Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe completa 15 anos

Instituição busca novos tratamentos e métodos de diagnóstico de doenças complexas para contribuir com a redução da mortalidade infantojuvenil

Teste com uma única gotinha de sangue para detectar precocemente um câncer infantil que apresenta altos índices de mortalidade; novo método para realização de exame com custo significativamente menor para o diagnóstico de leucemias; investigação sobre a pré-disposição genética à infecção pelo coronavírus (COVID-19); desenvolvimento de um pulmão artificial 3D para teste de medicamentos para a COVID-19; análise da prevalência das imunodeficiências primárias em crianças internadas nas UTIs do Pequeno Príncipe; investigação e diagnóstico de transtornos de déficit de atenção e hiperatividade em crianças da rede municipal de educação de Curitiba. Estes são alguns dos temas investigados pelos cientistas do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, que completa 15 anos de atuação neste mês de abril.   

“São 15 anos de valorização da ciência. A criação do Instituto foi mais um passo ousado da nossa organização: propor-se a fazer pesquisa de base no Brasil, sem nenhum apoio financeiro, há 15 anos, quando a ciência não recebia a atenção e a valorização trazida pela pandemia do coronavírus. Fomos visionários porque acreditamos na ciência, no potencial dos cientistas brasileiros, e na inovação para enfrentar os desafios com os quais a medicina ainda se depara”, enfatiza a diretora-geral do Instituto de Pesquisa, Ety Cristina Forte Carneiro.

Ela explica que o Pequeno Príncipe decidiu investir na área porque “a ciência é importantíssima para novas descobertas e inovações, e imprescindível para nortear políticas públicas, gerar aplicações de valor comercial, e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Além, é claro, de buscar novas formas de diagnóstico e tratamento. Traz também impactos importantes, como o avanço do conhecimento, a formação de profissionais de alto nível e a produção de inovação”, considera.

Segundo Ety, o desafio de fazer pesquisas científicas no Brasil é grande. Um dos fatores para isso é a falta de investimentos no campo da ciência. A média mundial de investimento em pesquisa e desenvolvimento como parte do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é de 2,22%. No Brasil, a média é de 1,26%. Para a diretora-geral do Instituto de Pesquisa, o momento atual de pandemia do coronavírus mostra a importância dos estudos científicos. “Hoje, mais do que nunca, dependemos da ciência para encontrar uma saída para esta grande crise provocada pela pandemia”, ressalta.

O Instituto atua a partir de sete linhas de pesquisa (veja box abaixo) e, em 2020, contou com 19 pesquisadores principais e 110 alunos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Esta grande equipe se dedicou a mais de cem projetos, com destaque para 13 pesquisas voltadas ao coronavírus.

As sete linhas de pesquisa
Doenças complexas e oncogenética
Estudos epidemiológicos, clínicos e educacionais
Imaginologia, proteção radiológica e radioterapia
Medicina molecular e bioinformática
Microbiologia e doenças infecciosas
Neurociências
Terapia celular e farmacológica

Programa de mestrado e doutorado
Outra grande contribuição do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe é com a formação de profissionais especializados em pediatria, por meio do Programa de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescente, desenvolvido em parceria com a Faculdades Pequeno Príncipe. Desde a sua implantação, o Instituto já formou 86 mestres e 42 doutores. “Temos hoje no Brasil 13 cursos de mestrado e nove de doutorado na área de pediatria, o que representa um número inferior ao que havia no final da década de 1990. O número de cursos é pequeno para um país continental, com cerca de 60 milhões de pessoas abaixo de 18 anos, com grandes proporções e variações geográficas nos tipos e incidências das doenças da criança”, contextualiza o diretor científico do Instituto de Pesquisa, Bonald Cavalcante de Figueiredo.

Ele ressalta, ainda, que o programa de mestrado e doutorado, ofertado a partir de 2007, é o único no Brasil com interface entre a biotecnologia e a pediatria. “Isto nos permite desenvolver ferramentas com inovações no diagnóstico e no tratamento, incluindo todas as áreas do conhecimento”, observa.

Pesquisas sobre a COVID-19
Os estudos sobre o coronavírus (SARS-CoV-2) estão na pauta do Instituto de Pesquisa. Um exemplo é o trabalho desenvolvido em parceria entre pesquisadores da unidade do Pequeno Príncipe, do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Juntos, eles estão desenvolvendo anticorpos contra o coronavírus. O estudo imuniza cavalos para a produção de anticorpos anti-SARS-CoV-2 que serão extraídos do plasma desses animais, depois modificados e purificados em laboratório, tornando-se um tratamento para os doentes graves de COVID-19, enquanto as vacinas não chegam a todos.

Outra pesquisa é a que estuda a predisposição genética a infecções pelo coronavírus, que integra o projeto mundial “COVID Human Genetic Effort”. A iniciativa busca entender por que alguns pacientes que não são do grupo de risco desenvolvem formas graves da doença. Ao descobrir os mecanismos genéticos e imunológicos envolvidos na evolução da COVID-19 grave é possível, por exemplo, identificar novos alvos terapêuticos para o desenvolvimento de estratégias e medicamentos mais efetivos para enfrentar a doença.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa também estão conduzindo um projeto no qual avaliam as manifestações neurológicas e neurocognitivas em crianças e adolescentes com a COVID-19 atendidos pelo Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe. Há, ainda, um estudo clínico que propõe o uso de células-tronco no tratamento de meninos e meninas de 3 a 17 anos que apresentam quadro grave da doença.

Importantes incentivadores
Se hoje o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe colhe os frutos de um trabalho que beneficia milhares de crianças e adolescentes de todo o Brasil, é porque 15 anos atrás o Complexo Pequeno Príncipe ousou sonhar com fazer ciência no país. Para isso, a instituição contou com o apoio de grandes incentivadores, como o médico Nilson Santos (em memória) e a pesquisadora Mara Lúcia Cordeiro – hoje diretora de Relações Institucionais da unidade de pesquisa –, responsáveis pela aproximação do Pequeno Príncipe com Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Ao emprestar seu nome ao Instituto de Pesquisa, Pelé tem marcado um verdadeiro gol de placa no que se refere à causa da saúde infantojuvenil.

Conheça o manifesto do Pequeno Príncipe pela ciência.

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