Serviço de Neurologia do Pequeno Príncipe completa 40 anos

A instituição tem um dos mais completos serviços do Brasil na área da pediatria

O Serviço de Neurologia do Pequeno Príncipe teve início em julho de 1983. Nestas quatro décadas, a especialidade foi estruturada e ampliada com o objetivo de promover saúde com equidade e de forma integrada. O serviço foi precursor em diversos tratamentos, especialmente voltados às doenças raras neurológicas e neuromusculares, e é considerado um dos mais completos do Brasil na área da pediatria. Somente em 2022, mais de cinco mil crianças e adolescentes foram atendidos, e 2.884 eletroencefalogramas e 44 eletroneuromiografias foram realizados.

O fundador e médico responsável pelo serviço, o neuropediatra Alfredo Löhr Junior, relembra que quando chegou à instituição já existia o Serviço de Neurocirurgia e um equipamento de encefalograma analógico. A neurologia ficou atrelada à neurocirurgia por alguns anos, até passar a atuar com ambulatório e enfermaria independentes.

Hoje, o Serviço de Neurologia conta com dez neurologistas, com formação em pediatria e que se dedicam às seguintes subáreas da neurologia: epilepsia, distúrbios de movimento e paralisia cerebral, doenças raras neurológicas (divididas em musculares, mitocondriais, erros inatos do metabolismo, degenerativas e genéticas), distúrbios neurocomportamentais e, por fim, eletroencefalograma. A equipe de neurologistas atua de forma integrada com as demais especialidades médicas e com serviços multiprofissionais para propiciar melhor qualidade de vida aos pacientes.

À medida que o Pequeno Príncipe foi expandindo-se e recebendo mais pacientes que demandam atendimentos de alta complexidade, consequentemente, foi observado um aumento das complicações neurológicas, as quais necessitam de avaliação e acompanhamento contínuo. “Com isso, percebemos o crescimento e a valorização da especialidade como um todo. A neurologia tem uma grande demanda da família, pois os diagnósticos são, em sua maioria, difíceis e perduram por toda a vida. Por isso, requer muita atenção, tempo e cuidado do médico especialista que acompanha cada caso”, esclarece a neuropediatra responsável pelo Ambulatório de Doenças Raras Neurológicas e preceptora da Residência de Neurologia Pediátrica, Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos.

Programa de Residência Médica

Com o seu compromisso de disseminar conhecimento e contribuir com a formação de profissionais para a área da saúde infantojuvenil, a instituição implantou o Programa de Residência em Neurologia. No início, o programa recebia um residente a cada dois anos. Hoje, são quatro especialistas por ano. A Residência em Neurologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe é um dos processos seletivos mais concorridos do país nessa área.

O neuropediatra Alfredo Löhr Junior reforça também como a formação de profissionais foi uma grande aliada para o serviço transformar a vida de milhares de crianças e adolescentes. “Graças a todos os médicos e demais profissionais, ao longo desses 40 anos, o Serviço de Neurologia é um dos grandes serviços do Brasil, um centro de referência, principalmente para crianças e adolescentes com doenças raras. Conseguimos atender e resolver todas as questões que vêm até nós. É gratificante ver que muitos neuropediatras que estão conosco hoje iniciaram aqui como residentes”, diz.

Diferenciais do serviço

Em relação aos marcos da especialidade durante os 40 anos, a neuropediatra Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos destaca as novas tecnologias que permitiram diagnósticos ainda mais assertivos por meio de exames genéticos, que impactaram especialmente as doenças neurológicas, genéticas e raras. “A partir do momento que conseguimos dar nome às doenças, foi possível conseguir também novos tratamentos. Por exemplo, a terapia de reposição enzimática e a terapia gênica”, explica.

O avanço em diagnósticos permitiu também a sobrevida de pacientes. O Hospital Pequeno Príncipe foi o primeiro do Brasil a diagnosticar a encefalite do receptor anti-NMDA (distúrbio grave que gera alterações comportamentais, convulsões e transtorno de movimento), que até então não tinha tratamento e as crianças iam a óbito, mas hoje têm a chance de uma vida com qualidade. “A genética chegou para responder muitas perguntas que, antigamente, ficavam em aberto na neurologia”, finaliza.

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