Número de casos de COVID-19 em 2021 é quatro vezes maior do que no ano anterior

A maioria das crianças e dos adolescentes que necessitaram de internamento não tinha comorbidades

O ano ainda não acabou, e os números já são assustadores. De janeiro a outubro de 2021, o Pequeno Príncipe atendeu 1.250 crianças e adolescentes com diagnóstico positivo para COVID-19. O número é quatro vezes maior do que o registrado em 2020, primeiro ano da pandemia. “A média mensal de pacientes internados em 2020 foi oito. Neste ano tivemos um aumento de 163%, passando para 21 casos por mês”, revela o médico infectologista Victor Horácio de Souza Costa Júnior, vice-diretor-técnico e coordenador de Ensino e Pesquisa do Hospital Pequeno Príncipe.

Do total de casos diagnosticados, 235 pacientes – cerca de 20% – necessitaram de internamento, sendo que 58 foram para a UTI. E 54% das crianças e dos adolescentes que ficaram internados não tinham nenhuma comorbidade. “Se espalhou pelo mundo a ideia de que criança saudável não faz quadros graves de COVID-19, mas os nossos números indicam que todos estão sujeitos a ter um quadro agravado”, ressalta o especialista. Infelizmente foram registrados oito óbitos na instituição, que se somam a outros cinco no primeiro ano da pandemia.

Segundo o médico, as famílias buscaram atendimento mais rápido, contribuindo para a precocidade dos diagnósticos. “O diagnóstico precoce faz toda a diferença para a boa evolução do tratamento. As famílias estavam mais alerta neste ano, e felizmente recebemos as crianças com a doença na fase mais inicial, o que aumenta as chances de cura. Os nossos médicos no Pronto-Atendimento também conseguiram fazer diagnósticos mais precoces.”

Nos últimos meses, o número de casos vem caindo consideravelmente, sobretudo graças à vacinação. “Adultos vacinados protegem as crianças, enquanto não chega a vez delas de se vacinarem”, enfatiza Costa Júnior. Ele acredita que a liberação das vacinas para as crianças deve ocorrer em breve. “Vários países já estão vacinando, e acredito que teremos um bom resultado aqui no Brasil também.”

Flexibilização é precoce
“Nos últimos meses estamos vivendo uma queda considerável no número de casos, mas isso não significa que a pandemia acabou”, frisa o especialista. Ele recomenda que as medidas de precaução, como uso de máscara e distanciamento social, continuem sendo seguidas. “Em alguns países da Europa, a flexibilização dessas medidas trouxe novamente o aumento de casos. Considero prematuro deixar essas medidas de lado porque a maioria dos idosos ainda não tomou a terceira dose, e as crianças não foram vacinadas”, defende.

O alerta vale especialmente para as festas de final de ano. “Nosso temor é que os encontros de Natal e ano-novo, tão tradicionais, possam trazer um novo aumento no número de contaminados. Eu diria que ainda é cedo para promovermos e participarmos de grandes festas. Minha recomendação é para que os encontros se realizem com o menor número possível de pessoas, utilizando máscara”, finaliza.

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