelé tem marcado um verdadeiro gol de placa no que se refere à causa da saúde infantojuvenil.

Pesquisas sobre a COVID-19

Outra pesquisa é a que estuda a predisposição genética a infecções pelo coronavírus, que integra o projeto mundial COVID Human Genetic Effort. A iniciativa busca entender por que alguns pacientes que não são do grupo de risco desenvolvem formas graves da doença. Ao descobrir os mecanismos genéticos e imunológicos envolvidos na evolução da COVID-19 grave é possível, por exemplo, identificar novos alvos terapêuticos para o desenvolvimento de estratégias e medicamentos mais efetivos para enfrentar a doença.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa também estão conduzindo um projeto no qual avaliam as manifestações neurológicas e neurocognitivas em crianças e adolescentes com a COVID-19 atendidos pelo Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe. Há ainda um estudo clínico que propõe o uso de células-tronco no tratamento de meninos e meninas com idades de 3 a 17 anos que apresentem quadro grave da doença.