Biobanco do Pequeno Príncipe preserva 30 mil amostras e impulsiona avanços na pesquisa pediátrica
Primeiro do Paraná dedicado a pesquisas científicas, acervo é referência nacional e internacional na busca por diagnósticos e terapias inovadoras

O Biobanco do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, primeiro do Paraná dedicado à pesquisa, reúne hoje um acervo estratégico para a ciência pediátrica: cerca de 2.700 participantes e 30 mil amostras humanas, que são preservadas com protocolos de qualidade, com rastreabilidade e acesso ético. É essa infraestrutura que conecta a prática clínica do Hospital à produção de conhecimento do Instituto, alimentando pesquisas que aprimoram o diagnóstico e impulsionam terapias inovadoras para meninos e meninas.
Criado em 2016, o Biobanco nasceu de uma parceria com o St. Jude Comprehensive Cancer Center, dos Estados Unidos. A estrutura foi idealizada e é dirigida pelo cientista Bonald Cavalcante de Figueiredo, diretor-científico do Instituto. O objetivo é coletar, armazenar e distribuir amostras biológicas normais e patológicas, de participantes de todas as idades, para apoiar pesquisas em áreas que concentram grandes desafios da medicina pediátrica, como o câncer infantil e as doenças raras.

Do centro cirúrgico ao laboratório com controle total
Com capacidade para até 230 mil amostras, o Biobanco dispõe de laboratório, sala de cultivo celular, área de armazenamento com tanques de nitrogênio líquido e ultrafreezers, além de uma Sala Limpa para terapia celular. Tudo é monitorado 24 horas por dia. As coletas são realizadas nos centros cirúrgicos e enfermarias do Hospital Pequeno Príncipe, do Hospital Erasto Gaertner e do Hospital Erastinho, sempre mediante consentimento livre e esclarecido. Para garantir qualidade, a preservação das biomoléculas como DNAs, RNAs e proteínas acontece imediatamente após a cirurgia, seguindo protocolos padronizados.
O acesso a esse material é cuidadosamente controlado. Todas as amostras recebem códigos e são rastreadas por sistema informatizado, ficando disponíveis apenas a pesquisadores com aprovação ética e parceria formalizada.
Conforme a coordenadora do Biobanco, Heloisa Komechen, a diferença para um biorrepositório está na gestão institucional. “O Biobanco pode compartilhar amostras entre diferentes grupos, usá-las em múltiplos projetos e preservá-las para pesquisas futuras, sem necessidade de descarte ao término de um estudo”, esclarece.

A construção dessa estrutura não foi simples. Entre 2015 e 2017, o projeto contou com apoio financeiro de empresas e pessoas físicas que apoiam a instituição de diversas formas, inclusive por meio do evento Gala Pequeno Príncipe. Desde 2018, recursos do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) permitiram a aquisição de equipamentos e a montagem da Sala Limpa, fundamental para trabalhos de terapia celular.
Impacto científico que chega à vida real
O impacto científico é significativo. O Biobanco abastece pesquisas sobre tumores pediátricos raros — como os tumores de córtex adrenal, neuroblastoma, do sistema nervoso central e sarcomas —, mas também contribuiu para estudos sobre o transtorno do espectro autista e para o desenvolvimento da primeira vacina terapêutica em andamento no Instituto, entre muitas outras.
A raridade das amostras pediátricas torna o acervo vital para que estudos sejam representativos e tenham impacto real no desenvolvimento de novas ferramentas diagnósticas e terapêuticas.
Para o futuro, a meta é ampliar o acervo, fortalecer parcerias no Brasil e no exterior e criar modelos de sustentabilidade que garantam a continuidade desse trabalho, pois no Biobanco do Pequeno Príncipe cada amostra é mais do que um registro científico: é uma chance concreta de mudar a vida de uma criança.

