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ALTA COMPLEXIDADE | Serviço de Otorrinolaringologia

Entre os procedimentos pediátricos, as cirurgias otorrinolaringológicas são comuns e rotineiras, desde a retirada de amígdalas até as mais complexas, como as cirurgias de base de crânio. O Serviço de Otorrinolaringologia do Pequeno Príncipe é referência nacional pela alta complexidade dos casos tratados, e a instituição é a única exclusivamente pediátrica do país habilitada pelo Ministério da Saúde para realizar implante coclear pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2021, a especialidade realizou 20 implantes cocleares – sendo 70% pelo SUS –, 3.552 consultas ambulatoriais e 2.708 cirurgias. Desde a década de 1930, o então Hospital de Crianças já possuía um Serviço de Oftalmotorrinolaringologia – na época, as patologias oculares e otorrinolaringológicas eram tratadas por um profissional especialista em doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta. A partir de 1994, com a formalização do Serviço de Otorrinolaringologia, as crianças e adolescentes passaram a ter acompanhamento por uma equipe focada no diagnóstico e tratamento – clínico e cirúrgico – das doenças de ouvido, nariz, garganta, laringe e pescoço.
O serviço conta com uma sala própria no Centro Cirúrgico com equipamentos exclusivos e uma estrutura especial para o atendimento do público infantojuvenil, que vai de bebês até adolescentes. Além dos médicos otorrinolaringologistas pediátricos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros são fundamentais no tratamento que envolve as cirurgias de implante coclear, seja para monitorar e adaptar o paciente, como para ajustar o grau de audição e orientar o desenvolvimento da linguagem.
Um marco importante ocorreu em 2011, quando a especialidade realizou com sucesso as primeiras cirurgias de implante coclear do Paraná pelo SUS. De acordo com o médico responsável desde a formalização do Serviço de Otorrinolaringologia do Pequeno Príncipe, Lauro João Lobo Alcântara, essa credencial faz com que o Pequeno Príncipe seja referência nesse tipo de procedimento no Brasil. “Recebemos muitos pacientes do nosso estado, mas de outras partes do país também, como a Região Norte e Nordeste. Nosso diferencial em tratar crianças e adolescentes com síndromes complexas com humanização e excelência proporciona isso”, ressalta.

Implante coclear
O procedimento é indicado para crianças e adolescentes com perda auditiva severa ou profunda, que não têm um resultado efetivo utilizando aparelho auditivos convencionais. A cirurgia de implante coclear consiste em inserir na parte interna do ouvido um dispositivo eletrônico composto por um aparelho receptor interno e um eletrodo, que segue até a cóclea – responsável pela função auditiva e localizada na região do ouvido interno, semelhante à concha de um caracol. Externamente fica um dispositivo, que contém microfones para captar o som e transmitir para a parte interna do implante, acoplado à parte interna via ímã sobre a pele.
“Esse conjunto de equipamentos passa a fazer a função da cóclea, codificando os sons, transformando os sinais sonoros em impulsos bioelétricos, caminhando para as vias centrais auditivas”, explica o chefe do serviço. O procedimento dura, em média, de uma hora e meia a duas horas em cada orelha e é pouco invasivo. A parte interna do aparelho é introduzida no momento da cirurgia, já o dispositivo externo é ativado após 30 dias devido ao período de cicatrização.
Segundo o médico, o procedimento deve ser realizado o mais precocemente possível, assim que o diagnóstico é feito e se observa que não há resultado com o aparelho auditivo convencional. Em crianças abaixo de 1 ano, faz-se necessária uma equipe muito experiente em cirurgia pediátrica, pois tanto a anestesia quanto o procedimento se tornam mais delicados. A precocidade do procedimento é fundamental para se aproveitar o tempo ideal de desenvolvimento cerebral, seja para audição, seja para linguagem, por isso a idade não deve ser um fator limitante.
O Pequeno Príncipe conta com uma equipe multiprofissional especializada no público infantojuvenil e toda a estrutura necessária para realizar o diagnóstico, o procedimento cirúrgico, o acompanhamento pós-cirúrgico e a reabilitação dos pacientes.

Cirurgia de base de crânio
Esse procedimento é complexo porque tem o objetivo de tratar lesões, grande parte tumores, situadas em um local profundo na base do crânio e face (ouvido e cavidade nasal, por exemplo), os limites entre a face, pescoço e sistema nervoso central. Regiões que são rotineiramente examinadas pelos médicos otorrinolaringologistas, não somente pela audição e equilíbrio, mas também pela saúde das cavidades nasais e dos seios paranasais.
Entre as doenças mais comuns em crianças que comprometem a base do crânio está a displasia fibrosa e outros tumores ósseos, que são caracterizados pela substituição do tecido ósseo e da medula óssea por um tecido fibroso, levando a lesões, fraturas e deformidades; além disso, os tumores de linhagem compatível com tecido do sistema nervoso central como meningoceles, gliomas e estesioneuroblastomas, que habitualmente surgem como uma massa de tecido anormal que pode ocasionar obstrução nasal, dor ou até mesmo sangramento nasal.
O nasoangiofibroma juvenil, que é um tumor raro não canceroso – mas com comportamento agressivo – que cresce na região dos seios da face, podendo espalhar-se e envolver a base de crânio, também é visto com recorrência pelos especialistas pediátricos do Pequeno Príncipe. Hoje, com o avanço da tecnologia, é possível acessar a região por meio da nasofibroscopia, que é um aparelho constituído por um tubo – rígido ou flexível – com uma câmera na extremidade que auxilia no diagnóstico. O procedimento é realizado por meio de técnicas endoscópicas com o auxílio de ópticas rígidas e sistema de imagem.
“Hoje, nós conseguimos chegar até o local da doença por meio do nariz. Vamos deslocando até soltar todo o tumor. Em alguns casos, quando a massa é muito grande, é preciso fazer uma abertura na gengiva para auxiliar nessa soltura, mas de modo geral conseguimos fazer via transnasal”, detalha Lauro Alcântara. Quando o tumor é pequeno, a retirada é feita pelo nariz. Nos casos mais graves, a retirada é pela boca.
Esse também é considerado um procedimento que envolve uma equipe multidisciplinar focada na criança e no adolescente, pois além dos otorrinolaringologistas, os cirurgiões de cabeça e pescoço e neurocirurgiões pediátricos também podem contribuir para um resultado satisfatório e seguro para os pacientes.

Traqueoplastia
O procedimento é realizado para desobstruir a região interna da traqueia. No Pequeno Príncipe, grande parte das cirurgias de estenose de traqueia é realizada em pacientes que ficam um longo período entubados e precisam ser colocados em ventilação artificial. Nesses casos, um tubo é inserido na via aérea para ser conectado a máquinas que farão a respiração.
Muitas vezes, os tubos posicionados na traqueia geram um processo de cicatrização que evolui para uma estenose – fechamento do órgão que atua como um canal para passagem do ar. “Em alguns casos, é possível fazer o processo de dilatação da traqueia com endoscopia. Mas geralmente o problema não é resolvido e a cirurgia se faz necessária”, esclarece o otorrinolaringologista. Durante a cirurgia, é possível desobstruir a traqueia por meio de uma prótese ou enxerto, fazendo com que o órgão fique aberto e proporcione que a criança ou adolescente respire pelas vias normais.
