Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe testou o uso de um jogo utilizado em plataforma digital estruturado para melhorar a capacidade de atenção de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), associado ao Transtorno de Aprendizagem (TAP).
O estudo foi desenvolvido com 26 pacientes de sete a 14 anos, que durante três meses utilizaram o jogo duas vezes por semana, por uma hora. Ao final do período, foi possível perceber melhora em algumas habilidades; melhoria na atenção e na memória; redução de problemas comportamentais; e melhoria no desempenho acadêmico, especialmente em matemática. Esta foi a primeira vez que um jogo eletrônico estruturado foi avaliado cientificamente para checagem dos benefícios que pode proporcionar.
Os pesquisadores explicam que os jogos eletrônicos com o objetivo de melhorar o foco e a atenção usam o princípio da plasticidade cerebral, que é a capacidade que o cérebro tem de se remodelar conforme os estímulos e as experiências. “Na infância, a plasticidade é mais intensa e um programa estruturado de treinamento cognitivo pode induzir mudanças na arquitetura cerebral, além de promover melhora das habilidades cognitivas comprometidas, prevenindo o agravamento da doença”, explica a coordenadora do estudo, Mara Lúcia Cordeiro.
O médico neurologista e autor do trabalho, Antônio Carlos de Farias, ressalta, no entanto, que mesmo comprovando cientificamente os benefícios dos jogos eletrônicos estruturados, a exposição das crianças e dos adolescentes não deve ser exagerada. “É como um remédio, é preciso utilizar na dose certa. A tecnologia está aí. A discussão que temos que fazer é como utilizá-la da melhor forma”, pondera.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) faz uma recomendação de exposição diária às telas, por faixa etária. Mesmo com esse tempo possível diante das telas, a AAP orienta que os pais priorizem atividades criativas e brincadeiras que promovam a interação, longe dos eletrônicos.
Bebês: nenhuma exposição diária às telas.
2 a 5 anos: uma hora por dia, de programação de qualidade e apropriada à idade.
6 anos e mais: cabe aos pais determinar a quantidade de tempo com base nas recomendações gerais, com monitoramento dos conteúdos. Farias, no entanto, considera que o ideal é não ultrapassar uma hora por dia.
Pesquisas no Instituto
O estudo com os jogos digitais é um dos 95 projetos que estão em desenvolvimento no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. A instituição conta com 15 pesquisadores que se dividem em sete diferentes linhas de pesquisa e orientam dezenas de mestrandos e doutorandos.
O Instituto tem como missão aumentar o percentual de cura de doenças complexas da infância e da adolescência. E como o conhecimento não encontra fronteiras, a instituição acredita que pode beneficiar crianças e adolescentes do mundo inteiro por meio de suas descobertas.
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