Pesquisa mostra que COVID-19 pode afetar a placenta de grávidas, prejudicando bebês

O comprometimento do órgão, responsável por levar oxigênio e nutrientes para o feto, pode provocar partos prematuros e até mesmo óbitos

Um estudo desenvolvido por cientistas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em parceria com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, concluiu que a COVID-19 pode comprometer a placenta de gestantes, provocando partos prematuros e até mesmo a morte intrauterina. O estudo foi publicado no periódico Frontiers in Immunology, revista científica referência mundial em imunologia.

Os cientistas compararam a placenta de 19 mães com diagnóstico de COVID-19 (oriundas do Hospital Nossa Senhora das Graças – HNSG) à de 19 mães saudáveis (oriundas da Universidade Federal do Paraná – UFPR). O estudo seguiu o pareamento (idade materna, idade gestacional e comorbidades entre os dois grupos). As gestantes do grupo COVID-19 foram atendidas no Hospital Nossa Senhora das Graças, e as do grupo controle, no Hospital de Clínicas (HC), ambos em Curitiba, com consentimento das pacientes e aprovação do Comitê de Ética das instituições.

“Ao comparar as placentas de mães com COVID-19 às de mães saudáveis, percebemos que as contaminadas pelo SARS-CoV-2 tinham maior propensão a mostrar características de má perfusão vascular devido à trombose placentária, materna e fetal”, explica o cientista e professor Cleber Machado de Souza, que integra o grupo de pesquisadores desse estudo.

“A placenta é o pulmão do bebê. É por onde o bebê respira e recebe nutrientes, por meio dos vasos da mãe. Se a COVID-19 afeta os vasos da mãe, o bebê passa a não receber nutrientes nem oxigênio”, frisa a professora e pesquisadora da PUCPR Lúcia de Noronha. Nesse sentido, foram verificadas consequências para os bebês, como morte intrauterina, óbito logo após o nascimento e partos prematuros. Alguns recém-nascidos também precisaram ser hospitalizados por terem sido infectados com o vírus.

As pacientes com forma leve da doença, porém, deram à luz bebês saudáveis e suas placentas não apresentaram lesões decorrentes da infecção pelo SARS-CoV-2.

Prevenção é fundamental
O professor Souza defende que a prevenção ainda é a melhor saída para as grávidas não se contaminarem com a COVID-19, uma vez que, até o momento, não há terapias específicas comprovadamente eficazes para o tratamento da doença.

“Em algumas situações, os obstetras preferem induzir o parto prematuro para retirar o bebê e evitar que ele morra no útero. Mesmo assim, algumas crianças pegaram coronavírus das mães, pois a doença pode ser transmitida por meio da placenta. Bebês recém-nascidos com COVID-19 podem desenvolver a forma grave da doença, indo a óbito”, pontua Lúcia.

Próximos passos
Segundo Souza, a pesquisa terá continuidade, avaliando agora os aspectos genéticos envolvidos. “Queremos entender por que algumas mulheres apresentam maior propensão a desenvolverem a trombose enquanto outras não. Vamos extrair o DNA dessas 38 placentas [19 de mães com COVID-19 e 19 de mães saudáveis] e realizar o processo de genotipagem de genes associados com o evento da trombose. Essa abordagem procura encontrar marcadores genéticos associados a maior risco e assim permitiria uma identificação precoce de pacientes mais suscetíveis ao pior desfecho trombótico na gravidez. E isso poderia, no futuro, ajudar a estabelecer condutas mais seguras na condução de gestações associadas à COVID-19”, realça.

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