Perfil de contaminados pelo SARS-CoV-2 muda ao longo da pandemia

No início, a maioria dos pacientes com COVID-19 apresentava comorbidades; agora, crianças saudáveis estão se contaminando mais

O número de crianças contaminadas com o coronavírus teve uma explosão em Curitiba a partir do mês de outubro, o que se refletiu nos números de atendimento registrados no Hospital Pequeno Príncipe. Nos primeiros oito meses da pandemia – de março a outubro –, foram atendidos 134 pacientes confirmados com COVID-19. Já nos três seguintes – novembro, dezembro e janeiro –, o número de confirmados foi de 246. Ou seja, a média de casos passou de 16,7 por mês para 82 por mês, um aumento de mais de 400%. Em fevereiro, o número de casos tem apresentado uma leve queda e até o dia 19 foram confirmados 43 casos.

Também houve uma mudança no perfil de pacientes infectados. No início, a maioria dos meninos e meninas com diagnóstico positivo apresentava alguma comorbidade, o que não está sendo registrado nos últimos meses. “Temos visto um aumento significativo de crianças saudáveis contaminadas, o que demonstra que elas estão sendo mais expostas; ou seja, os pais estão cuidando menos”, alerta o vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior.

Ele faz uma observação importante em relação à vacinação. “Como ainda não há estudos que permitam imunizar as crianças, os adultos que convivem com elas têm a obrigação de vacinar-se para protegê-las. É importante também manter as medidas de distanciamento social, higienização constante e correta das mãos e a etiqueta da tosse, pois quem ama, cuida”, enfatiza.

Balanço
Durante o ano de 2020, o Pequeno Príncipe recebeu 1.966 pacientes com suspeita de COVID-19, sendo que 311 tiveram diagnóstico confirmado e, infelizmente, cinco foram a óbito. Dos 311 casos confirmados, 27% necessitaram de internação em enfermaria e cerca de 10% em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Mas para além dos pacientes com COVID-19, o Hospital manteve em 2020 o atendimento nas 32 especialidades que oferece, com destaque para os casos de alta complexidade, que continuaram sendo atendidos normal e integralmente. Ao longo do ano, foram 51.744 atendimentos ambulatoriais, 3.673 teleatendimentos, 12.550 internações e 12.233 cirurgias. Na alta complexidade, destacam-se as 2.987 sessões de quimioterapia, 4.686 sessões de hemodiálise e 244 transplantes, que devolveram a esperança de vida às crianças e aos adolescentes atendidos na instituição.

“Foi um ano de muitos desafios, mas também de muitas oportunidades. Mantivemos os atendimentos de alta complexidade e, com a nossa capacidade de atendimento multidisciplinar, conseguimos oferecer tratamentos qualificados e humanizados para todos os meninos e meninas que necessitaram dos nossos cuidados”, declara a diretora executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro.

Veja mais

Pesquisadores investigam se suscetibilidade à COVID-19 grave pode ser uma nova doença rara

Descobrir os mecanismos genéticos e imunológicos envolvidos na evolução da COVID-19 grave é importante para definir grupos de risco e identificar novos alvos terapêuticos, orientando o desenvolvimento de estratégias de tratamento e novos medicamentos


Pequeno Príncipe celebra a realização de 15 transplantes hepáticos durante o ano da pandemia

Referência nesse tipo de procedimento, a instituição transforma a vida de várias crianças e suas famílias


Outras edições