Equipamento adquirido com recursos do Gala é utilizado na pesquisa e na assistência

Cromatógrafo permite que os pesquisadores façam monitoramento de fármacos no sangue de pacientes, auxiliando médicos na tomada de decisão sobre a melhor dosagem a ser prescrita

Ao longo dos dez anos de realização do Gala Pequeno Príncipe, os recursos arrecadados contribuíram para ampliar a estrutura do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, além de apoiar o tratamento de crianças e adolescentes com doenças graves. “A sofisticação do nosso Gala está no olhar atento e profundo para as causas coletivas. Começamos em Curitiba, passamos por São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e Nova York. Multiplicamos o trabalho realizado na nossa trajetória centenária. Fico muito feliz em compartilhar com vocês que, por meio desse projeto, já arrecadamos mais de R$ 23 milhões para as atividades de assistência e pesquisa do Pequeno Príncipe”, enfatiza a diretora-executiva do Hospital Pequeno Príncipe, Ety Cristina Forte Carneiro, que também é diretora-geral do Instituto de Pesquisa.

Um dos equipamentos adquiridos é o cromatógrafo em fase líquida (HPLC), que além de fundamental para diversas pesquisas realizadas no Instituto está beneficiando pacientes do Hospital, já que tem permitido o monitoramento de alguns fármacos importantes.

O cromatógrafo é um equipamento que permite a análise de moléculas presentes em misturas complexas. Essas análises podem ser qualitativas, como as realizadas em estudos que avaliam a composição química de plantas para permitir a identificação de novas moléculas como potencial farmacológico – uma das linhas de pesquisa desenvolvidas no Laboratório de Cromatografia do Instituto e coordenadas pelo pesquisador doutor Lauro M. de Souza; ou quantitativas, ou seja, ele permite identificar a quantidade de um determinado composto a partir de matrizes complexas, como o sangue, possibilitando que os pesquisadores apliquem uma das modalidades modernas da “medicina de precisão”, que é o monitoramento terapêutico de fármacos (TDM – Therapeutic Drug Monitoring).

No Laboratório de Cromatografia do Pequeno Príncipe, atualmente são realizadas pesquisas com dois importantes fármacos: o mitotano, usado no tratamento de pacientes com câncer de córtex adrenal, e o voriconazol, um medicamento para tratar diversas infecções fúngicas, com grande importância para os pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO).

O pesquisador Souza, que coordena o trabalho, explica que, apesar de existir uma recomendação de dosagem desses medicamentos para pacientes pediátricos, alguns pacientes podem apresentar quadros tóxicos ou, ainda, não apresentarem efetividade ao tratamento. Isso deve-se às características próprias de cada paciente, portanto o acompanhamento individual é fundamental. Dessa forma, essas análises realizadas no cromatógrafo permitem medir a quantidade dos fármacos presentes no sangue dos pacientes. Com essa informação, juntamente com avaliação do quadro clínico, a equipe médica é capaz de tomar decisões sobre o regime terapêutico para cada paciente, podendo aumentar ou diminuir a dosagem, conforme a necessidade, substituir a via de administração ou mesmo suspender ou trocar o fármaco. Como consequência, o Pequeno Príncipe consegue oferecer um tratamento mais assertivo e mais seguro para seus pacientes.

“Fazemos análises semanais do sangue dos pacientes em utilização desses fármacos. Somente em 2021 foram realizadas cerca de cem análises, que beneficiaram 43 pacientes em tratamento de doenças complexas”, conta o cientista.

Medicamentos de alto custo
Outra aplicação dos recursos recebidos por meio do Gala é para a compra de medicamentos de alto custo que não são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Guilherme Vinícius dos Santos Ribeiro foi um dos pacientes beneficiados. Aos 5 anos de idade, ele foi diagnosticado com uma doença rara, a síndrome de Wiskott-Aldrich, caracterizada pela presença de plaquetas baixas, infecções de repetição, desenvolvimento de diversos tipos de câncer e doenças autoimunes. O único tratamento com possibilidade de cura é o transplante de medula óssea.

Moradora de Recife, Região Nordeste do Brasil, a família viajou para Curitiba em busca de atendimento no Pequeno Príncipe, que detém hoje a maior experiência nacional nesse tipo de transplante.

Guilherme foi transplantado em janeiro de 2021 e no pós-transplante ele apresentou uma série de complicações provocadas por bactérias e vírus. “Foi um período de muita angústia e muito sofrimento. Ele sentia dor, e nenhum remédio curava as infecções.” A médica-chefe do Serviço de Transplante de Medula Óssea, Carmem Bonfim, informa que o garoto teve uma complicação chamada cistite hemorrágica. “É uma complicação terrível porque a criança fica urinando coágulos, o que causa intensa dor.”

O remédio que poderia estabilizar o quadro de Guilherme chama-se cidofovir. É importado e considerado de alto custo. Cada ampola custa R$ 7 mil, e o tratamento completo exige cinco ampolas, totalizando R$ 35 mil. O Sistema Único de Saúde não o fornece. Mas graças ao apoio de diversos doadores, inclusive por meio do Gala, o Pequeno Príncipe conseguiu oferecer o medicamento ao adolescente. “Meu filho chorava de dor todos os dias, e depois que recebeu esse medicamento a vida dele mudou. As infecções acabaram, e o transplante de medula óssea deu certo”, comemora a mãe.

Prestação de contas
O Gala Pequeno Príncipe 2021 foi realizado de forma virtual, em função da pandemia da COVID-19, superando o distanciamento e aproximando corações solidários. Mais uma vez, o evento bateu a sua meta de captação de recursos, ultrapassando R$ 1,5 milhão doados.

Acompanhe, no quadro abaixo, a aplicação dos recursos recebidos:

Equipamento adquirido com recursos do Gala é utilizado na pesquisa e na assistência

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