Pesquisa busca desenvolver novo tratamento para doença de Parkinson

Projeto propõe desenvolvimento de um nanomedicamento que impede o avanço da enfermidade, melhorando a qualidade de vida dos pacientes

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico do movimento, progressivo e degenerativo, que afeta milhares de pessoas em todo o mundo. Conforme avança, a doença se torna cada vez mais incapacitante, tornando difícil ou impossível a realização de atividades diárias simples, como tomar banho ou vestir-se. Muitos dos sintomas da doença de Parkinson envolvem o controle motor, a capacidade de controlar seus músculos e movimentos. Essas alterações decorrem, principalmente, da morte de neurônios dopaminérgicos.

Estima-se que o custo mundial com medicamentos para essa doença esteja em torno de US$ 11 bilhões, sendo o tratamento cerca de três a quatro vezes mais caro para os pacientes em fase avançada da doença. Os tratamentos existentes são sintomáticos, ou seja, repõem parcialmente a dopamina que está faltando, mas não evitam o progresso da doença. O projeto de pesquisa liderado pela cientista e neurologista Katherine Athayde Teixeira de Carvalho e sua equipe, do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, busca o desenvolvimento de um novo tratamento, capaz de impedir a morte dos neurônios, preservando assim a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo os custos de tratamento.

“As células-tronco têm capacidade regenerativa e potencial de diferenciação. Evidências sugerem que o efeito terapêutico dessas células advém de produtos extracelulares, como os microRNAs. Diante disso, nosso estudo propõe uma terapia baseada em microRNAs. Os microRNAs que não apresentam efeitos tóxicos são incorporados em nanoemulsões e utilizados em testes pré-clínicos. A doença de Parkinson é induzida em ratos, e os animais são tratados por quatro a oito semanas com o nanomedicamento. Assim, espera-se o desenvolvimento de um nanomedicamento seguro para uma proposição futura de estudo clínico”, explica a pesquisadora. A nova terapia será testada por via nasal e endovenosa.

“Teremos três anos para desenvolver o projeto, ao final do qual esperamos contribuir com a oferta de um tratamento mais resolutivo, mais econômico e com resultados de mais qualidade de vida para os pacientes com doença de Parkinson atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, enfatiza a cientista.

Financiamento
A pesquisa foi aprovada no Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão, lançado pelo governo federal em 2020 para incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico nas áreas de genômica e saúde de precisão no âmbito do SUS, além de impulsionar o crescimento da indústria genômica nacional. Para o seu desenvolvimento, recebeu aporte de mais de R$ 3 milhões.

Centro de Processamento Celular
O grupo de pesquisas liderado por Katherine também trabalha num projeto ousado, que pretende implantar no Instituto de Pesquisa um Centro de Processamento Celular para o fornecimento de células-tronco e seus derivados no âmbito de terapia celular inovadora em todo o país. “Este é um sonho que temos, mas que dependerá de muito apoio da sociedade para implementação, devido aos seus altos custos”, frisa a diretora-geral do Instituto, Ety Cristina Forte Carneiro.

Com a implantação do Centro de Processamento Celular será possível isolar e cultivar as células-tronco de diversos tecidos, como adiposo e hematopoiético; fornecer células-tronco para terapias alogênicas e autólogas para o tratamento padrão e já estabelecido para algumas doenças; desenvolver terapias investigativas para doenças sem tratamento,  também chamadas de doenças órfãs; e gerar receitas que mantenham o próprio Centro, além de contribuir com a sustentabilidade econômica do Complexo Pequeno Príncipe.

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