Protocolos e fluxos específicos para pacientes cirúrgicos garantem segurança na retomada dos procedimentos
Richard Caetano chegou ao Hospital Pequeno Príncipe no início de junho. A família tinha acabado de fazer uma ressonância magnética que identificou um grande tumor no cérebro do menino, que precisava ser retirado com urgência. No dia seguinte, Richard, de apenas 1 ano e meio, foi submetido a uma cirurgia que durou mais de 10 horas. “Retiramos parte do tumor na primeira cirurgia e, sete dias depois, fizemos uma segunda, igualmente longa, para completar a retirada”, conta o neurocirurgião Carlos Matozzo.
A pequena Isabella nasceu com uma malformação no coração. Um cateterismo realizado no mês de março indicou a necessidade de uma cirurgia corretiva, antes que ela completasse seis meses de vida. “Logo depois que fizemos o exame, as cirurgias eletivas foram suspensas por causa da pandemia. Tive muito medo de não dar tempo de fazer o procedimento na idade correta”, afirma a mãe, Graziela Perretto Rodrigues. O procedimento foi realizado no dia 1º de junho, mês em que Isabella completou cinco meses. Apesar da pandemia do coronavírus (COVID-19), a mãe diz que se sentiu segura para ir ao Hospital. “A todo momento precisamos trocar de máscara e usar álcool em gel. Não é uma situação 100% confortável, mas vejo que todos aqui estão tomando muito cuidado, muito mais do que fora do Hospital”, relata. “Meu maior temor era não conseguir fazer a cirurgia a tempo e prejudicar o desenvolvimento dela”, acrescenta.
Assim como Richard, outros pacientes passaram por cirurgias de emergência nesses meses. Já as eletivas, como a que Isabella necessitou, foram adiadas por causa da pandemia. De janeiro a abril de 2020, o Hospital deixou de fazer mais de 2 mil cirurgias. Agora, o Pequeno Príncipe está retomando as eletivas essenciais, com toda a segurança que o momento exige.
Para essa retomada, foram criados protocolos e fluxos específicos, que separam completamente o paciente com suspeita ou confirmação de COVID-19 dos demais e que monitoram previamente o candidato à cirurgia, assegurando que ele não esteja infectado pelo coronavírus no dia do procedimento.
Eletivas essenciais
“A retomada das cirurgias vai começar pelas eletivas essenciais, que são todas as cirurgias que, ao serem postergadas, causam prejuízo à condição clínica do paciente pelo avanço da doença de base e pelas eventuais complicações que podem decorrer desse avanço”, explica o diretor clínico do Hospital, Donizetti Dimer Giamberardino Filho.
O protocolo de segurança desenvolvido cria três barreiras clínicas para garantir que o paciente cirúrgico não esteja contaminado com o coronavírus (SARS-CoV-2) no dia da cirurgia. A primeira delas é uma ampla investigação, que será feita pelo médico cirurgião, pelo anestesista e no momento da internação.
A segunda barreira é o isolamento do paciente e do seu familiar nos 14 dias que antecedem a cirurgia. A família do paciente que tiver sua cirurgia agendada assinará um termo de compromisso, se comprometendo a cumprir o isolamento. No período de isolamento, serão repassadas orientações por telefone sobre a documentação necessária. Também será feita uma teleconsulta com o anestesista.
A terceira barreira acontecerá 48 horas antes da cirurgia e prevê que, em casos de suspeita de contágio, o paciente seja submetido ao teste RT-PCR, para investigação.
Ao chegar ao Hospital, o paciente e seu acompanhante terão uma área própria para se identificar e serão imediatamente levados ao quarto, utilizando um elevador exclusivo. Somente após chegar ao quarto é que serão preenchidos os documentos de internação. Além disso, haverá uma reavaliação feita pelo anestesista, desta vez presencial. Essa reavaliação também será feita no quarto, para evitar que o paciente circule pelo Hospital. O deslocamento até o Centro Cirúrgico será feito por uma rota que não coincide com o trânsito de pacientes com sintomas respiratórios.
O paciente cirúrgico – bem como os pacientes com suspeita de COVID-19, acompanhantes e colaboradores do Hospital – utiliza máscara para toda e qualquer circulação dentro da instituição. Para os menores de 3 anos, utiliza-se a tenda.
Pacientes com sintomas respiratórios
Os meninos e meninas com sintomas respiratórios em investigação ou confirmados com COVID-19 utilizam elevadores específicos dentro do Hospital, que não são compartilhados com os demais pacientes. Eles também ficam internados em uma ala totalmente reservada, no 4º andar e, quando necessitam de UTI, são direcionados a um ambiente exclusivo para esses casos. No Centro Cirúrgico, uma sala também foi isolada para uso restrito desses pacientes.
Sustentabilidade financeira
Além de preservar a saúde de crianças e adolescentes que necessitam de cirurgias para manter ou recuperar sua qualidade de vida, a retomada das cirurgias eletivas é um movimento importante para a saúde financeira do Hospital Pequeno Príncipe.
“Somos um hospital predominantemente cirúrgico e mais de dois terços das nossas internações são cirúrgicas. Nestes meses em que ficamos com as cirurgias suspensas, nosso déficit financeiro se agravou. No mês de maio, por exemplo, nosso faturamento relativo aos convênios caiu 60% em relação ao ano passado. Estamos fazendo esse movimento de retomada com toda a segurança necessária para nossos pacientes e com responsabilidade para mantermos a instituição financeiramente viável”, enfatiza o diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro.
Para aproximar ainda mais os avaliadores da principal certificadora brasileira da área da saúde da realidade da assistência prestada, o Hospital apostou em robôs de telepresença
Até as 10h do dia 19 de junho, o Hospital Pequeno Príncipe atendeu 178 casos suspeitos da doença, sendo que 14 deles foram confirmados