Ano de desafios intensos, 2023 exigiu resiliência e coragem

No ano em que o nosso apoiador Pelé virou verbete de dicionário, como sinônimo de inigualável, incomparável e extraordinário, nós enfrentamos desafios sem deixar de celebrar a vida de inúmeros pequenos “Pelés” que atendemos diariamente: crianças que, assim como o próprio Hospital, são incomparáveis na sua disposição de lutar pela vida e extraordinárias na sua capacidade de superação

O ano de 2023 começou com uma mistura de sentimentos no Pequeno Príncipe: tristeza pela despedida do Pelé, que faleceu no dia 29 de dezembro de 2022, e gratidão pelo apoio recebido do Rei do Futebol. Pelé emprestou seu nome para a unidade de pesquisa do Pequeno Príncipe e com isso abriu muitas portas para viabilizar o desenvolvimento de estudos em saúde da criança e do adolescente. As pesquisas, associadas à assistência, aumentam as chances de cura de meninos e meninas que lutam contra doenças graves. A paciente Flávia, que veio do Pará para receber tratamento, é uma dessas crianças. Na primeira sexta-feira do ano, enquanto o mundo ainda se despedia do rei, ela fazia a sua última sessão de quimioterapia.

Ao longo do ano, Pelé virou verbete de dicionário, sinônimo de algo ou alguém incomparável, extraordinário, excelente, espetacular… Podemos dizer então que, no Pequeno Príncipe, todos os dias atendemos milhares de pequenos “Pelés”: crianças que, assim como a própria instituição, são incomparáveis na sua coragem e disposição de lutar pela vida e extraordinárias na sua capacidade de superar-se.

Coragem e superação foram as palavras que marcaram o ano para todo o setor filantrópico de saúde. Com o sistema suplementar de saúde em crise e a histórica defasagem da tabela praticada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os hospitais filantrópicos viram sua situação financeira ficar ainda mais desafiadora.

No Pequeno Príncipe, a essa situação se somou o infortúnio de um incêndio de grandes proporções, no dia 31 de outubro. O fogo devastou o Ambulatório de Oncologia, Hematologia e Transplante de Medula Óssea (TMO). Felizmente, nenhuma criança ou familiar foi atingido. O atendimento foi transferido para uma área adaptada, e todos os pacientes tiveram seu tratamento mantido. Mas a reconstrução é urgente. Os prejuízos ultrapassaram R$ 5 milhões, e o Hospital está recorrendo ao apoio da sociedade para fazer frente a essa situação emergencial. Para apoiar a reconstrução do Ambulatório de Oncologia, Hematologia e Transplante de Medula Óssea, clique aqui.

O investimento de pessoas, empresas e governos é fundamental para a sustentabilidade financeira do Pequeno Príncipe, para fazer frente às situações emergenciais como a provocada pelo incêndio e para a concretização de planos de ampliação e inovação.

Avanços na assistência

Um dos exemplos da importância do apoio recebido da sociedade está na implantação de oito novos leitos em unidade de terapia intensiva (UTI) no Pequeno Príncipe. Viabilizada pelo Governo do Estado do Paraná em parceria com a Volkswagen, a nova UTI deve entrar em operação no início de 2024. O anúncio desse importante apoio foi feito em abril, mesmo mês em que começaram as obras de melhorias no prédio histórico do Hospital, por meio do projeto Para Mais 100 Anos, que recebe recursos doados por empresas e pessoas físicas via incentivo fiscal.

Notícias como essa renovaram as esperanças de todos no Pequeno Príncipe, e o último dia do primeiro trimestre não poderia ser mais especial: a pequena Laura, que passou por um transplante de medula óssea na luta contra um câncer infantil, comemorou a pega da sua medula. Expectativas renovadas de vida nova!

Além de comemorar as conquistas de pacientes como a Laura, no transcorrer do ano também comemoramos importantes marcos institucionais, como a aquisição de novos equipamentos para a circulação extracorpórea e os aniversários de 40 anos do Serviço de Neurologia, 10 anos do Núcleo da Qualidade, 35 anos do Serviço de Hemodinâmica e 55 anos do Serviço de Oncologia e Hematologia. O tempo que passa torna nossas equipes multiprofissionais ainda mais experientes para cuidar da vida e da saúde das crianças.

Uma demonstração de toda essa expertise pôde ser acompanhada em 22 de setembro, um dia muito especial. Em 16 horas, as equipes do Pequeno Príncipe realizaram seis transplantes: cinco cirurgias para o transplante de três rins, um fígado e um coração, e um transplante de medula óssea.

Toda essa experiência, estrutura e variedade de serviços – são 35 especialidades médicas disponibilizadas no Pequeno Príncipe – culminaram com um reconhecimento especial: pelo terceiro ano consecutivo, fomos eleitos um dos melhores hospitais que atuam em pediatria no mundo. Ficamos na 80.ª posição geral no ranking e no primeiro lugar como hospital exclusivamente pediátrico da América Latina.

Inovação e tecnologia

Para continuar sendo o melhor hospital pediátrico da América Latina, o Pequeno Príncipe tem investido em inovação e tecnologia. Ao longo de 2023, foram direcionados cerca de R$ 5 milhões a projetos de rastreabilidade de medicamentos, implantação de dispensários eletrônicos, gestão centralizada de leitos, parametrização de alertas, certificação e prescrição digital, automatização de agendamentos de consultas e muito mais. Essas iniciativas também garantiram à instituição, pelo terceiro ano consecutivo, o Prêmio Campeãs da Inovação, concedido pelo Grupo Amanhã e IXl-Center, dos Estados Unidos, como uma das instituições filantrópicas mais inovadoras da Região Sul do Brasil.

Pesquisas

As pesquisas também trazem inovação para o Hospital. E nesse sentido 2023 foi muito produtivo. No ano em que completou seu 17.º aniversário, o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe teve seu primeiro projeto aprovado para receber financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A pesquisa aprovada vai investigar o neuroblastoma, câncer mais comum em crianças no seu primeiro ano de vida. O grupo do Instituto que investiga as leucemias também teve grandes conquistas e passou a integrar uma rede nacional de pesquisa em oncologia pediátrica.

Para finalizar o ano, o Instituto de Pesquisa ganhou uma terceira unidade, onde foram instalados sete novos laboratórios e equipamentos de grande porte. Um reforço importante para uma instituição centenária que não para de olhar para o futuro e sonhar com mais chances de vida e saúde para todas as crianças.

Compromisso ambiental e mobilização social

Olhar para o futuro obrigatoriamente exige das organizações o cuidado com o meio ambiente. E no Pequeno Príncipe esse compromisso é levado muito a sério. Foram inúmeras iniciativas, desde o incentivo aos colaboradores para que destinem o lixo corretamente até uma nova abordagem para a destinação dos resíduos têxteis do Hospital, que passaram a ser enviados a uma cooperativa, transformando-se em novos produtos, como nécessaires e bolsas. O conjunto de ações deu ao Pequeno Príncipe o Prêmio Global Health Care Climate Challenge, na categoria Liderança Climática – Ouro.

Ao envolver outras organizações em seus compromissos, como a cooperativa que agora produz peças com os resíduos têxteis do Hospital, mobilizamos a sociedade para temas que vão além da assistência em saúde que prestamos. E nesse aspecto 2023 também foi muito gratificante. No primeiro semestre, foram inúmeras as iniciativas com foco na prevenção à violência contra crianças e adolescentes. Capacitamos profissionais, disseminamos informações na imprensa e nas redes sociais e mobilizamos influenciadores para que chamassem atenção para o tema.

No âmbito do advocacy, conseguimos, junto com outras organizações, influenciar para que um artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) fosse alterado, permitindo que as doações via renúncia fiscal para projetos específicos de organizações sejam regulamentadas em todo o país. Antes dessa alteração, os estados tinham autonomia sobre o tema e nem todos permitiam a doação dirigida.

Os apoiadores do Pequeno Príncipe também foram impactados pelas ações de mobilização da instituição. Houve muitos eventos de prestação de contas, de relacionamento e de celebração da vida dos meninos e meninas que se beneficiam desse apoio. Nossos apoiadores puderam conhecer mais de perto a história de alguns pacientes, como o pequeno Gael, que chegou ao Pequeno Príncipe depois de percorrer várias cidades brasileiras em busca de tratamento.

Na esfera política, a diretoria do Hospital teve a oportunidade de reunir-se com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, logo no início do ano, para discutir formas de contribuir com a saúde de crianças indígenas. Já no segundo semestre, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, visitou a instituição. Diversos outros parlamentares também estiveram no Hospital para conhecer mais de perto o trabalho realizado e tiveram ainda a oportunidade de visitar o espaço onde será construído o Pequeno Príncipe Norte, cujo início das obras de infraestrutura – como nivelamento da terra, macrodrenagem e pavimentação –, que serão realizadas com recursos próprios, foi marcado por uma celebração no dia 8 de dezembro.

A data foi escolhida para também homenagear a aniversariante do dia, Dona Ety Gonçalves Forte, que completou 85 anos e há 57 anos preside a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, mantenedora do Complexo Pequeno Príncipe. Foi ela quem sonhou fazer do Pequeno Príncipe um hospital que vai muito além dos tratamentos de saúde que oferece. E é ela quem continua inspirando a todos, diariamente, a sonhar com mais igualdade no acesso à saúde e demais direitos para todas as crianças.  

No dia 11 de dezembro, registramos outra grande notícia para esse projeto: o anúncio de um repasse de R$ 70 milhões composto por verbas do Governo do Estado do Paraná, da Assembleia Legislativa paranaense, da bancada federal e da Itaipu Binacional. Os recursos vão viabilizar a construção da primeira obra que compõe o projeto, que é um hospital-dia.

Ensino fortalecido

O projeto do Pequeno Príncipe Norte prevê a construção de unidades de assistência e pesquisa e também vai abrigar a sede da Faculdades Pequeno Príncipe, instituição de ensino voltada à formação de profissionais de saúde, que completou 20 anos em 2023 com muitas novidades, como o lançamento de novos cursos de graduação presenciais e de cursos de ensino a distância.

O grande destaque do ano, no entanto, foi a nota máxima que a Faculdades alcançou na avaliação de recertificação do Ministério da Educação. O excelente desempenho demonstra o compromisso da unidade com a qualidade do ensino oferecido.

Além da Faculdades, as ações de ensino também ocorrem dentro do Hospital, que mantém programas de residência médica, além do Multiplica PP, um programa de formação continuada para profissionais da saúde que completou um ano em 2023.

E assim, investindo na assistência, na pesquisa e no ensino, o Pequeno Príncipe reforça seu compromisso de buscar ser um dos melhores lugares do mundo para receber e multiplicar cuidados em saúde de crianças e adolescentes.