Oncologia do Pequeno Príncipe mantém atendimento normal durante a pandemia

Pacientes já diagnosticados continuaram tendo acesso integral ao seu tratamento, com toda a segurança necessária; número de novos diagnósticos, no entanto, diminuiu

Antoni Demétrio Vieira tem 5 anos e há um ano e meio luta contra uma leucemia linfoide aguda. Morador de Araranguá, no interior de Santa Catarina, ele foi encaminhado para o Hospital Pequeno Príncipe no início deste ano, para dar continuidade ao seu tratamento. “O Antoni precisava de um transplante de medula óssea, pois somente as quimioterapias não estavam dando conta de resolver o problema dele. Na nossa região nenhum hospital faz esse transplante. Viemos para cá no meio da pandemia, mas nosso maior medo era não conseguir fazer o procedimento. Conseguimos um doador compatível e fizemos a infusão da medula no dia 7 de agosto. Vinte dias depois, recebemos a notícia de que a medula tinha pegado. Esperamos muito por esse momento”, conta a mãe, Bruna Demétrio Vieira.

Assim como o transplante de Antoni, que foi feito durante a pandemia do coronavírus (COVID-19), todos os pacientes em tratamento nos serviços de Oncologia e Hematologia e de Transplante de Medula Óssea (TMO) tiveram seus tratamentos continuados, de maneira integral, no Pequeno Príncipe. A instituição preparou novos fluxos de atendimento para receber seus pacientes de forma segura.

A chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia, Flora Mitie Watanabe, afirma que nenhum paciente teve seu tratamento interrompido. “O que houve foi uma redução no número de primeiras consultas, que são aquelas nas quais fazemos o diagnóstico da criança. Essa redução ocorreu porque os municípios do interior pararam de enviar pacientes e também porque as próprias famílias deixaram de procurar atendimento, com medo do coronavírus”, explica.

De março a julho de 2019, por exemplo, foram realizadas 140 consultas de pacientes novos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2020, no mesmo período, foram apenas 30 consultas; ou seja, uma redução de 78%. “Nem todas as consultas significam diagnóstico positivo para neoplasias, mas certamente há um número significativo de crianças que não estão sendo diagnosticadas”, ressalta.

O grande problema desse represamento de diagnóstico é que o câncer infantil normalmente avança muito rápido. “A criança se recupera mais rápido, mas também fica muito grave em menos tempo. Em uma semana está bem e dali duas a três semanas já está em estado avançado”, relata a médica. Além disso, nas crianças o câncer geralmente está ligado a fatores genéticos não evitáveis. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante.

Como hospital de referência para o atendimento de casos de câncer infantil, com experiência de mais de 50 anos de serviço, o Pequeno Príncipe faz um apelo para que as famílias tragam suas crianças para as consultas, em casos de suspeita. “Com o diagnóstico precoce, aumentamos muito as chances de cura”, informa a médica.

Desde o início dos anos 2000, o Hospital também faz campanhas anuais de sensibilização da sociedade, alertando sobre os sinais e sintomas do câncer, e a respeito do aumento das chances de cura quando se descobre a doença ainda no seu início.

Manutenção do tratamento
Já os pacientes que se encontram em fase de manutenção do tratamento – ou seja, aqueles que já terminaram os ciclos de quimioterapias – foram monitorados por telefone, para evitar a exposição ao transporte e ao ambiente hospitalar neste período. “As crianças que terminam o tratamento oncológico ficam em acompanhamento por pelo menos cinco anos. Para esses meninos e meninas, nós procuramos fazer o acompanhamento por telefone, colhendo os relatos das mães e checando os exames de sangue. Assim, garantimos a segurança tanto em relação à doença oncológica quanto em relação à COVID-19”, detalha Flora.

Transplante de Medula Óssea
O Serviço de Transplante de Medula Óssea do Pequeno Príncipe também manteve o atendimento durante a pandemia. “Seguimos a recomendação das autoridades de saúde para evitarmos procedimentos que poderiam esperar. Porém, os nossos pacientes apresentam quadros graves. Então, os atendimentos tiveram apenas uma pequena redução”, destaca uma das médicas responsáveis pelo Serviço, Cilmara Cristina Kuawahara.

Assim como o garotinho Antoni, 79% dos transplantes feitos em 2019 foram para pacientes com neoplasias. Em 2020, as estatísticas seguem a mesma tendência. Dos 30 transplantes feitos até agora, 19 (63%) foram em meninos e meninas com diagnóstico de neoplasias. “As leucemias linfoides agudas (LLA) e as leucemias mieloides agudas (LMA) são as neoplasias que têm predominado no nosso serviço. E esses pacientes não podem esperar”, conclui a médica.

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