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Doações complementam financiamento do SUS e garantem excelência no Pequeno Príncipe

Em 2024, quase 90% dos recursos direcionados para compra de equipamentos vieram de doações. Nas obras, o percentual foi de 84%; e em itens de consumo, mais de 40%

Em mais um ano desafiador do ponto de vista econômico-financeiro para os hospitais filantrópicos que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Pequeno Príncipe demonstrou em 2024 a força do apoio social para a continuidade de seus serviços. Referência no atendimento pediátrico de alta e média complexidade, a instituição registrou um déficit operacional de R$ 43 milhões na assistência, mas conseguiu manter a qualidade dos atendimentos com o apoio de doações, que corresponderam a 17,6% da sua receita bruta.

A defasagem na tabela do SUS é um dos principais desafios para o equilíbrio financeiro dos hospitais filantrópicos como o Pequeno Príncipe, já que ela estabelece valores de remuneração dos serviços muito abaixo da realidade de mercado. Uma consulta com um médico especialista, por exemplo, é tabelada em R$ 10 no SUS, entretanto em um hospital particular chega a custar R$ 650. O valor de uma tomografia de crânio com sedação na rede particular ultrapassa R$ 3,7 mil, enquanto a tabela do SUS estabelece como valor R$ 112,59.

Com essa grande distorção de valores, o Pequeno Príncipe encontra na sociedade o apoio necessário para manter a oferta de atendimento qualificado, com um parque tecnológico atual, medicamentos de ponta e uma infraestrutura em constante melhoria. Historicamente, os equipamentos que viabilizam uma assistência adequada têm sido adquiridos com recursos doados pela sociedade. Em 2024, por exemplo, quase 90% dos recursos utilizados para essas aquisições vieram de doações. Na manutenção e melhorias da infraestrutura, o impacto das doações também é significativo e no último ano ultrapassou os 80%. Confira mais detalhes no quadro abaixo.

“Com mais de um século de história, o Pequeno Príncipe sempre contou com o apoio de parceiros para garantir sua excelência. Os recursos captados junto à sociedade são fundamentais para cobrir parte do déficit operacional e viabilizar investimentos em pesquisas e melhorias na infraestrutura”, enfatiza a diretora-executiva Ety Cristina Forte Carneiro. Entre as principais formas de apoio estão os aportes via leis de incentivo fiscal, doações diretas, patrocínios e repasses governamentais.

Renegociação com o SUS

Além do fundamental apoio da sociedade, outro fator determinante para a sustentabilidade do Pequeno Príncipe em 2024 foi a renegociação com o SUS, que garantiu um aumento de 20% nos repasses mensais, além da vitória em uma ação judicial contra a União, que resultou em novos repasses financeiros.

Ainda assim, o desafio continua, pois, além da defasagem da tabela do SUS, muitos medicamentos, órteses e próteses necessárias para o atendimento de crianças com quadros complexos não são disponibilizados pelo SUS. “A tabela do SUS foi feita na década de 1980 e teve poucas atualizações ao longo dos anos. Alguns procedimentos novos, exames e medicamentos, entre outros itens, ainda não foram incorporados a essa tabela, o que nos impede de receber pelo procedimento realizado”, explica o diretor-técnico do Pequeno Príncipe, Cassio Fon Ben Sum.

É o caso, por exemplo, dos exames moleculares, que não existiam quando a tabela do SUS foi criada e hoje são fundamentais para refinar diagnósticos e definir os melhores tratamentos. O Pequeno Príncipe oferece alguns desses exames com recursos captados na sociedade. “Continuamos em constante negociação com os órgãos que fazem a gestão do SUS para demonstrar a necessidade dos nossos pacientes, que têm quadros muito complexos, muitas vezes são muito pequenos e precisam da melhor medicina para terem uma chance de vida com qualidade”, ressalta o diretor.

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