História do Pequeno Príncipe foi escrita a muitas mãos

Conheça alguns colaboradores que tiveram o privilégio de acompanhar o crescimento da instituição

A auxiliar de enfermagem Wladyslawa Provessi, que nasceu na Alemanha e chegou ao Brasil com três anos de idade, dedica-se ao cuidado das crianças e dos adolescentes em tratamento no Hospital Pequeno Príncipe há 51 anos. É a colaboradora com mais tempo de casa. Em mais de meio século de trabalho, ela acompanhou o crescimento da instituição e viveu inúmeras histórias que guarda com carinho.

“Minha história no Hospital começou em 1º de abril de 1968. Pouco antes disso, estava terminando o curso de Enfermagem e precisava fazer estágio. Quando conheci a pediatria, me apaixonei”, conta. Wlady, como é carinhosamente chamada, explica que na época tudo era muito diferente. “Os pais não ficavam com as crianças internadas. No domingo, quando era o momento de visita, nos dedicávamos para deixar todos os pequenos pacientes arrumados, com as roupas mais bonitas de doação. As seringas eram de vidro e precisavam ser fervidas para esterilizar. A agulha era de inox e precisava ser ‘apontada’ de tempos em tempos”, lembra.

Com 40 anos de dedicação ao Pequeno Príncipe, o motorista Nelson Gonçalves recorda a época em que um fogão a lenha ficava aceso dia e noite para abastecer a caldeira que mantinha diversos equipamentos do Hospital. Ele dirigiu a primeira Kombi que serviu de ambulância para a instituição, depois a Caravan, até chegar nos modelos atuais. “As crianças precisavam ser levadas para outros lugares para fazer exames e cateterismo. Hoje, o Hospital oferece tudo aqui mesmo”, compara.

Com mais de 40 anos de Pequeno Príncipe, a médica oncologista Flora Mitie Watanabe também acompanhou a evolução da instituição e da própria medicina. Trabalhar numa época em que as doenças ainda eram pouco conhecidas, em que não haviam protocolos e os medicamentos não estavam avançados, trazia angústias diárias. “Naquele tempo, década de 1970, o câncer era sentença de morte. Nós íamos tateando dia a dia. Decidíamos o que fazer naquela semana, mas não sabíamos por qual caminho seguir na semana seguinte. E ainda assim curamos muitas crianças. Não havia internet, Google, era difícil acessar os artigos científicos. A oncologia pediátrica estava começando no Brasil”, ressalta a médica. “Hoje, no nosso serviço, a sobrevida está em torno de 78%. É um bom número, mas queremos sempre mais e melhor para os nossos meninos e meninas”, completa.

Amor pelo trabalho

O que não mudou ao longo dos anos foi a sensibilidade das equipes do Pequeno Príncipe, que trazem a compaixão e o respeito presentes no DNA da instituição para o fazer diário. “O carinho pelas crianças sempre veio em primeiro lugar”, testemunha Wlady.

“O Hospital é a minha segunda casa. Todo mundo que trabalha aqui, trabalha com amor. A pessoa entra e não quer sair mais. Enquanto as minhas pernas estiverem aguentando, eu quero estar aqui”, diz o motorista Nelson.

Para a médica Flora, responsável por revelar às famílias diagnósticos tão duros como os de câncer infantojuvenil, a empatia e a compaixão são os únicos caminhos possíveis para o trabalho numa instituição como o Pequeno Príncipe. “Há muitas formas de falar com as famílias. É preciso deixar espaço para a esperança. É preciso ouvir as preocupações, o sofrimento, as histórias de vida”, ensina.

Das muitas lições que aprendeu ao longo dos seus mais de 40 anos trabalhando no Serviço de Oncologia, ela lembra da história da paciente Rutinha, que chegou para uma consulta muito suja. “Chamei atenção da mãe por ter levado a criança sem banho e naquele estado. Ela encheu os olhos de lágrima e me contou que, sem dinheiro para chegar a Curitiba, tinha viajado por uma semana pegando carona na estrada. Havia dormido na rua e embaixo de viadutos, pedido dinheiro a estranhos para conseguir chegar. Senti muita vergonha, pedi desculpas, acionei a assistência social para ajudá-la a encontrar um lugar para descansar. Rutinha ficou curada e hoje tem filhos. E eu aprendi que não podemos julgar ninguém pelas aparências, pois nunca conseguiremos dimensionar com exatidão a dor do outro. As famílias, e sobretudo as mães que ficam mais tempo dedicadas às crianças, são verdadeiras heroínas. Acho que aprendi muito mais com elas do que nos livros. Aprendi a ser mais humilde. São as pessoas em quem eu me inspiro diariamente”, revela.

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