Pesquisadores lançam livro sobre TDAH

A obra orienta pais e professores sobre como cuidar e conviver com os pacientes que têm o transtorno

Lançado no último mês de dezembro, o livro “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): como entender e ajudar seu filho!” é mais uma contribuição dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe para a sociedade. O livro traz informações que buscam contribuir para a redução do estresse e melhoria da qualidade de vida de famílias e crianças com o diagnóstico.

“Estudos internacionais apontam que entre 3% e 7% das crianças em idade escolar sofrem com esse tipo de transtorno”, explica a pesquisadora neurocientista Mara Lúcia Cordeiro, que assina a obra ao lado do neuropediatra Antônio Carlos de Farias e da pedagoga mestre em neurodesenvolvimento Maria Cristina Barrionuevo Bromberg.

Desde 2007, Mara Lúcia coordena a linha de pesquisa que estuda os transtornos do neurodesenvolvimento. Em 2016, a equipe retomou o contato com 76 crianças diagnosticadas numa primeira etapa do estudo e que haviam sido encaminhadas para tratamento com medicação. Cerca de 60% tinham abandonado o tratamento por vários motivos, como situação econômica e falta de informação.

“Estudos demonstraram que portadores do TDAH não tratados são mais propensos a abandonar a escola, ter gravidez precoce, se envolver com drogas, sofrer acidentes, além de apresentarem baixa empregabilidade quando adultos, por exemplo. O desconhecimento das famílias sobre essas repercussões futuras geralmente leva ao abandono do tratamento. O livro é uma forma de contribuir para a conscientização e capacitação das famílias, para que possam ajudar seus filhos a ter uma vida feliz e atingir seu potencial”, informa.   

Ao longo de 2018, foram realizadas mais de 20 oficinas com famílias de pacientes com o transtorno. Esse contato rico embasou o conteúdo da publicação. O livro é dividido em duas partes: a primeira aborda temas relacionados aos aspectos científicos dos transtornos, e a segunda parte trata de temas relacionados ao impacto sobre a pessoa e sua família.

“No último capítulo, inclusive, incluímos perguntas que ouvimos durante as oficinas. Dúvidas sobre como ajudar o filho a se organizar em etapas mais avançadas da educação formal, quando a criança tem vários professores; qual a melhor forma de educar; se a criança já nasce com TDAH”, exemplifica.

A publicação contou com o apoio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do governo do estado do Paraná. Foram impressos quatro mil exemplares que estão sendo distribuídos gratuitamente a profissionais da área de saúde mental, professores e famílias. A equipe trabalha agora em uma versão on-line da publicação.

Impacto

Desde o início dos estudos em transtornos do neurodesenvolvimento, em 2007, os pesquisadores do núcleo de neurociências do Instituto de Pesquisa já avaliaram gratuitamente cerca de 1,5 mil crianças e adolescentes matriculados na rede municipal de ensino. “Essas crianças passaram por cerca de sete a dez avaliações com diferentes profissionais”, conta Mara Lúcia.

Uma parceria com a Secretaria Municipal da Educação, por meio do Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado, possibilita que os professores encaminhem para o Instituto de Pesquisa aqueles alunos que apresentam problemas de comportamento e/ou dificuldades de aprendizagem. A partir da avaliação dos pesquisadores, as crianças são diagnosticadas e encaminhadas para atendimento. “Algumas precisavam apenas de óculos, mas encontramos crianças com diversos outros diagnósticos, como Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de Depressão”, revela.

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