Custo dos 10 remédios mais demandados no Hospital não cobertos integralmente pelo SUS ultrapassa R$ 2,5 milhões por ano

Na lista estão medicamentos destinados aos pacientes que precisam de transplante de medula óssea e que fazem tratamento contra o câncer

Lavínia tem apenas 5 anos e já enfrenta uma grande batalha. Diagnosticada com um tumor no fêmur, ela está em tratamento no Hospital Pequeno Príncipe desde o início de julho. “Ela sempre foi saudável, até que um dia a perna falhou e ela caiu. Começamos a investigar, fomos a vários médicos até que nos encaminharam para o Pequeno Príncipe. Aqui fizeram vários exames e descobriram o tumor na perninha dela”, conta a mãe, Jéssica Kalaine Pierroti.

Esse tumor representa de 3% a 5% de todas as neoplasias que podem acontecer na infância. O tratamento é bastante agressivo, para impedir que o tumor se dissemine. Um dos potentes quimioterápicos utilizados no tratamento, estabelecido pelo protocolo do Grupo Latino-Americano, pode causar insuficiência cardíaca como efeito colateral. “Para prevenir quadros cardíacos, nós associamos à quimioterapia o medicamento dexrazoxano, que o Hospital adquire com recursos próprios”, explica a médica oncologista Gabriela Caus. Cada paciente precisa de oito frascos, totalizando mais de R$ 10 mil a parte do tratamento que envolve apenas esse medicamento.

O dexrazoxano é apenas um dos muitos remédios de alto custo que o Hospital compra com recursos próprios para não desamparar os pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Com o apoio de empresas, cidadãos, poderes Legislativo e Judiciário, conseguimos adquirir esses medicamentos e oferecer um tratamento mais efetivo. Dessa forma, oferecemos uma medicina mais resolutiva, melhoramos a qualidade de vida dos nossos pacientes e salvamos vidas”, enfatiza a diretora-executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro.

Alto custo
Se considerarmos apenas a lista dos dez mais comprados, o Pequeno Príncipe investe cerca de R$ 2,5 milhões ao ano. Nessa lista estão remédios utilizados por pacientes da oncologia e do Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO). “Apesar de comuns, as infecções que acometem os pacientes transplantados podem ser fatais e irreversíveis quando não tratadas com a medicação adequada e no tempo certo. As opções de medicamentos desta categoria ofertadas pelo SUS e pelas operadoras de saúde são limitadas”, revela a chefe do Serviço de TMO, Carmem Bonfim.

Ao se constatar uma infecção em pacientes imunossuprimidos recém-transplantados, os tratamentos devem ter início imediato, para evitar que fungos, vírus ou bactérias indesejados comprometam o funcionamento de algum órgão vital ou que se espalhem pelo corpo da criança de modo a tornar a infecção irreversível, caso que pode levar o paciente a óbito. “Muitos desses medicamentos são importados, e o processo de compra é mais demorado. Por isso, ter o medicamento na farmácia do Hospital para início imediato do tratamento é fundamental”, informa a médica.

Ciência e equidade
O diretor-técnico do Hospital Pequeno Príncipe, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, ressalta que oferecer esses medicamentos para os pacientes, ainda que tenham um custo alto, é uma escolha que a instituição faz por acreditar na ciência e por ter valores como a equidade e a solidariedade no seu DNA. “Somos uma instituição hospitalar especializada em pediatria, com ênfase em doenças de alta complexidade. Para manter a qualidade na assistência, há necessidade da prática de uma medicina de precisão, seja para o diagnóstico ou para o tratamento. Em nossos valores, além da defesa da ciência, defendemos a equidade, a solidariedade e o humanismo. Neste sentido, investir nas pessoas representa nosso motivo existencial”, declara.

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