Um hospital educador

Pequeno Príncipe cria oportunidades de aprendizagem para todos os seus públicos, em todos os lugares, de todas as maneiras

Imagine uma escola onde não há salas de aula, nem horário fixo, nem lousa. O professor vai até o aluno, seja no corredor, na pracinha ou até mesmo no leito. E a aula começa sempre por aquele assunto que o aluno está disposto a conversar e descobrir. Não é uma escola comum. É o Hospital Pequeno Príncipe – um hospital educador, que cria oportunidades de aprendizagem para todos os seus públicos, em todos os lugares, de todas as maneiras.

Desde a década de 1980, de forma pioneira, o Pequeno Príncipe oferece acesso à educação aos pacientes em tratamento, promovendo assim a garantia de mais um direito das crianças e adolescentes: o direito à educação.  Além de pioneiro, o programa está sistematizado, é replicável e complementar à política pública.

Todos os anos, ocorrem cerca de seis mil aulas para crianças e adolescentes em tratamento prolongado no Hospital. Desta forma, enquanto cuidam da saúde, os pacientes mantêm o vínculo com suas escolas de origem, dando continuidade aos estudos.

Esse trabalho é coordenado pelo Setor de Educação e Cultura do Hospital. Além de colaboradores próprios, convênios com as secretarias municipal e estadual de Educação viabilizam a presença de professores que fazem a tutoria dos alunos. Em 2017, o setor contou com 21 professores, pedagogos e educadores. E a taxa de aprovação escolar das crianças que passaram pelo serviço foi de 80%.

A maior parte desses alunos são pacientes crônicos, que necessitam de internações por longo período. São crianças e adolescentes da Hematologia, que necessitam de hemodiálise, em tratamentos ortopédicos complexos ou que aguardam por algum transplante, por exemplo.

Os professores fazem contato com a escola de origem dos pacientes para dar continuidade aos conteúdos que estavam sendo trabalhados na escola. As aulas são individualizadas e o desafio de conciliar as diferenças de origem, conhecimento e expectativa, se transformam em grandes oportunidades de inovar. “Cada pessoa é única, mas quando falamos em educação, isso se torna ainda mais evidente. Nós trabalhamos com o objetivo de valorizar as necessidades, potencialidades, dificuldades e desejos de cada um”, destaca o psicólogo e coordenador do Setor de Educação e Cultura, Claudio Teixeira.

Banquete cultural

Por meio de várias parcerias com o poder público, empresas e produtores culturais, o Pequeno Príncipe também proporciona aos pacientes internados, seus familiares e todos os colaboradores da instituição o acesso a diversas linguagens artísticas.

Um cardápio cultural fica espalhado pelos corredores da instituição, com uma vasta programação que inclui apresentações de música, teatro, dança, oficinas de arte, fotografia, pintura, jardinagem, contação de histórias e uma infinidade de outras manifestações culturais. Para completar esse banquete cultural, uma biblioteca, localizada no 5.º andar, implantada com apoio da marca de alta relojoaria suíça IWC Schaffhausen e da Fundação Antoine de Saint-Exupéry, bem como carrinhos itinerantes, disponibilizam livros a todos.

Um direito das crianças do Brasil

O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) - reafirma o direito à educação de todas as crianças e adolescentes, e enfatiza o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Em 2008, o Ministério da Educação (MEC) lançou o documento “Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva”, que orienta os sistemas de ensino na superação de barreiras e cita a educação em hospitais.

No Brasil, existem aproximadamente 6.750 estabelecimentos hospitalares, porém, apenas 156 contam com oferta de atendimento educacional (professora Eneida Fonseca, 2015).

Desde 1935, o Pequeno Príncipe desenvolve ações de ensino para colaboradores, profissionais de saúde, crianças hospitalizadas e seus familiares.

Para além do desafio do tratamento e de superar a doença, é preciso garantir o direito à educação, com dignidade e respeito, contribuindo para o desenvolvimento do cidadão, bem como minimizando a frequente frustração de não conseguir acompanhar sua classe escolar e uma possível reprovação.

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