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No Pequeno Príncipe, cuidado e estímulo caminham juntos na Primeira Infância

Em sintonia com a nova política nacional, Hospital alia alta complexidade, reabilitação, educação, cultura, lazer e orientação aos pais e responsáveis para garantir direitos e promover o desenvolvimento de meninos e meninas de 0 a 6 anos

O Brasil acaba de dar um novo fôlego à proteção de meninos e meninas nos primeiros anos de vida. Em agosto, foi instituída a Política Nacional Integrada da Primeira Infância, que articula União, estados e municípios em torno de um objetivo comum: assegurar que cada criança, do nascimento aos 6 anos, tenha acesso a cuidados, educação, saúde e proteção que respeitem sua singularidade e potencialidade. Trata-se de um instrumento legal que reforça e atualiza os princípios já previstos no Marco Legal da Primeira Infância (Lei n.º 13.257/2016), no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990) e no artigo 227 da Constituição Federal, reconhecendo que esse é um período decisivo para o desenvolvimento humano — quando conexões cerebrais são moldadas a partir de cada experiência, afeto e estímulo.

No Hospital Pequeno Príncipe, essa compreensão já é prática cotidiana. Em 2024, mais da metade dos pacientes internados — 58,46%, o equivalente a 9.417 meninos e meninas — tinha entre 0 e 6 anos. Entre eles, cerca de 1.500 precisaram de cuidados em UTI, representando 60% dos internamentos nessa categoria de hospitalização, que revela uma situação de saúde mais crítica. Foi também nessa fase da vida que ocorreram 33% dos transplantes renais realizados pelo Hospital, 81% dos hepáticos, 44% dos cardíacos e 37% dos transplantes de medula óssea. Cada dado demonstra o papel da instituição na garantia de um direito elementar: o de receber cuidado especializado, de alta complexidade, com a presença constante da mãe, do pai ou do cuidador, para assegurar seu direito à vida.

Essa atuação também se estende ao Centro de Reabilitação e Convivência Pequeno Príncipe (CRPP), onde em 2024 foram atendidas 53 crianças de 0 a 6 anos, o que representa cerca de 30% dos pacientes. Nesse espaço, a prioridade é oferecer terapias adequadas a cada diagnóstico, aproveitando a fase de maior plasticidade cerebral para potencializar o desenvolvimento. Intervenções precoces têm efeitos mais duradouros e impactam não apenas a funcionalidade e a independência no futuro, mas também a qualidade de vida. Além disso, o CRPP atua junto às famílias orientando sobre como estimular a criança em casa e fortalecendo o papel dos cuidadores como agentes ativos na reabilitação.

Cuidados para além da saúde física

Mas cuidar da Primeira Infância no Pequeno Príncipe vai muito além do atendimento médico, que é altamente especializado. Em 2024, 167 crianças de até 6 anos participaram de ações de escolarização, que se iniciam aos 4 anos no sistema formal de ensino. Antes disso, desde o berço, a presença da educação e da cultura já se faz sentir. As atividades culturais chegam a todos, com músicas, histórias, jogos e propostas que dialogam com as redes pública e privada de educação, estimulando o raciocínio, a linguagem, a expressão e os vínculos, fortalecendo assim as habilidades cognitivas, motoras e emocionais.

O Programa Primeiríssima Infância, desenvolvido pelo Núcleo de Humanização, especialmente dedica-se aos pequenos de 0 a 3 anos. Nesse período, a orientação às famílias durante a hospitalização se torna um encontro transformador: em um momento de fragilidade, pais, mães e responsáveis pelos pacientes recebem informações, apoio e exemplos práticos de como estimular as crianças, mesmo em ambiente hospitalar. “É uma troca que expande repertórios e quebra barreiras culturais que, muitas vezes, limitam as capacidades da criança por causa de um diagnóstico. Nessas oficinas e nos atendimentos, surgem dúvidas que revelam curiosidade e cuidado: se construir um brinquedo é melhor que comprá-lo, como as brincadeiras podem estimular a mobilidade, por que a música deixa marcas tão profundas na memória ou qual o real impacto das telas no desenvolvimento”, conta a diretora-executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro.

Direito ao brincar

O voluntariado, com seu papel de agente humanizador, é parte dessa engrenagem, pois ao brincar com os pequenos o voluntário oferece acolhimento emocional e dá novos sentidos ao internamento.

A psicóloga Rita Lous, gerente do Serviço de Voluntariado da instituição, explica que as iniciativas de humanização não apenas ajudam a criança a atravessar a hospitalização com mais leveza, preservando sua saúde mental, como também fortalecem os laços afetivos e a autoestima dos cuidadores. “Ao vivenciar histórias, sons, objetos e brincadeiras, a criança experimenta o Hospital como espaço onde ainda é possível brincar, aprender e sonhar”, enfatiza.  

Ciência que protege

O compromisso com a Primeira Infância também se manifesta na produção de conhecimento. No Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, projetos científicos investigam doenças e condições que afetam meninos e meninas nos primeiros anos de vida. Durante o mês de agosto, as redes sociais do Instituto divulgaram a série Ciência que Protege, a qual apresenta quatro estudos em andamento voltados a essa faixa etária:  
– Erros inatos da imunidade;
– Neuroblastoma — um tipo de câncer que atinge bebês;
– O impacto da exposição aos agrotóxicos na formação dos pequenos; e
– O desenvolvimento cognitivo de crianças com atrofia muscular espinhal (AME).

Para assistir a essa série, acesse a playlist Ciência que Protege, no nosso canal no YouTube.

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