Implante coclear permite que crianças com surdez severa passem a ouvir

Pequeno Príncipe é o único hospital pediátrico do Brasil credenciado para fazer o procedimento pelo SUS

Lilian Bechel ouviu o filho Vinícius dizer mamãe pela primeira vez quando ele tinha 5 anos. O menino nasceu prematuro, o que resultou em uma surdez severa. Somente após o implante coclear é que Vinícius Arthur Bechel começou a ouvir e, consequentemente, a falar. “Meu filho ouviu pela primeira vez no Hospital Pequeno Príncipe e, por isso, a instituição é tão importante para nós. O momento mais especial foi quando falou mamãe e papai pela primeira vez. Nós nem respondemos, só para ouvi-lo dizer mais uma vez. Foi mágico”, conta a mãe. Em acompanhamento com a equipe multidisciplinar do Hospital, Vinícius fez grandes progressos e já fala perfeitamente.

Assim como Vinícius, muitas crianças nascem com surdez severa – a estimativa é de duas a cada mil nascidos vivos. Além delas, há aquelas que adquirem a surdez por alguma doença ou trauma. “Estima-se que em Curitiba e Região Metropolitana nasçam oito crianças por mês com surdez severa. Outras oito adquirem a surdez, o que eleva para 16 o número de crianças nessa condição”, explica o médico Rodrigo Guimarães Pereira, coordenador do Serviço de Saúde Auditiva e Implante Coclear do Hospital Pequeno Príncipe. No Brasil, estima-se que sejam em torno de 5 mil crianças nascidas com surdez severa ou profunda por ano, segundo dados do Ministério da Saúde.

O Pequeno Príncipe é o único hospital pediátrico do Brasil credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer o implante coclear – outros serviços fazem o procedimento em adultos e crianças. “O fato de sermos exclusivamente pediátricos nos permite dar um atendimento integral aos meninos e meninas, contemplando também outras eventuais necessidades que eles tenham, principalmente em relação a doenças graves e síndromes associadas com a surdez”, destaca. As cirurgias no Pequeno Príncipe começaram a ser feitas pelo SUS em 2011 e até 2018 foram beneficiados 112 pacientes. “Em 2017, passamos também a fazer a cirurgia para correção da perda auditiva causada pela microtia, uma malformação que faz a criança nascer com a parte externa da orelha não desenvolvida”, conta Pereira.

A equipe é formada por três cirurgiões e três fonoaudiólogas especializados no tratamento da surdez, além de enfermeiras, assistentes sociais e psicólogas capacitadas para o atendimento a pacientes com doenças crônicas. Além do centro cirúrgico, há toda uma estrutura para atendimento fonoaudiológico, fundamental na avaliação e no pós-operatório, que irá monitorar a adaptação do paciente ao implante, ajustando o grau de audição e orientando o desenvolvimento da linguagem por vários anos. Os resultados obtidos com o procedimento são muito animadores. “Quando feito na idade certa, o implante restabelece a capacidade auditiva em praticamente 100%. Isto quer dizer que uma criança que estava fadada a ter uma linguagem e contato social limitados passa a ser uma criança com convívio social normal”, reflete o otorrinolaringologista. O implante, portanto, facilita a inclusão social e garante um direito da criança.

Ensino e Pesquisa
Outro diferencial do serviço do Pequeno Príncipe é que ele também é voltado para o ensino e a pesquisa. Desde 2009, a instituição mantém um programa de pós-graduação em Otorrinolaringologia Pediátrica, com ênfase no tratamento de doenças do ouvido, nariz e garganta em crianças com quadros clínicos graves. O serviço atua em parceria com o programa de residência médica do Hospital e oferece oportunidade para residentes de outras instituições de ensino, contribuindo para a formação de novos otorrinolaringologistas melhores preparados para o atendimento de crianças e adolescentes. Essas equipes desenvolvem estudos clínicos e pesquisas de ciências básicas que são publicados e apresentados em congressos nacionais e internacionais. O serviço realiza, ainda, eventos sociais e científicos voltados para a comunidade, como simpósios, cursos de aprimoramento e cursos voltados para pais de pacientes implantados.

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