Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) foram priorizados. Estão sendo oferecidas consultas em 13 especialidades
Se por um lado a pandemia do coronavírus trouxe inúmeros desafios e sofrimentos para a sociedade, também acelerou alguns processos benéficos para a população, entre eles o uso da tecnologia na saúde. O Hospital Pequeno Príncipe, atento às necessidades de seus pacientes e familiares, avançou em várias frentes nesse sentido. Um desses avanços é o Serviço de Telessaúde, que iniciou os trabalhos oficialmente na instituição no dia 12 de fevereiro. Com o suporte da plataforma Global Health, médicos de 13 especialidades passaram a atender os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a distância, com metodologia e práticas que garantem toda a segurança necessária para este momento. “Começamos pela parcela da população que mais necessita de acesso à saúde. É nossa responsabilidade democratizar o acesso à telemedicina, bem como entender suas aplicações, visando à segurança do paciente e à integralidade de seu cuidado”, reforça o diretor técnico da instituição, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, ao explicar a escolha pelos pacientes do SUS para início do trabalho.
De fato, os pacientes do SUS foram os mais impactados pela pandemia. “Acompanhamentos regulares de pacientes com doenças crônicas sofreram forte impacto durante esse período, como resultado da dificuldade de acesso e restrição a consultas presenciais. O que por sua vez acarretou dificuldade de prevenção de piora clínica e um controle menos rigoroso desses pacientes. Adicionalmente, aqueles que adoecem de outras enfermidades que não a COVID-19 têm igual dificuldade ao acesso a serviços de saúde, com importante retardo no diagnóstico de doenças graves”, revela a médica que coordena o Serviço, Rafaela Wagner.
“Ouvimos o relato de diversos pacientes do SUS que não estão mais conseguindo chegar até o Hospital. Seja porque o transporte não está mais sendo oferecido, seja pela suspensão temporária das consultas presenciais por determinação das autoridades de saúde. Essa população precisava com urgência de uma atenção nesse sentido”, enfatiza Rafaela.
Segundo ela, a plataforma adotada para as consultas oferece algumas condições que são essenciais para a prática correta e segura da telemedicina, como uma boa qualidade de som e imagem, o sigilo a que o paciente tem direito na consulta e no compartilhamento de dados, e a prescrição segura dos medicamentos necessários.
Entre o dia 12 de fevereiro e 30 de abril, foram realizadas 370 consultas de telemedicina (veja as especialidades no box abaixo). Os números demonstram a boa aceitação da nova prática, tanto por médicos como pelas crianças e os adolescentes e seus familiares. “Os próprios médicos indicam quais pacientes podem ser atendidos por meio da telemedicina e quais continuam necessitando de consulta presencial. Com esse poder de decisão, o médico se sente seguro e transmite segurança também para os pacientes”, explica a enfermeira do Serviço de Telessaúde, Deyse Anne Barbosa de Paulo. Para o paciente ser atendido dessa forma, precisa ter um celular com câmera e acesso à internet. “Imaginávamos que teríamos mais dificuldade nesse sentido, mas os pacientes que não têm acesso à internet estão recorrendo a outros familiares, vizinhos e até mesmo aos postos de saúde de suas cidades, e com isso estão conseguindo uma boa conexão para realizar as consultas”, relata a enfermeira.
No mês de maio, a prática da telemedicina passou a ser oferecida de forma piloto também para pacientes atendidos na modalidade particular.
Acolhimento, mesmo a distância
A ortopedista Ana Carolina Pauleto é uma das médicas que está atendendo por telemedicina no Pequeno Príncipe e que relata uma excelente experiência com a nova ferramenta. “Em geral, os pacientes estão se mostrando muito agradecidos por estarmos viabilizando o atendimento em tempos de pandemia. Eles se sentem acolhidos, mesmo a distância”, afirma. A médica conta que uma das famílias que ela atende tem filhos gêmeos com paralisia cerebral. “Eles são adolescentes, estão grandes e a locomoção para o Hospital é sempre difícil. Com a consulta por vídeo, eu consegui esclarecer todas as dúvidas que a mãe deles tinha, sem a necessidade de ela se deslocar”, exemplifica.
As consultas da ortopedista acabam sendo até mais longas do que as presenciais. “Eu converso bastante, para eles se sentirem bem atendidos. Consigo pedir para os pais mostrarem os movimentos que preciso avaliar. E quando sinto necessidade de uma consulta presencial, oriento a família nesse sentido. Às vezes, o paciente precisa apenas de um documento para liberar uma órtese ou prótese. São diferentes situações, mas estamos conseguindo acolher essas famílias”, destaca.
O neurologista Daniel Almeida do Valle também integra o time de médicos da telemedicina. Ele conta que com a tecnologia foi possível retomar o contato com pacientes que estavam há dois anos sem acompanhamento. “Como somos um centro de referência, atendemos muitos pacientes de outras cidades e até de outros estados. São crianças e adolescentes que tinham dificuldade para retornar presencialmente, especialmente a partir do início da pandemia, e que conseguimos resgatar com a telemedicina”, ressalta.
Valle diz acreditar que a telemedicina veio para ficar. “Esta tecnologia facilitou muito o acesso dos pacientes ao atendimento. Ela não substitui a consulta presencial, que continua sendo necessária em muitas situações. Mas em alguns casos, mostra-se muito eficiente, contribuindo para facilitar o acesso, reduzir deslocamentos, diminuir o tempo de espera e vários outros custos”, analisa.
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