Primeiro transplante de órgão sólido realizado no Pequeno Príncipe completa 35 anos

Nessas mais de três décadas, Hospital ampliou e aprimorou sua atuação, tornando-se um importante centro transplantador no Brasil

O primeiro transplante de órgão sólido realizado no Hospital Pequeno Príncipe está completando 35 anos em 2024. No dia 11 de outubro de 1989, Roni Peterson Figueiredo, então com 8 anos, recebeu um rim doado pela sua mãe. Hoje Roni tem 43 anos e é motorista socorrista do SAMU em Cordeirópolis, interior de São Paulo. É casado com Alexandra Figueiredo e tem um filho já adolescente, o Gustavo. “Por ter ficado muito tempo internado, sempre tive vontade de ajudar outras pessoas. Passei no concurso para motorista socorrista, fiz muitos treinamentos. Hoje eu participo ativamente dos salvamentos e isso me realiza”, conta.

Roni fez o transplante após cinco anos de tratamento renal conservador e de oito meses em hemodiálise. O procedimento, que marcou o início da realização dos transplantes de órgãos sólidos no Pequeno Príncipe, foi um sucesso. Treze anos depois, ele teve rejeição ao rim transplantado, e o Pequeno Príncipe entrou na sua vida novamente. Foram mais dois anos de hemodiálise, até que em março de 2004 ele passou por um novo transplante.

Nesses 35 anos, o Pequeno Príncipe ampliou e aprimorou sua atuação em transplantes pediátricos, tornando-se um importante centro transplantador no Brasil. Nos transplantes de fígado, coração e medula óssea, por exemplo, o Hospital responde por cerca de 10% dos procedimentos pediátricos realizados no país, conforme dados referentes a 2022 disponibilizados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (os dados nacionais de 2023 ainda não foram divulgados).

Somente em 2023, foram realizados 307 transplantes no Pequeno Príncipe, o maior número já registrado em um único ano na história da instituição.

Para Roni, a doação de órgãos é sinônimo de vida nova. “Doar um órgão é uma decisão muito difícil, mas as famílias devem pensar que é um ato que pode prolongar a vida de muitas pessoas. No meu caso, quem me salvou foi um anjinho de 4 anos e 9 meses, após uma decisão muito difícil de seus pais, porém muito sábia, que me deu a oportunidade de estar levando uma vida normal hoje em dia”, destaca.

Doenças renais

A história de Roni poderia ter sido diferente se o diagnóstico de doença renal crônica tivesse sido feito precocemente. Antes de completar 1 ano, ele urinava com sangue, mas só aos 3 anos foi diagnosticado com problema renal e encaminhado a especialistas do Pequeno Príncipe. 

O mês de março é dedicado a alertar a população sobre os cuidados com o rim, pois a doença renal crônica (DRC) afeta mais de dez milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) estima que, em 2040, a DRC será a quinta maior causa de morte no mundo.

A DRC é caracterizada pela alteração persistente da função renal por um período superior a três meses e dividida em estágios. Se a função renal chega a menos do que 10%, existe a necessidade de fazer algum tipo de tratamento para substituir a função dos rins, que pode ser a diálise peritoneal, a hemodiálise ou o transplante renal.

Embora seja mais comum em adultos, quando a DRC atinge as crianças pode gerar consequências graves, o que exige cuidados contínuos. “Nem toda causa da doença renal crônica é prevenível. Desta forma, o que fazemos é retardar sua evolução. A depender do caso, há necessidade de intervenção cirúrgica ou de acompanhamento clínico periódico, além da adoção de hábitos saudáveis, que incluem alimentação e atividades físicas. Também deve-se evitar as causas secundárias, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial, que pode ocorrer em crianças e adolescentes”, explica a nefrologista pediátrica Lucimary de Castro Sylvestre, do Hospital Pequeno Príncipe.

Sintomas

A DRC pode ser silenciosa, e muitas vezes o paciente só descobre que tem o problema quando ocorre falência dos rins. No caso das crianças e dos adolescentes, é preciso ficar atento aos sinais e sintomas, que podem auxiliar no diagnóstico precoce da doença, como: infecções urinárias de repetição; dificuldade do ganho de peso e/ou crescimento; anemia persistente sem causas aparentes; inchaço; problemas ósseos; e dificuldade, dor e/ou ardência ao urinar.

Serviço de Nefrologia

O Serviço de Nefrologia do Hospital Pequeno Príncipe é um dos mais completos do Brasil em pediatria e oferece todas as modalidades de tratamento para a doença renal crônica. Há quase 40 anos, a instituição realiza atendimento ambulatorial e hospitalar a crianças e adolescentes com idades até 18 anos, além de contar com os serviços de hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Os pacientes também têm à disposição um ambulatório geral de nefrologia e ambulatórios especializados. Ainda dispõem de uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e assistentes sociais, e de uma estrutura completa para a realização de todos os exames em um só local.

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