O procedimento minimamente invasivo recuperou o olho de uma paciente de 7 anos, evitando que ela perdesse a visão
Uma cirurgia inédita no Brasil, realizada no Hospital Pequeno Príncipe, devolveu à pequena Yasmin Garcia, 7 anos, a chance de continuar enxergando. Yasmin tem linfangioma, uma doença rara marcada pela formação anormal dos vasos linfáticos (e também de vasos sanguíneos), que se aglomeram em determinada região e podem dilatar-se, causar inchaços e promover o acúmulo de líquidos. A doença normalmente se desenvolve na região da cabeça e do pescoço. Mas, no caso da menina, o linfangioma se desenvolveu atrás do olho, empurrando o globo ocular para a frente.
“Tentamos controlar o inchaço em casa e a levamos para dois oftalmologistas, mas ninguém sabia do que se tratava. O olho começou a ficar muito saltado, estava pressionado para fora do crânio. Ela também estava com dor, não conseguia comer e só vomitava”, conta a avó Cleci Haerter.
Moradora de Cascavel, no interior do Paraná, a família buscou ajuda no Pequeno Príncipe (500km de distância). Ao chegar ao Hospital, o olho da menina estava tão projetado para fora que as pálpebras não se fechavam mais. O inchaço também comprometia o nervo ótico, responsável por transmitir a luz e os elementos visuais do olho ao cérebro, onde essas informações são interpretadas. Ou seja, a capacidade de enxergar de Yasmin estava em risco.
Bastante complexo, o caso de Yasmin poderia ser tratado por oncologistas, neurologistas, oftalmologistas ou cirurgiões. Com 35 especialidades médicas, o Pequeno Príncipe tem profissionais de todas essas áreas. A solução foi reunir um grupo multiprofissional e adicionar a essa equipe o novo serviço da instituição: a radiologia intervencionista, que usa equipamentos de radiografia para analisar partes do corpo em tempo real durante um procedimento, auxiliando tanto na realização de diagnósticos mais precisos como em tratamentos minimamente invasivos.
Os médicos Pedro Santini e Helder Groenwold Campos foram os responsáveis pelo procedimento. Eles inseriram uma agulha na região entre a base superior do nariz e o olho lesionado, e contaram com uma máquina que faz radiografia em tempo real para irem acompanhando a intervenção. O líquido que estava acumulado no olho foi drenado, e na sequência os médicos aplicaram no local um remédio quimioterápico que destrói apenas as células defeituosas que constituem o linfangioma.
Em poucas horas depois do procedimento, o aspecto de Yasmin já estava praticamente normal, com o olho no lugar. A visão da menina foi preservada, e agora ela faz acompanhamento na instituição. “Tivemos uma redução superior a 75% e, após um mês de acompanhamento, não tivemos a formação de uma quantidade significativa de líquidos novamente”, afirma Campos.
Radiologia intervencionista pediátrica
A radiologia intervencionista pediátrica é uma área relativamente nova da medicina. No Pequeno Príncipe, o serviço foi implantado no final de 2019. No mundo todo existem cerca de 300 radiologistas intervencionistas pediátricos e apenas 16 serviços que formam esses profissionais. No Brasil, somente três médicos atuam na área pediátrica.
A grande vantagem da especialidade é realizar intervenções minimamente invasivas. Como os procedimentos são feitos com a introdução de pequenas agulhas, o paciente sai sem grandes cicatrizes. Isso acelera o processo de recuperação, reduz a dor, os riscos de complicações e também o tempo de internamento, consequentemente diminuindo os custos da hospitalização.
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