São mais de mil operações por mês, feitas por 51 cirurgiões e 15 anestesistas, em 16 especialidades e subespecialidades, que envolvem desde procedimentos simples até transplantes
Gael é um garotinho de 5 anos que, em 2021, começou a sentir fortes dores abdominais. Ao realizar uma tomografia num hospital da cidade onde mora (Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso), os médicos encontraram uma massa considerada gigante. Porém na cidade não havia recursos para aprofundar a investigação. A família começou, então, uma corrida pelo Brasil em busca de um diagnóstico e tratamento para o Gael. “Passamos por vários médicos pelo país inteiro: fomos a Recife, Fortaleza, Minas Gerais, Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São Paulo, e ninguém queria pegar o caso dele”, conta a mãe, Vanessa Marques.
Na busca por atendimento especializado para o filho, a família ficou sabendo que o Hospital Pequeno Príncipe dispunha de um grande Serviço de Cirurgia Pediátrica. “Entramos em contato, e o médico me disse: ‘Venham para cá, que algo nós vamos fazer.’ Isso foi tudo para nós. Nós não tínhamos nada, estávamos no fim da linha, haviam mandado a gente encerrar o caso”, lembra.
Gael foi internado no Pequeno Príncipe no dia 1.º de março. A partir daí, teve o diagnóstico de um tumor raro confirmado e passou a receber o tratamento adequado. Parte desse tratamento foi cirúrgico, para retirada da grande massa que estava comprimindo o seu abdômen. Foram realizadas duas cirurgias até o momento, e o tratamento ainda está em andamento. “A cirurgia impossível dele foi possível aqui. Uma cirurgia que ninguém queria fazer, aqui ele fez e foi um sucesso. Hoje ele não sente dores, consegue comer, já consegue ter uma qualidade de vida que não tinha antes”, comemora a mãe.
Estrutura e impacto
Assim como Gael, milhares de outras crianças passam por cirurgias todos os anos no Pequeno Príncipe. Com 51 cirurgiões e 15 anestesistas, a instituição possui um dos maiores serviços de cirurgia em crianças e adolescentes do Brasil, atendendo em 16 especialidades e subespecialidades. Além das cirurgias pediátricas (especialidade responsável por cirurgias gerais, oncológicas, urológicas, neonatais e videocirurgias), o Hospital realiza cirurgias ortopédicas, cardiológicas, vasculares, plásticas, oftalmológicas, bucomaxilofaciais, neurocirurgias, cirurgias de cabeça e pescoço, cirurgias otorrinolaringológicas, cirurgia para epilepsia, radiologia intervencionista, hemodinâmica terapêutica, transplante de fígado, de rim e de coração.
O Centro Cirúrgico dispõe de oito salas dedicadas exclusivamente às cirurgias em crianças e adolescentes e de uma nona sala destinada à realização de procedimentos de hemodinâmica. Está equipado com aparelhos de última geração: um exemplo é a mesa cirúrgica que gira 360 graus para permitir a realização de operações ortopédicas de coluna. O Pequeno Príncipe foi o primeiro hospital brasileiro a receber esse equipamento.
No primeiro semestre deste ano, foram realizadas cerca de seis mil cirurgias, que envolveram quase dez mil procedimentos cirúrgicos. “Ainda estamos abaixo da nossa média histórica e da nossa capacidade, que é cerca de 30% superior a isso”, revela a gerente do Bloco Cirúrgico, Doris Bordini Gozi. Ela explica que ao realizar uma operação o Hospital precisa reservar um leito para o paciente no pós-operatório. Porém, com a pandemia ainda em curso e com o grande número de casos respiratórios na cidade, é necessário destinar leitos também para os casos clínicos.
O Hospital realiza cirurgias de pequeno, médio e grande porte. “Porém, muitas vezes, até procedimentos simples são considerados complexos aqui por envolverem pacientes que apresentam comorbidades graves”, frisa Doris.
“Hoje mais de 40% de nossos internamentos são cirúrgicos. Aumentar a nossa capacidade de atendimento cirúrgico está no nosso planejamento e é mais uma das grandes contribuições que podemos dar ao Sistema Único de Saúde (SUS), ao prover maior acesso de crianças e adolescentes às cirurgias que envolvem uma complexidade maior e que temos capacidade de absorver”, realça o diretor-técnico da instituição, Donizetti Dimer Giamberardino Filho.
Equipes e funcionamento
O Centro Cirúrgico funciona sete dias da semana, 24 horas por dia. A grande maioria das cirurgias é realizada de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Entretanto, para as especialidades de ortopedia e cirurgia pediátrica, há plantões 24 horas. “Em média, circulam pelo Centro Cirúrgico 90 profissionais por dia”, informa Doris.
Além do suporte dos leitos de UTI no pós-operatório, um dos diferenciais do Pequeno Príncipe é a sua equipe de anestesistas. São 15 profissionais altamente especializados. Doris também destaca o importante papel das equipes de enfermagem, especializadas no suporte e acompanhamento de todo o procedimento cirúrgico. “São profissionais muito diferenciados, que dominam toda a rotina de um centro cirúrgico de alta complexidade, como é o nosso”, enfatiza.
Formação de profissionais
Outra grande contribuição que o Pequeno Príncipe dá para o campo das cirurgias em crianças e adolescentes no Brasil é por meio da formação de novos profissionais. Todos os anos, a instituição oferece o Programa de Residência Médica em Cirurgia Pediátrica. E disponibiliza ainda aos profissionais cursos de especialização em: Anestesiologia Pediátrica; Cirurgia Cardíaca Pediátrica; Cirurgia da Coluna Vertebral em Pediatria; Cirurgia Genitourinário, Transplante Renal e Videoendourologia; e Transplante Hepático Pediátrico.
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