Câncer infantil no Brasil mata duas vezes mais do que nos Estados Unidos

Faltam centros de referência como o Hospital Pequeno Príncipe, que oferece cuidados desde o diagnóstico até o transplante de medula óssea

Dificuldade para fazer diagnóstico precoce e para chegar aos centros especializados de tratamento é a principal causa que leva à alta mortalidade por câncer infantil no Brasil. Enquanto a taxa nos Estados Unidos é de 22 mortes por milhão, no Brasil o índice fica em 43,4 por milhão, ou seja, praticamente o dobro.

Os dados refletem a realidade até 2019 e constam em um levantamento sobre o panorama da oncologia pediátrica no Brasil feito pelo Instituto Desiderata com o apoio técnico de profissionais da Fundação do Câncer, do Instituto Nacional de Câncer e da Iniciativa Global da Organização Mundial da Saúde para o Câncer Infantil na América Latina e Caribe.

“Infelizmente, no Brasil, ainda existem poucos centros especializados no tratamento do câncer infantil. O Hospital Pequeno Príncipe é um desses centros e oferece tratamento completo, desde o diagnóstico até o transplante de medula óssea, nos casos em que há indicação. Também oferecemos uma estrutura completa de exames, incluindo os genéticos, que auxiliam imensamente na decisão de qual tratamento oferecer para cada criança”, explica a médica-chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia da instituição, Flora Mitie Watanabe.  

O Hospital Pequeno Príncipe é o mais importante centro para tratamento de câncer na infância e na adolescência do Paraná e um dos principais do Brasil. O Serviço de Oncologia e Hematologia foi implantado oficialmente em 1968, mas desde 1962 já eram realizados atendimentos. O Registro Hospitalar do Câncer, serviço que coleta dados sobre esse tema, foi implementado em 2003.

O grande diferencial do Serviço de Oncologia do Pequeno Príncipe está na sua estrutura de suporte. Como o Hospital oferece atendimento em 32 especialidades médicas, a equipe de oncopediatras conta com especialistas nas mais diferentes áreas, 24 horas por dia, para compor o grupo de atenção aos pacientes. Somam-se às equipes médicas, os profissionais de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, dentistas, psicólogos e assistentes sociais.

A estrutura física da instituição também favorece o tratamento. O Hospital tem 68 leitos de UTI, um centro cirúrgico com nove salas que funcionam todos os dias da semana e equipamentos de última geração para realização de exames. O Serviço de Oncologia dispõe de uma área exclusiva para internamento com 21 leitos. Para aqueles pacientes que precisam receber medicação, mas não há necessidade de ficarem internados, há um setor que funciona no conceito de hospital-dia. Nesse espaço, além das consultas, são realizadas as sessões de quimioterapia.

No Pequeno Príncipe, são atendidos cerca de cem novos casos de câncer infantil por ano, com predominância das leucemias, dos tumores do sistema nervoso central e dos tumores abdominais. “Diariamente fazemos cerca de 30 sessões de quimioterapia e 35 consultas”, conta a médica. A taxa de sobrevida na instituição está em 74% e se aproxima do resultado nos centros internacionais.

Transplante de medula óssea
Para muitos pacientes oncológicos e hematológicos, o transplante de medula óssea (TMO) representa a grande chance de vencer a doença. Em 2011, o Pequeno Príncipe inaugurou sua unidade de TMO com três leitos e, em apenas cinco anos, precisou mais do que triplicar o espaço. Desde 2016, são dez leitos exclusivos para esse atendimento. O primeiro grande impacto gerado pela unidade foi zerar a fila de espera por TMO no Paraná. Ao final de 2020, o Pequeno Príncipe respondeu por 12% de todos os transplantes de medula óssea pediátricos realizados no Brasil.

Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce faz toda a diferença no sucesso do tratamento do câncer infantil – por meio dele, cerca de 80% dos casos de câncer alcançam a cura. Mas, infelizmente, a grande maioria dos pacientes chega ao Pequeno Príncipe com a doença mais avançada. Um estudo feito pelo Hospital, englobando dados de pacientes atendidos entre os anos de 1998 e 2017, mostrou que apenas 8,8% chegaram com o primeiro estágio da doença, e 33,5%, com o segundo. Portanto, o restante (57,6%) deu entrada com câncer em nível já avançado. “A observação cuidadosa da criança pelos pais é que faz a diferença. Os sintomas nunca são isolados, e se há uma suspeita, o melhor é conversar com o seu pediatra”, reforça a médica.

Os principais sintomas que devem ser observados para fazer o diagnóstico precoce são:

Clique aqui e conheça a história de Gabriel na luta contra o câncer.

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