Iniciativa pioneira no país vai testar maneiras de reduzir e eliminar resíduos de medicamentos presentes no esgoto, preservando a saúde humana, animal e ambiental
A partir do conhecimento gerado em estudos realizados por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, o Complexo Pequeno Príncipe assinou em julho uma parceria com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) para buscar soluções que contribuam para reduzir ou até mesmo eliminar os antibióticos e as chamadas superbactérias presentes nos efluentes hospitalares (esgoto). A iniciativa é inédita no país, e a expectativa é a de que os resultados obtidos a partir da experiência paranaense sirvam de referência e estimulem outras ações semelhantes.
O problema surge porque parte dos efluentes gerados nos hospitais é composta por secreções dos pacientes internados que recebem uma grande concentração de medicamentos, que são eliminados pelo organismo por meio da urina e das fezes. “Alguns medicamentos passam pelo organismo humano quase que inalterados. Eliminados pelo esgoto, boa parte deles vai direto para a estação de tratamento, onde não há capacidade de remoção desses micropoluentes pelo sistema de filtragem convencional”, explica a coordenadora da pesquisa, a farmacêutica e bioquímica Líbera Maria Dalla Costa, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. Hoje, no Brasil, não existe uma regulamentação específica para o tratamento desses efluentes.
A parceria firmada entre o Pequeno Príncipe e a Sanepar pretende apresentar uma solução de tratamento que melhore a qualidade desses dejetos, combatendo a resistência antimicrobiana, que é um problema de saúde pública mundial. A Organização das Nações Unidas (ONU) já fez alertas a respeito da exposição desavisada de pessoas à água contaminada com antibióticos, capaz de multiplicar patógenos. A proposta prevê a utilização de protótipos para tratamento e testagem dos resíduos e deve alcançar resultados nos próximos dois anos.
“No Brasil, poucas instituições pesquisam efluentes. Principalmente buscando soluções como o desenvolvimento e testagem de elementos filtrantes que possam reter micropoluentes, categoria dos antibióticos. Estamos confiantes nos resultados, que vão gerar conhecimento científico que ficará à disposição de outras empresas de saneamento do país”, ressalta o diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro.
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