Estimativa é de que a pandemia da COVID-19 gere um déficit de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, que se somará à defasagem já recorrente de cerca de R$ 25 milhões ao ano na assistência gerada pelo subfinanciamento do SUS
O Hospital Pequeno Príncipe iniciou a sua preparação para o enfrentamento do coronavírus (COVID-19) em janeiro. Enquanto as equipes de saúde se desdobravam no planejamento de novos protocolos e medidas de prevenção, proteção e assistência aos pacientes e aos colaboradores, a equipe administrativa começava a sentir o impacto logístico e financeiro da pandemia. “Este momento que estamos vivendo terá um forte impacto na nossa sustentabilidade econômico-financeira. Nossa estimativa é de que o aumento dos custos de materiais e insumos essenciais para o atendimento à COVID-19, associado à queda do faturamento gerado pela suspensão de cirurgias, gere um déficit de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões este ano. Esse valor vai se somar ao déficit já recorrente na nossa instituição, que é de cerca de R$ 25 milhões ao ano na assistência, gerado pelo subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e R$ 8 milhões na pesquisa”, explica o diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro.
Considerando 16 itens dentre os que estão na lista dos mais utilizados no atendimento a pacientes com coronavírus (suspeitos ou confirmados), o Hospital costumava gastar cerca de R$ 65 mil reais por mês. Agora, com a elevação dos preços e o aumento do consumo, o gasto mensal quase triplicou, superando os R$ 170 mil.
Alguns Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como as máscaras N95, por exemplo, tiveram seu preço aumentado em quase 11 vezes, passando de R$ 1,75 para R$ 19,90. E mesmo com essa hipervalorização, está difícil encontrar o material no mercado. O consumo também aumentou muito, passando de 90 para 1.000 unidades por mês.
Os aventais descartáveis são outro exemplo bastante impactante. Antes da pandemia, o Hospital utilizava cerca de 30 unidades por mês. Agora são 500. O avental que custava R$ 7,95 é comprado hoje em dia a R$ 19,90. Um aumento de 150%.
A diretora executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro, lembra que além do aumento dos insumos, há uma questão climática que também afeta a instituição. “Nesse período do ano em que as temperaturas começam a cair, é normal que as crianças apresentem doenças respiratórias. Em função disso, o teste para investigação viral (COVID-19, H1N1, Influenza) será utilizado em larga escala. As despesas de custeio aumentam em função dos novos protocolos e de demandas extras, ao mesmo tempo em que as receitas diminuem em função das medidas de segurança adotadas pelo Pequeno Príncipe”, observa. Dentre essas medidas está a suspensão de todas as cirurgias eletivas (clique aqui e saiba mais).
Os custos relacionados aos Recursos Humanos constituem outro fator de pressão à estabilidade financeira da instituição. Para preservar a saúde da sua equipe de assistência, o Hospital está custeando o transporte de parte dos colaboradores, evitando assim que eles utilizem o transporte público. Há também algumas equipes hospedadas em hotéis para evitar que voltem às suas casas, reduzindo riscos de contaminação. Além dos custos dessas iniciativas, está sendo necessário reforçar a equipe com novas contratações para repor a força de trabalho de colaboradores que, eventualmente, poderão ser afastados por contrair o vírus.
“Mais do que nunca, precisamos do apoio da sociedade para superar este momento e continuar atendendo as crianças de todo o Brasil com a medicina de excelência que é a nossa marca há 100 anos”, declara. O Pequeno Príncipe elaborou alguns projetos que buscam recursos para cobrir as despesas geradas pelo enfrentamento ao coronavírus, de maneira a dar cobertura ao aumento do desequilíbrio financeiro da instituição gerado pela pandemia. Esses projetos estão abertos a receber o apoio de empresas e cidadãos dispostos a contribuir neste momento. Mais informações sobre como apoiar estas iniciativas podem ser obtidas pelos e-mails carolina.fossati@hpp.org.br e marcelle.silva@hpp.org.br.
Para assistir a mensagem dos diretores do Hospital sobre esse momento desafiador, clique aqui.
Número de procedimentos realizados na primeira quinzena de abril caiu mais de 80% se comparado ao mesmo período do ano passado
Até as 10h do dia 24 de abril, o Hospital Pequeno Príncipe atendeu 79 casos suspeitos da doença, sendo que 6 deles foram confirmados