Dois anos depois da retomada, Hospital quase dobra o total de transplantes hepáticos, com 23 procedimentos
O Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, alcançou um recorde no número de transplantes realizados em 2021, segundo ano da pandemia do coronavírus. Ao todo foram 282 procedimentos, oito a mais do que em 2019, quando a instituição registrou seu último recorde. Foram feitos 122 transplantes de tecido ósseo, 74 de medula óssea, 43 de válvula cardíaca e mais 43 de órgãos (coração, rim e fígado).
Retomado em janeiro de 2020, o transplante hepático foi um dos responsáveis pela elevação dos números. Com 23 procedimentos e uma taxa de sobrevida de 97%, o Pequeno Príncipe praticamente dobrou o total desse tipo de transplante em relação ao primeiro ano de retomada e transformou dezenas de vidas. “A ideia era mesmo duplicar de um ano para outro e manter o crescimento, porque são crianças que precisavam ir para fora do estado. E no ano passado recebemos pacientes do Acre, do Mato Grosso e de Brasília”, explica a médica responsável pelo Serviço de Transplante Hepático, Giovana Camargo de Almeida.
A cirurgiã lembra ainda que o sucesso na ampliação no número de transplantes foi possível porque o Paraná é um dos estados com maior captação de órgãos de doador cadavérico por habitante – são 50 doações por milhão de habitantes. “Fazemos muitas cirurgias com doador vivo. Mas em alguns casos, muito específicos, a gente faz com doador cadavérico também. Às vezes não existe o doador na família ou às vezes uma criança está muito grave, com risco muito alto, então não expomos um doador saudável”, ressalta.
As singularidades do transplante infantil revelam ainda mais a importância da conscientização sobre doação de órgãos. Foi o gesto solidário de uma família em luto que salvou a vida de Flor de Lis de Oliveira da Palma Cardoso, de 2 anos. “Ela estava em estado muito grave na UTI, teve uma pequena melhora, e o doador surgiu no momento exato. Se ela não tivesse passado pelo transplante, eu teria perdido minha filha. Hoje ela é a alegria da casa e apronta o dia inteiro. Mesmo tomando imunossupressores, é uma criança saudável”, recorda a mãe, Fanimar José de Oliveira.
Referência nacional em tratamentos complexos no público infantojuvenil, o Pequeno Príncipe também está consolidando-se no transplante hepático em crianças com menos de 10 anos, como Flor de Lis. É o único hospital no Paraná a realizar o procedimento em pacientes dessa faixa etária. “Temos crianças de muito baixo peso e temos conseguido operar crianças de cinco quilos, seis quilos, com bom resultado, e fornecer um suporte muito adequado para estes pacientes”, conta a responsável pelo serviço.
A estrutura de suporte é outro diferencial do Serviço de Transplante Hepático e dos demais serviços de transplante do Pequeno Príncipe. Como o Hospital oferece atendimento em 32 especialidades médicas, as equipes contam com especialistas das mais diferentes áreas para compor o grupo de atenção aos pacientes. Somam-se às equipes médicas os profissionais de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, psicólogos e assistentes sociais. Os casos são amplamente discutidos pela equipe multiprofissional antes da indicação cirúrgica. O planejamento cirúrgico, anestésico e clínico é cuidadosamente preparado e individualizado para cada paciente. Tudo isso – aliado à estrutura física da instituição, com condições técnicas e equipamentos com tecnologia de ponta em seus 68 leitos de UTI e nas nove salas do Centro Cirúrgico – garante um trabalho cuidadoso e amplo com atendimento de excelência, humanizado e com equidade.
Preparação da equipe
O sucesso dos procedimentos é resultado da retomada do serviço, que completou dois anos em janeiro. Para este momento histórico, o Hospital recebeu o cirurgião Rodrigo Vianna, diretor do Miami Transplant Institute (MTI), o maior hospital de transplantes dos Estados Unidos. Além de dirigir a instituição, o médico é reconhecido internacionalmente pela técnica que reduziu substancialmente o tempo de duração das cirurgias de transplante de fígado.
O Pequeno Príncipe reuniu condições técnicas e equipamentos semelhantes aos utilizados nos Estados Unidos. A equipe formada para realizar os transplantes é multiprofissional, também seguindo o exemplo internacional. Ao todo são 22 profissionais, entre cirurgiões, hepatologistas, anestesistas, intensivistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.
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