Pequeno Príncipe desenvolve ferramenta para prever demanda de leitos de UTI no enfrentamento da COVID-19

Baseado em modelagem matemática, instrumento cria inteligência estratégica para apoiar a gestão do Hospital

Prever a quantidade de leitos de UTI para atender as crianças e os adolescentes que vierem a necessitar desse tipo de suporte no enfrentamento da COVID-19 tem sido um grande desafio dos gestores de saúde em todo o mundo. No Pequeno Príncipe, o maior hospital pediátrico do Brasil, o Escritório de Gerenciamento de Valor elaborou uma ferramenta para prever essa necessidade, considerando a população de Curitiba (PR) e Região Metropolitana, sem deixar desassistidos os demais pacientes que continuam precisando de atendimento de alta complexidade.

“Buscamos criar inteligência estratégica para apoiar de forma eficiente a gestão do Hospital, prevendo o número de leitos pediátricos de UTI que serão necessários na nossa região e auxiliando na construção de um plano de contingência escalonado para atendimento de pacientes, de acordo com a taxa de ocupação de leitos”, explica o médico coordenador do Núcleo da Qualidade e do Núcleo de Pesquisa Clínica do Hospital Pequeno Príncipe, Fábio Motta.

A diretora executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro, salienta que o modelo foi apresentado aos gestores municipais e estaduais para contribuir com as gestões públicas. “Na nossa instituição, já temos 68 leitos de UTI e podemos implantar rapidamente mais dez, pois temos espaço, equipamentos e equipes. Esta ferramenta também nos ajudou a definir a quantidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o consumo de álcool, por exemplo, necessários para o momento de pico”, exemplifica.

Cálculos dinâmicos
Considerando o ritmo do avanço da pandemia em Curitiba e Região Metropolitana na semana do dia 4 de maio, as projeções nesta data apontam que o pico da COVID-19 deve ocorrer em julho. O modelo considera três possibilidades de cenário para calcular o número de doentes e a necessidade de leitos. No cenário-base, considera-se que cada pessoa infectada contamina outras duas pessoas. No cenário conservador, o índice de contaminação cai para 1,7 pessoa e, no cenário arrojado, cada contaminado infectaria outras três.  

“Considerando o cenário-base – que tem se mostrado o mais adequado para a nossa região –, estimamos que o sistema de saúde pode necessitar de até 30 leitos de UTI pediátricos. No pior cenário, a necessidade de leitos de UTI pode chegar até 225. Porém, ressaltamos, mais uma vez, que o modelo é dinâmico, está associado a diversos fatores – especialmente à adesão ao isolamento social – e nos permite rever constantemente o caminho que a pandemia está tomando na nossa região”, observa Motta. 

Modelo
O modelo matemático utilizado foi o de transmissão dinâmica SIR (Suscetível – Infectado – Recuperado), alinhado às recomendações da International Society of Pharmacoeconomics and Outcomes Research e da Society for Medical Decision Making (Pitman et al., 2012). “Na infecção por COVID-19, trabalhamos com uma lógica clínico-epidemiológica de que a população de suscetíveis decai e a de recuperados sobe com o avançar da pandemia. A população de infectados deve ter um comportamento de aumento de casos e, após alcançar o pico, um decréscimo”, destaca o farmacêutico líder do Escritório de Gerenciamento de Valor, Lucas Okumura.

O gráfico abaixo demonstra o funcionamento do modelo. O comportamento da curva amarela permite prever pontos críticos para o plano de contingência, tais como a velocidade de crescimento, a data e o número de infectados no pico epidemiológico e o possível ponto de redução do isolamento social (na curva azul). “Dessa forma mostramos capacidade científica e assistencial para o enfrentamento da COVID-19, além de permanecermos atuantes em outras condições clínicas pediátricas”, reforça Motta.

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