Cerca de 500 crianças e adolescentes são atendidos anualmente na estrutura, que é custeada com o apoio da sociedade
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 240 milhões de crianças e adolescentes no mundo têm algum tipo de deficiência. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2023, indicam a existência de cerca de dois milhões de crianças e adolescentes de 2 a 19 anos com algum tipo de deficiência. Para essas crianças e suas famílias, os desafios de crescer, desenvolver-se e pertencer são ainda maiores. A taxa de analfabetismo entre as pessoas com deficiência, por exemplo, é de 19,5% no país, contra 4,1% entre as pessoas sem deficiência. A condição segue gerando impacto também na vida adulta. Segundo o IBGE, apenas 29% das pessoas com deficiência estavam empregadas no Brasil em 2022.
“O SUS [Sistema Único de Saúde] foi criado em 1990, mas a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência só foi publicada em 2002. Esse descompasso dá uma pista da fragilidade da rede de assistência existente hoje para atender as crianças com alguma deficiência no país. No nosso Centro de Reabilitação e Convivência, procuramos oferecer um atendimento completo, garantindo a estes meninos e meninas todos os seus direitos”, enfatiza a assessora especial da diretoria do Pequeno Príncipe, Thelma Alves de Oliveira.
No Centro de Reabilitação e Convivência Pequeno Príncipe, todos os atendimentos são oferecidos de forma gratuita. “Não estamos falando de atendimentos realizados pelo SUS ou por convênios. São atendimentos totalmente custeados por nós, com o apoio da sociedade, por meio de doações de pessoas físicas, jurídicas e Poder Judiciário”, explica Thelma. A unidade atende todos os tipos de deficiência físicas e mentais, inclusive autismo. Em 2023, 480 crianças e adolescentes foram assistidos.
Reabilitação
Os pacientes atendidos na unidade recebem atendimento de equipe transdisciplinar. “As crianças e adolescentes precisam de inúmeros profissionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, entre outros, além da participação da família, que é parte essencial do processo de reabilitação”, ressalta a psicóloga e gerente da unidade, Patricia Bertolini.
O Centro oferece fisioterapia de solo, aquática e com realidade virtual, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico. Muitos pacientes recebem apoio para dar continuidade ao seu tratamento em casa. Para isso, recebem mensalmente kits de materiais médicos, como sonda, soro, luva e equipo, e kit de alimentos para as famílias em situação de vulnerabilidade social.
Saúde mental, convivência e inclusão social
Os familiares dos pacientes também recebem cuidados na unidade, com foco na saúde mental. No espaço, eles participam de grupos de apoio com outros pais e de palestras e encontros sobre os mais diversos assuntos de interesse individual e coletivo.
A inclusão social ainda envolve as escolas frequentadas pelos pacientes, pois o Centro de Reabilitação e Convivência oferece orientação e palestras nas instituições sobre o trabalho realizado e as deficiências atendidas. Além disso, o espaço promove eventos abertos à comunidade e sorteios mensais de ingressos de atrações culturais para as famílias.
Em parceria com a Universidade Livre do Esporte, os pacientes praticam esportes adaptados, como esgrima e tênis em cadeira de rodas. A prática de atividades físicas auxilia no desenvolvimento da saúde física e mental.
Estrutura
O espaço conta com ampla estrutura para o atendimento a crianças e adolescentes em salas de atendimento equipadas, sala de fisioterapia e piscina.
– Laboratório Computadorizado de Marcha
Único em funcionamento no Paraná com atendimento gratuito, o espaço realiza a avaliação computadorizada da marcha (o caminhar) do paciente, auxiliando a equipe médica na escolha de uma conduta terapêutica mais assertiva.
– Parque adaptado
Conta com diversos equipamentos para as brincadeiras, e também o skate. O espaço é utilizado na reabilitação dos pacientes e é aberto à comunidade, por meio de agendamento.
– Sala de Reabilitação com Realidade Virtual
A sala de realidade virtual utiliza um software que projeta na parede e no piso diversos exercícios, com objetivo terapêutico.
Jantar com a participação das madrinhas marcou o lançamento do evento, programado para o dia 30 de setembro
No Brasil, a média de tempo de espera para realizar o procedimento corretivo pelo SUS é de quatro anos e três meses, o que pode comprometer o desenvolvimento e a vida das crianças e dos adolescentes